Quatro comprometidas e uma solteira

15 2 68
                                    

Jeongyeon

Após o anúncio, uma música lenta começou a tocar nos auto falantes. Ao nosso redor, alguns alunos pediam para dançar com outros, enquanto os pais conversavam nas mesas e bebiam.

- Você aceitaria? - Nayeon ajoelhava-se na minha frente e estendia sua mão para que eu a pegasse.

- Eu até poderia... - eu comecei -Mas eu não sei dançar; não desse jeito.

- Nem eu. Mas a Jihyo não disse pra gente se divertir? Se tiver que ser Macarena, vai ser Macarena. A única coisa que eu quero agora é dançar com voce, Jeongie.

- Você tem razão. Mas fique sabendo que eu não vou dançar Macarena; não aqui, na frente de todo mundo.

- A gente pode tentar uma valsa ou algo assim - ela agarrou minha mão e levantou-a no ar, nossos dedos ainda entrelacados.

- Eu acho que também tem algo assim - agarro a outra mão dela com a minha outra mão como ela havia feito e deixo sua mão na minha cintura, então posiciono a minha na dela.

- E agora?

- Eu acho que é só rodar - observo os outros casais e tento (falhando miseravelmente) imitá-los.

Como resultado, nós viramos a atração principal do evento; duas adolescentes rodopiando descontroladamente ao redor uma da outra, esbarrando e empurrando o que quer que vissem pela frente.

Graças à nós, a música no fundo passou de lenta para animada, assim como o ânimo dos alunos. E não só dos alunos; todos os pais, tios, primos e avós presentes começaram a dançar. Nenhum deles se preocupava com coreografias ou qualquer constrangimento.

Estava tudo perfeito.

Todos ao redor haviam desaparecido ao meu olhar. Para mim, éramos só nós duas, dançando e sendo felizes. As mãos macias de Nayeon tocando meu rosto enquanto continuávamos girando, nossos cabelos livres ao vento, como se realmente estivéssemos na floresta mais bela e mágica de todas.

Não importava que ambas estivéssemos tontas, e quase caindo. Seguramos as mãos uma da outra, e concentramos toda a nossa força em manter a outra de pé.

Dahyun

Enquanto aquelas duas lunáticas rodopiavam, eu e Momoring aproveitávamos a rara e deliciosa bebida de graça.

- Amor, você acha que o Pinóquio usa dentadura?

- Ele foi engolido não foi? Quem precisa de dentadura na barriga de uma baleia?

- Você quer mais dessa bebida roxa esquisita?

- Por que não? - cada uma de nós virou um pequeno vidro contendo a estranha bebida, que a propósito tinha cheiro e gosto de grama.

- Eu não acho que a gente deveria estar bebendo tanto assim.

- Que isso, Momoring. Só se vive uma vez! Aliás... - agarro sua cintura, a abraço, e a envolvo num beijo apaixonado.

O beijo não durou muito, mas eu fiz questão de aproveitar cada segundo. O relógio marcava 21:29, que era também por coincidência, o nome de um dos projetos que compusemos semestre passado.A sensação era de como um véu gigante nos cobrisse com amor e ternura. Dava para sentir meu sangue correndo pelo meu corpo, de um lugar para o outro, como se estivesse perdido.

- EU TE AMO, KIM DAHUN! - Momo gritou quando nossos lábios se separaram.

- Eu tambem, Momoring! Você é... - nesse momento percebemos a diretora bem ao nosso lado.

- Você viu tudo? - nossas bochechas assumiram um tom rosado enquanto sorríamos, envergonhadas.

- Mais do que eu gostaria. Aliás vocês beberam muito, não foi? - sua feição mais brava, mas ainda como uma brincadeira - Bem, agora vocês já beberam. Tratem apenas de ficar na mesa de vocês, e sem beber nada alcoólico.

- Como a senhora quiser, diretora.

- E mais uma coisa; nada de barbaridades na minha empresa, muito menos hoje à noite! - nós não nos aguentamos e começamos a rir.

Pelo visto a nossa reação foi o bastante para convencê-la que não ousaríamos cometer tais "barbaridades", pois logo ela se virou e foi cumprimentar outra família.

Como Jihyo havia pedido, fomos para a mesa, envergonhadas. Mina nos esperava, lendo um livro de romance do qual ela não se separava desde que começou a ler.

- Onde vocês estavam? E por que vocês estão cambaleando tanto? Não me digam...

- Sim, nós bebemos.

- E dá pra perceber que não foi pouco.

- Nem foi tanto assim...

- Dá pra sentir o cheiro daqui. - ela tampou o nariz e abanou as maos, como que para espantar o cheiro. - Se a cerimônia não fosse daqui a pouco eu mandaria vocês duas direto pro chuveiro.

- Minari, quando foi que você pintou o cabelo de verde?

- Verde? Ele tá preto como sempre - Mina pegou uma mecha de seu cabelo pra conferir - Eita, agora além de cambaleando e cheirando a álcool vocês também estão alucinando.

- Alucinando? Palavra legal. Parece o meu tio Lucindo. - nós duas explodimos em risadas; nada parecia fazer sentido, mas nós ríamos mesmo assim. Era divertido.

- Eu não tô aguentando vocês duas. Tomem conta da mesa até eu voltar. - Mina agarrou seu livro e correu até as portas do ginásio.

- Ei, aquilo ali é um tucano? - Momoring apontou pra um dos galhos de uma das árvores falsas.

- Claro que não! Você não tá vendo os espinhos? É óbvio que é um ouriço! - novamente explodimos em risadas, mas dessa vez elas pareciam vir com ainda mais força.

Nós ríamos vendo nós mesmas rindo, e só conseguíamos parar para respirar de vez em quando. Parecíamos duas idiotas, mas sinceramente, ali ninguém estava ligando pra muita coisa; nós menos ainda.

Mina

Eu gosto muito daquelas duas, mas eu estava feliz de ficar sozinha, sem duas lunáticas rindo do meu lado.

Ainda com meu livro nos braços, abri a porta da escada de incêndio e me sentei num dos degraus. Como o ginásio tinha isolamento acústico, mal dava para ouvir qualquer coisa daquele circo de casais felizes, música pop e pessoas gritando.

Finalmente paz. Abri meu livro onde o marcador indicava que eu havia parado e...

Um barulho.

"Deve ser só o vento", pensei.

Uma tossida.

Que eu saiba, o vento não costuma tossir.

...

E

aí? O que acharam do nono capítulo?

Não se esqueçam de votar na história <3

Espero que vocês tenham gostado, feliz ano novo atrasado, e até o próximo capítulo 🌟♥️.

Qᥙeeᥒ᥉ oƒ Ꮒeᥲɾt᥉  ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora