XXXVIII - Paraíso real

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À MEDIDA QUE o sol se afundava lentamente no horizonte, Jimin se sentiu mais conformado com sua situação. Não eram mais dezesseis horas, e Namjoon não tinha aparecido como o prometido. Será que ele sabia que o esperaria como um cachorro esperava o dono? Os minutos passavam e continuava ali no terraço na esperança de um carro de luxo subir as ruas do seu humilde bairro.

Aproveita para compartilhar sua solidão assistindo ao crepúsculo, o céu tingido de tonalidades suaves e etéreas, parecia um quadro mágico pintado com pinceladas de rosa, laranja e roxo. O ar gélido continuava, mas pelo menos não estava ventando. Era um dia comum, as pessoas viviam sua vida e algumas paravam para admirar o crepúsculo. Apesar da beleza encantadora, não era tão saudável perder em uma imensidão por tanto tempo.

Sentir a própria existência nua e crua nem sempre trazia alegria.

Estava tão absorvido em seus pensamentos que quase não percebeu o farol alto que cresceu no fim da rua, subindo devagar o carro de luxo Lexus preto. Namjoon tinha um ótimo gosto inegável, mas atrás o seguia um carro alto que aos poucos Jimin percebeu ser um carro forte. O que está havendo? Seria mandado para a prisão?

Por fim girou nos calcanhares e saiu do terraço. Estava entre a ansiedade e o medo, sentia que teria um treco em algum momento. Havia passado o dia todo pensando naquele momento e o que Namjoon teria há dizer, ou ofertaria para ser convencido, e depois de horas eles se encontravam. Era sua única esperança. Precisava de Namjoon, ou sua vida já era.

Com os braços tremendo tenta se segurar no corrimão das escadas.

Era o último degrau? Anda em direção a rua vazia e quase os dentes batem de ansiedade. Estava tão nervoso assim?

A porta do Lexus se abre e Namjoon desce, não havia notado Jimin e a primeira coisa que fez foi levar a mão ao quadril e protestar alguma coisa. O carro forte parou um pouco depois, e ninguém desceu e nem desligou o motor.

Jimin se aproximou o bastante para ser notado.

— Namjoon?

Ele olha para o ruivo fixamente, tentando entender como sabia que estavam ali.

— Park Jimin... — ajeita a postura e suspira, esfregando um dos olhos cansados — Apenas me agradeça. Eu já estou de saída.

— Agradecer? Não. Eu não tenho nada a agradecer. Vamos conversar aqui fora? — olha ao redor, e então para o carro forte — O que é isso? Tem um batalhão ai dentro pronto para me por em uma cela ou desaparecer comigo?

— Você não me interessa tanto assim.

Jimin ri curto.

— Mas ainda não me disse porque tem um carro forte no meu bairro, se eles ficarem mais dez minutos aqui, vão pensar que estou envolvido com algo ilícito.

— E você está.

— Não, eu ainda quero viver um pouco mais.

— Por que só um pouco?

— O tempo de apreciar a vida não precisa ser muito longo quando estamos sozinhos.

Namjoon pisca devagar e deixa mais uma vez um suspiro escapar.

— Mas aposto que ainda tem muito a viver ainda.

— Não sei não. Por que não descobrimos agora? Se me der uma resposta sobre Jungkook, e se for uma resposta boa, acho que viverei bastante.

— É algum tipo de jogo psicológico? Acredite, não funciona comigo.

— Não! — diz depressa — É a pura verdade.

ANPANMAN - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora