Alfonso
E mais uma noite, enquanto Anahí dormia o sono dos justos, lá estava eu andando pela casa. E como eu sabia que ela dormia tranquilamente? Eu entrei em seu quarto para checar.
Me senti verdadeiramente mal ao ver que eu havia lhe machucado, mas eu perco o controle e a sanidade quando se trata dessa mulher, porque o prazer que ela me proporciona é na mesma proporção da raiva que ela me causa.
Naquela noite, após me revirar por horas na cama, consegui dormir pouco, tive que acordar cedo e mandei providenciarem roupas para que Anahí tivesse o closet abastecido aqui, tomei um ducha e me preparei para começar a semana, assim que Taylor chegou com as sacolas, deixei as mesmas pessoalmente no quarto dela e não me contive, me aproximei e cheirei seus cabelos que caiam em cascata sobre o travesseiro, o cheiro era uma delícia assim como ela, tentei acorda-la, mas não consegui, então comecei a tossir e funcionou.
Depois de mais uma onda de discussões, consegui convencê-la a ir a empresa comigo, havia agendado um horário para irmos em um laboratório de confiança realizarmos exames, além de ter marcado horário com uma ginecologista para que Anahí inicie o método contraceptivo devido, claro que não disse para que gostaria que ela me acompanhasse, afinal iriamos começar outra briga.
Tomamos café da manhã juntos e observei o quão pouco ela come, incentivei para que comesse mais, mas não funcionou, me peguei pensando se em algum momento ela teria passado necessidade a ponto de não ter o que comer e por isso começou a se prostituir, mas logo dispensei os pensamentos e avisei que precisávamos ir, fomos chamar o elevador, pedi que Taylor deixasse o carro preparado, iria dirigir hoje, mas assim que o elevador chegou, fui surpreendido por uma Perla dentro dele.
- Perla, o que faz aqui? – perguntei assim que vi a mesma
- Bom, eu estava correndo no parque como ontem quando nos esbarramos e pensei, por que não fazer uma visita? – sorriu - Percebi que ainda tenho autorização para subir como nos velhos tempos e aqui estou. Atrapalho? – questionou
- Bem... – Cocei a nuca
Não esperava pelo que viria a seguir, mas diferente de mim que fiquei sem saber o que responder para uma quase ex-namorada, Anahí tinha a resposta pronta na ponta da língua.
- É que nós já estávamos de saída – respondeu– não é querido? – disse me puxando para dentro do elevador – estamos um pouco atrasados hoje
- Perla, essa é Anahí, minha namorada – disse enquanto Anahí apertava freneticamente o botão do térreo – Anahí, essa é uma amiga – falei sentindo meu rosto gelado
- É um prazer, Anahí. – Perla respondeu seca e eu vi Anahí apenas assentir
O elevador demorou o dobro para fazer sua descida, Perla a todo momento me olhava e conhecendo como eu a conhecia, ela queria que eu dissesse algo referente ao comportamento de Anahí, que eu a repreendesse, o que não aconteceria e eu também deixava claro no olhar.
Assim que o elevador chegou ao térreo, não falei nada apenas esperando que ela saísse do mesmo, mas não foi o que aconteceu e Anahí novamente perdeu a paciência, era notável pelo tom de sua voz.
- Perla, não é? – Anahí falou como se não soubesse o nome dela – É sempre de bom tom questionar se a sua presença será bem-vinda naquele dia, horário e ano antes de aparecer na casa das pessoas às 07h da manhã, de toda forma, foi um prazer conhecê-la, agora precisamos ir – disse segurando a porta do elevador para que ela pudesse sair
- Claro. Erro meu! Alfonso, vamos combinar aquele jantar que conversamos ontem – disse sorrindo e apoiando a mão sobre o meu peito. Foi ótimo revê-lo, vê se não some – Perla me deu um beijo no rosto enquanto e saiu do elevador.
O elevador desceu dois andares até chegar no subsolo, assim que as portas se abriram, Anahí seguiu em direção onde Taylor estava, cumprimentou o mesmo com um aceno e ia entrar no carro de costume
- Senhorita, hoje o Sr. Herrera irá dirigir – informou – o carro que vão usar será aquele ali – apontou
- Oh – vi ela responder – obrigada, Taylor. Tenha um bom dia!
Anahí caminhou até o carro e adentrou o mesmo, batendo a porta com força, enquanto ela estava no carro dei ordens para que Taylor jamais deixei o episódio com Perla acontecer novamente.
