Girassóis

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KENNY, eu te dedico o girassol

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KENNY, eu te dedico o girassol.

Ontem eu fui ao Skeeter's e pedi sua bebida preferida. O maître me trouxe margarita. Isso mesmo. Barata, comum, ardida e azeda.

Foram noites virando estes mesmos copos.

Porque você é um girassol: dias quentes de verão e memórias ensolaradas, sempre à toa, entre risadas.

Aprecio sua lealdade, toda a longevidade. Eu poderia enlouquecer, queria me inspirar em você mas nunca quis me ensinar seu jeito, porque ia me mandar pra uma cilada, um poço sem fundo.

Mas eu não me importava.

A tal da flor amarela é desejada por todos, como você.

Eu nunca fui muito ciumento, ou inseguro, mas aconteceu. Na hora eu soube que você precisava de alguém muito melhor que eu.

Não sou o melhor, o mais inteligente, sequer o mais interessante.

Porque suas piadas de clube, festas, baladas até tarde não têm mais graça. Nem sei se já tiveram - não é dos melhores gostos que já provei na língua. Pedi um copo de água.

Apesar de lutar pequenas batalhas, tenho medo de guerrear, contra seu sorriso bonito com armas que não sei usar.

Lembrei de seu cabelo amarelo, do cheiro de fumaça rançosa que adquiríamos ao fumar, no telhado da minha casa, sob o luar. Não precisa deles pra ser legal mas eu preciso, então dê-me outro maço.

Um cigarro se tornou dez.

Quando eu quiser, eu paro, dizia. Ledo engano. Eu não parei e você também não. Do que adianta me passar uma bronca se repete os mesmos atos?

Hipocrisia, eu diria.

Tentei durante as conversas de madrugada, me interessando para saber sobre o seu dia e tentei até ganhar um espaço no vazio envolto por esse sentimento dividido que insiste em morar no seu peito.

Até isso você não conseguiu entender. Sorrindo todo arteiro, me jogando de escanteio.

Minha bike 'tava sem freio porque você tirou pra andar na sua.

Eu era totalmente disponível, querendo, sentindo na pele o arrepio de um mergulho profundo que nunca dei, mas estava esperando apenas pelo seu "sim" para pular. Já estávamos de mãos dadas, mas você preferiu recuar.

E eu vejo agora que foi melhor porque senão eu ia me afogar.

Com a água no corpo, decidi que era hora de voltar, pela solitária estrada, canção de hotel, que um dia foi teu lar.

E eu não xingo a bebida não, isso seria ingratidão. Por todas as vezes que andei descalço e você me deu a mão, o sapato, só não deu o coração.

Joelho ralado.

Beijos só curam feridas quando somos crianças, então eu não me iludo mais.

Mas seu copo eu não largo, porque sei que por trás do gosto amargo há uma gota de algo marcante.

Cheguei em casa e fiz café, ovos mexidos no pote de manteiga. Comi sentado no chão, olhando pro furo na meia do pé.

Lembrei de quando você me ensinou que "S" é S de Stan, Stan ama quem quiser. 

Todas as flores que não te enviei | Stan shipps!Onde histórias criam vida. Descubra agora