maratona 2/5
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TAYLOR SWIFT
Travis havia me deixado em casa, o dia havia sido um pouco mais cansativo do que o normal. Quanto mais o fim de ano se aproxima mais me sinto ansiosa. Minha vida tem se voltado para essas crianças durante quase quatro anos, agora ver eles me dando adeus me deixa um pouco emotiva.
Tantas coisas aconteceram do início de ano pra cá, coisas que pensava ter certeza descobri que não tinha tanta certeza assim. Ainda me sinto sufocada, é como se eu devesse anular quem fui e menosprezá-la para seguir em frente, embora me doa lembrar, não me arrependo de quem fui. Obviamente não fui uma das pessoas mais espertas do mundo, mas tudo que vivi na minha juventude me fizeram ser quem sou hoje. Todas as minhas lembranças com Joseph na faculdade, todas as nossas piadas sobre os vizinhos, todas as chamadas de vídeo com os meus pais. Tudo está em mim. Acho que sempre estará.
Em madrugadas como essa eu me perco em pensamentos complexos. Minha cabeça chega a doer e no fim durmo chorando. Parece que mesmo estando em um dos melhores momentos da minha vida algo está faltando. Talvez esteja. Acho que está.
Viver a vida um dia após o outro é cansativo, fingir que não está perdida também. Onde eu fui parar? Algum dia vou receber todas as respostas para as minhas perguntas? Essa dor um dia irá embora? Eu estava noiva e agora estou aqui, no mesmo ponto de partida. Mas essa sensação vazia me abraça de um jeito assustador, como se eu fosse estragar tudo a qualquer momento. Irei fazer Travis ir embora? Se ele gosta tanto assim de mim me abraçaria com todos os meus demônios e inseguranças? Ele ficaria bem com todos os meus questionamentos em madrugadas como essa?
Na manhã seguinte apreciei uma caminhada silenciosa em um dia chuvoso. Andei o trajeto inteiro vendo o céu clarear, como se ele estivesse me dando conselhos. A escola estava vazia e acho que nem o zelador havia chegado, então fui para a sala de música e resolvi enfrentar um de meus medos. Tracei os dedos pelo piano, sentindo uma enorme vontade de chorar, porque ali era um fragmento de mim. Uma parte que se perdeu no tempo e me deixava aflita. Voltaria ser quem um dia fui? Apaixonada pela vida e todos os seus sons. Deixaria essa melancolia me cobrir por inteira até não sobrar mais nada? Por que era tão difícil fazer algo que eu costumava fazer tão bem?
Sentei no banco, pegando uma partitura gasta que carregava comigo.
Era de Chopin, Nocturne op.9 No.2, uma de minhas canções favoritas na época da faculdade. Lembro-me como se fosse ontem, eu saindo emocionada do teatro e escrevendo no meu blog que aquela noite era a melhor de minha vida. Porque aquela noite estava tão estrelada que não me deixava dúvidas sobre a vida, que aquela tristeza nunca cairia sobre mim e tudo ficaria brilhante como aquele céu. Pra sempre.
Eu tocava com nostalgia, me sentindo aquela mesma mulher, cheia de expectativas para seus planos, com determinação e ambição pela vida. A mesma mulher que respondia tudo com "a vida deve ser vivida'' em comentários no Facebook.
Quando terminei de tocar senti aquela mesma sensação do teatro, era como se eu estivesse recuperando a consciência após um acidente, desenterrando memórias esquecidas que jamais anulariam quem estou me tornando.
Então um punhado de palmas me tiraram de meus pensamentos, olhei para a porta e vi Travis. Sorri fino, vendo-o se aproximar de mim.
- O que faz aqui tão cedo? - perguntei.
- Essa sexta é a regional de boxe, vim preparar os últimos treinos até o fim da semana. - ele me abraçou por trás, beijando o topo de minha cabeça. - E você, o que faz aqui tão cedo tocando piano?
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checkmate, i couldn't lose • Tayvis
RomanceTaylor Swift é professora de música e noiva do diretor de uma escola especial para jovens artistas de Nova York, mas possui uma má relação com o professor de educação física, Travis Kelce. • classificação indicativa: +18 •