Voltei ao carro e dei partida em direção a HE, o pouco humor que eu tinha garantido já havia se esvaído e eu ainda tinha um Anahí emburrada ao meu lado e que não parava de bufar
- O que foi, Anahí? – questionei ao pararmos em um engarrafamento
- Não disse nada – respondeu
- Justamente. Tem algo que queira me dizer? Algo que vá fazer você parar de bufar? – perguntei voltando a dirigir
- Nada além do que você já não saiba. – respondeu e encarou a cidade pela janela do carro
O restante do trajeto foi feito em silencio, senti que ela diria que o incomodo dela era em razão da presença repentina de Perla, mas pelo que conheci de Anahí até o momento, ela não era o tipo de mulher que se importava com essas questões.
Assim que chegamos na HE, fomos direto para a sala, durante todo o trajeto repousei minha mão em sua cintura a fim de afirmar para quem visse que estávamos juntos, ao adentrar a sala, ele já estava por lá
- Bom dia queridos – falou jogando uma bolinha para cima – Anahí, você segue belíssima – levantou-se e deu um beijinho no rosto dela que sorriu
- Ian, você também, cada dia mais bonito. - Simulei uma tosse a fim de que parassem com aquilo
- Você também é bonito, Alfonso, não tanto quanto ela, Anahí é como colírio para os olhos de qualquer um – disse sorrindo para ela
- Ian, por que não da o fora daqui? – questionei – não tem nenhum trabalho pra fazer?
- Na realidade, tenho uma reunião em alguns minutos, só vim checar – falou – estou indo para a minha reunião. Anahí, vamos sair pra tomar algo qualquer dia desses, vou te mandar mensagem! – fechou a porta e saiu da sala
- Dois idiotas! – pensei alto
- Como é? – perguntou
- Nada. – respondi sem paciência – fique a vontade, Anahí. Eu vou resolver algumas pendencias e logo conversamos. Caso queira água, café ou algo para comer é só pedir a Nina.
- Ok.
Respondi diversos e-mails aquela manhã, fiz duas conferências online, fiz alguns contatos telefônicos e por volta das 11h, conclui tudo que era necessário, olhei para o lado e vi uma Anahí concentrada, lendo uma revista de economia.
- Ei – chamei e ela levantou o olhar – precisamos ir ao laboratório agora – respondi pegando carteira e celular em cima da mesa
- Por que me trouxe aqui, Alfonso? Não era mais fácil eu só ter ido ao seu encontro – questionou pegando a bolsa e levantando-se
- Porque a chances de você criar caso e se recusar já estando aqui são menores – falei simples.
Fomo durante todo o trajeto em silencio, não havia nada a ser dito por mim e tão pouco por ela. Assim que chegamos ao laboratório não precisamos esperar, Alfonso cuidava dos investimentos do dono do local e tinha o melhor tratamento e descrição possível, o exame foi realizado de forma rápida e ficaria pronto em 24h.
Após saírem do laboratório, Alfonso dirigiu até o consultório da ginecologista, esperou que Anahí reclamasse, mas não houve nenhum rompante, novamente não foi necessário esperar, Anahí fez sua consulta e Alfonso esperou calmamente.
- Como foi? – questionei quando Anahí saiu de lá
- Normal – respondeu seca e passou a receita contendo o anticoncepcional indicado.
- Injeção? – perguntei e ela assentiu – pedirei para irem aplicar quando chegarmos em cas...
- Alfonso... – interrompeu – eu gostaria, por favor de ir para a minha casa – pediu
- Anahí, eu gostaria de conversar com você sobre isso – falei sem tirar a atenção da direção
- Não há o que ser conversado, ajustamos os detalhes através do contrato que você tanto fez questão, não vejo necessidade de estar ao seu lado 24 horas por dia. Você tem suas coisas pra fazer, seu trabalho, seus amigos, nós sequer gostamos da companhia um do outro, é melhor para nós dois que seja dessa forma – falou sem parar
- Anahí, quem me garante que você não vai sair por aí fazendo programas? – Questionei – quem me garante que você vai cumprir com o acordado?
- Minha palavra é tudo que eu posso te dar, Alfonso.
- E como faremos para conversar? – perguntei
- Nós não conversamos, não tem o que falar. Na quarta feira você pede ao Taylor para me buscar, conforme combinado e eu estarei na sua casa, na sexta a mesma coisa, três vezes na semana, assim como estipulado no contrato – falou séria
- Se é o que você quer, Anahí – respondi insatisfeito – eu posso pelo menos te levar na sua casa? – questionei
- Não há necessidade, mas obrigada. Eu fico aqui e chamo um táxi.
Atendendo ao pedido dela, parei o carro e ela saiu do mesmo sem olhar para trás.