Capítulo 10

57 6 23
                                    

Levanto, me sentando na cama ainda assustada, meu coração bate freneticamente enquanto meus dedos apertam com força a coberta. Concentro meu foco na respiração, procurando me acalmar, aos poucos relaxo e por fim reparo onde me encontro.

Olho em volta do pequeno quarto, as cortinas vermelhas que separam a varanda do quarto balançavam freneticamente com o vento e o pequeno abajur sobre a pequena cômoda ao lado da cama iluminava o quarto de madeira.

Eu lembrava de ter adormecido lendo na cadeira, numa sala, então como havia chegado ali?

Pergunta burra. Óbvio que alguém me levou até ali.

Cruzo os braços sobre meus joelhos, suspirando, sinto um formigamento em minha mão direita e estendo a palma dela na minha frente. Reprimo um grito conforme as linhas escuras ondulam por minha mão, vindas de uma fenda negra, um corte, feito por uma lâmina. Um juramento.

Jogo as cobertas para ao lado e corro na direção da porta no mesmo momento em que é aberta, ouço vozes ao fundo conforme um Mark desajeitado tenta equilibrar a bandeja com comida que eu quase havia derrubado. Nos encaramos por um longo momento surpresos, então ele sorri para mim.

Não hesito mais nem um segundo e o abraço o mais forte que posso.

- Ll-liss, eu preciso respirar! - ele parece se desesperar entre salvar a porcelana e me afastar. - Eu também senti saudades, mas não quero sentir falta das minhas costelas!

Finalmente me afasto enquanto ele apressadamente deixa a bandeja numa mesa no canto. Sinto minha mão formigar e cruzo os braços atrás das costas, cobrindo uma mão com a outra. Volto minha atenção ao Mark, que se apoia numa cadeira e respira fundo várias vezes antes de se recompor, apontando o dedo para mim. Sua expressão era séria.

- Me disseram que você estava DORMINDO e praticamente acabada - ergo uma sobrancelha, ele finge preocupação. - Andou lutando secretamente em becos e não me contou?

- Seu palhaço - acabo sorrindo.

- Pelo menos agora eu sei como pagamos os impostos todos esses anos - responde divertido.

- Claro, enquanto isso você brincava de "como conseguir desprender o dedo na ratoeira que VOCÊ mesmo criou" - rebato rindo.

- Alguém tinha que se arriscar com a armadilha para as duas donzelas não sofrerem com os ratos - diz convencido, se inclinando na cadeira e se apoiando nos joelhos - Ainda mais quando a... - ele para de falar no meio da frase, encarando o chão.

- Com a Evelyn... - completo. - É, ela fazia um escândalo para alguém que montava armadilhas na floresta discretamente.

O clima fica tenso conforme ambos se perdemos em pensamentos. De repente, as vozes se elevam lá embaixo novamente, olhamos para a porta e num acordo silencioso decidimos ver o que estava acontecendo.

Havia um mapa aberto na mesa de madeira e Akly segurava as duas pontas com as mãos, deixando seus braços estendidos e de cabeça erguida, encarando o Rick que se encontrava do lado oposto com um dedo apontando em algum local do mapa.

- ...deixa de ser teimosa, estou dizendo que é mais rápido cruzar o Grande Portão de uma vez - Rick responde.

- E arriscar sermos capturados pelas cortes que estão atrás de nós, querendo nossas cabeças? - rebate.

- Bom, como eu sou o CAPITÃO do navio, digo que vamos cruzar esse Portão - diz confiante.

- E como NAVEGADORA desse navio, eu digo que você está sendo irracional e que a melhor rota é dar a volta pelas Águas Calmas - ela aponta num trecho azul do mapa, contornando a terra.

A Bruxa da MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora