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O Sol se levantava rapidamente e o povo ao meu redor se agitava, todos já estavam de pé, em formação.

Sam e eu estávamos distantes um do outro, embrenhados na primeira fileira da parede de escudos, mas em lados quase opostos, esperando a barreira se dissipar.

— Vocês ainda tem sua magia! — Bradei, olhando para a névoa fina. — Mas contra os ceifeiros de Morgana isso não vai bastar, por isso os tornei mestres das armas e dos escudos! Vocês sabem as estratégias, sabem lutar, agora só falta aprenderem a matar! Não vacilem, não sintam pena! Um deles que vocês poupam faz com que um dos nossos, um dos seus amigos ou família, morram! — Meus pulmões sofriam por causa da altura de minha voz. Queria que todos ouvissem, que todos respeitassem o que eu dizia. — Eles se transformarão em seus piores medos, tentarão dobrá-los, mas eu lhes peço coragem e força! Hoje não é dia de jogarmos limpo! De sermos bonzinhos! Vocês vão lutar pra matar, pra oprimir o exército inimigo! Vão matar pra sobreviver! Para proteger suas filhas, seus filhos e as pessoas que amam! Eu posso contar com isso?! — As tropas gritaram, em uníssono, batendo com o punho das espadas em seus escudos de metal. O barulho me fez sentir poderosa e pronta para enfrentar o que se aproximava. — Preparem-se! — O barulho infernal das tropas de Morgana marchando na direção da barreira ecoou pela praça toda. Muitos haviam sobrevivido às armadilhas. — Eles estão vindo! — Gritei. — Coragem! Fortaleçam nossa parede! — A névoa começou a se dissipar entre os dois exércitos, fazendo-me respirar profundamente. O corpo tremendo sob o escudo, meu sangue fervendo.

— A TAÇA! — Gritei, quando a barreira estava perto de chegar ao chão. Meus soldados passaram o grito para trás, para chegar aos arqueiros. Flechas Chamejantes foram lançadas, abrindo duas paredes de fogo da nossa frente até a margem dos riachos no limite de Tenebris, fazendo o exército de Morgana se afunilar. A ideia de Will estava dando certo.

Todos nós erguemos ainda mais os escudos e os flancos se abriram formando um curral na frente da passagem.

— Não deixem que os retardatários passem por nós! — Bradei. — Armar! — As lanças das primeiras fileiras foram abaixadas, todas de uma vez, esperando por nossos inimigos.

Meu coração retumbava em meu peito, fazendo-me ofegar. Precisávamos conseguir. Eu tomei um suspiro longo, afastando qualquer pensamento do passado e me concentrei nos barulhos ao meu redor.

As tropas de Morgana avançaram em nossa direção. Seres distintos dos mais horrorosos estavam prontos para lutar contra a gente. Trolls, ceifeiros, goblins, elfos. Todo tipo de gente ruim, todo tipo de exilado.

— Arqueiros! — Gritei. — Uma saraivada de flechas voou sobre nossas cabeças. As magias dos bruxos que estavam com Sam começaram a atingir os guerreiros maiores.

Todos partiram correndo em nossa direção. Ceifeiros pularam por cima de várias fileiras, caindo no meio de todos nós, jogando guerreiros no chão e abrindo buracos em nossas defesas.

***

Alec puxou a espada do cinto quando viu os barcos começarem à descer pelo riacho, uma de suas mãos estava erguida, espalmada, ordenando silêncio para suas tropas escondidas.

A primeira embarcação atingiu a placa submersa da grande armadilha que instalaram. A haste com ponta de espinho encostada no fundo foi alavancada para cima, cravando-se no meio do barco, furando a madeira, levantando seu bico e derrubando os soldados na água completamente desorientados.

O outro barco tentou desviar, mas assim que avançou um pouco atingiu outra placa, fechando o caminho, obrigando os guerreiros a pularem para a margem.

Alec levantou a ponta da espada e os arqueiros começaram a alvejar os inimigos, dos outros barcos, fazendo-os fugir para a margem.

Quando o punho dele se fechou, seu exército avançou correndo na direção dos Tenebrinos.

A Floresta EsquecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora