Caro leitor, peço-te que não te indignes de mim ao final deste relato. Antes, retenha a veracidade dos fatos. Posso não ser a pessoa mais confiável do mundo ao esclarecer esta história com uma luz toda especial, todavia, hei de narrar sem pudor o caso que envolveu quatro suspeitos e um enigma que jamais foi desvendado senão por atos externos e notícias de jornais, que aliás, narraram uma história pra lá de superficial.
Esta cena se passou naquela tenebrosa noite do dia 20 de agosto do ano passado, uns sete meses antes da pandemia. Já era quase meia noite, e eu ainda estava no posto de gasolina da avenida Boulevard. Já estava impaciente com o frentista que não parava de tremer enquanto enchia o tanque do carro à minha frente. Ele fixava aqui e ali, um certo olhar de preocupação e ansiedade para todos os lados do posto, como se fosse um garoto de seis anos aterrorizado.
A princípio, não se sabia o quê ou quem ele tanto temia. E nem muito menos imaginava que ele estava prestes a presenciar durante alguns instantes, o espetáculo de fazer palpitar o coração.
E o ponto de partida começou naqueles instantes derradeiro em que acelerei de leve e freei diante do frentista e perguntei-lhe o que tanto o assustava. Ele virou-se para mim, aproximou-se da janela e disse:
- É sério mesmo que cê não sabe? Patrão disse pra ficar alerta pra movimentação estranha. Disse que ele foi visto por aqui mais cedo.
- Quem ? - Perguntei-lhe.
- Thomas Katz...
Nesse instante, as ondas elétricas do posto e da avenida oscilaram e um jovem um tanto suspeito saiu da sala de monitoramento, ao lado do supermercado, e em questão de segundos, sumiu na penumbra amazonense.
Mesmo receoso, o frentista tirou o celular do bolso e mostrou-me a foto de um homem negro com o rosto coberto por uma elegante barba, vestido com uma camisa polo preta, calça jeans preta e sapato social, além de estar com a cabeça coberta por uma boina inglesa cinza, o que não é comum aqui em Manaus.
E quem não reconheceria o rosto daquele criminoso na foto? Thomas Katz, o astuto ladrão mão leve e suposto envolvido no drama da Caixa De Pandora e O Tesouro De Thomas Cavendish. O emblemático personagem procurado pela polícia civil e federal. (A polícia federal sempre está investindo problemas maiores, o que é um insulto para Thomas Katz. Quer dizer que ele não é um problema grande?).
- Já ouvi falar dele. - Disse eu com um olhar fixado na foto.
- Essa foto foi tirada ontem. - Replicou ele ao colocar o celular no bolso.
- Você acha que Thomas Katz vai querer roubar alguém como você?
- Tenho certeza.
- Thomas Katz é conhecido nos jornais por roubar coisas grandes; Caixas eletrônicos, joalheria, barões e empresários... ele não perde o tempo dele roubando de quem não tem. - Gesticulei com as mãos.
- Cara, tu ouviu o que disse? Caixas eletrônicos. Olha ali, perto do supermercado tem um.
- É, mas se Thomas Katz quisesse roubar esse dinheiro, ele não chamaria atenção, ele roubaria da forma mais sutil e silenciosa de todas.
Grande besteira da minha parte em duvidar daquele jovem, ele sentiu que o perigo estava próximo e eu o ignorei sem saber o que estava por vir.
Acelerei até chegar na avenida, mas por um instante, um mal pressentimento me sobreveio.
Freei e observei pelo retrovisor interno e avistei os funcionários do supermercado estavam fechando as portas. Mas que diachos era aquilo? Seria possível que aquela assombrosa imagem que de vez em quando vinha na cabeça daquele jovem frentista de um ladrão que opera nas trevas da escuridão da noite iria se tornar realidade?
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Thomas Katz Um Ladrão Em Série.
Short Story"- É sério mesmo que cê não sabe? Patrão disse pra ficar alerta pra movimentação estranha. Disse que ele foi visto por aqui mais cedo. - Quem ? - Perguntei-lhe. - Thomas Katz... Nesse instante, uma trovoada rolou pelo céu sombrio, as ondas elétricas...