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Coronel 🍾

Esse foi de longe o melhor aniversário do mundo po, foi um bagulho maneiro, tá ligado? Fazia ano que eu não me sentia assim. A festa foi ontem, mas eu me sentia ainda no memo dia, sem muita diferença.

Parei na sacada fumando meu baseado e olhei pro céu já estrelado. Tava maior bonito, desde ontem po. Vi duas estrela brilhando mais que o normal, sorri de canto e uma lágrima escorreu.

A maldade do tempo, do mundo e do homem me tirou as duas pessoas mais fodas do mundo. Meu pai era o meu herói e a minha mãe então? Minha rainha, heroína e mulher maravilha. Joguei a pontinha do cigarro no cinzeiro e respirei fundo.

Coronel:Amo vocês! –Olhei pro céu e em seguida joguei a minha cabeça pra trás. Meu celular vibrou no bolso e eu puxei ele, vendo que era dez horas e era a Thais.

"Thais gatinha:Oi, não queria incomodar mesmo, mas a minha mãe tá passando mal e não tem ninguém pra levar ela no hospital. Você pode?"

Nem respondi, joguei o celular no bolso, catei minha blusa e a chave do carro. Desci a escada correndo, tranquei a casa rapidão e fiz tudo numa velocidade que eu nem imaginava conseguir fazer. Parei o carro em frente a casa da Thais, buzinei e desci em seguida.

Thais:Me ajuda aqui, por favor. –Pediu com voz de choro e eu entrei. Rei pulou nas minhas pernas mas eu não podia parar.

Danda tava no chão desmaiada e do lado dela uma poça de vômito, tinha até sangue no meio. Ela era magra, peguei ela no colo na moral e levei pro carro. Thais veio atrás com uma bolsa e o brutus no colo, nem dava pra deixar ele.

Ela tava chorando quietinha no carro e eu peguei rumo à um hospital da pista, no posto não dá. Thais reparou o caminho que eu tava fazendo e me olhou.

Coronel:Não discute, eu pago. No posto ela não vai ter todos os exames que vão fazer ali. –Ela se encostou no banco de novo e continuei chorando abraçada do brutus.

Parei o carro no estacionamento, tirei a dona Danda de lá no colo e levei pra dentro. Gritei por alguma ajuda, trouxeram a maca lá em segundos e eu pus ela, eu ia atrás junto da Thais, mas barraram a gente.

–Faz a ficha lá na recepção! Faremos todos os exames e assim que tivermos notícias, falaremos com vocês! –Balancei a cabeça e deixei a Thais na sala de espera.

Peguei a bolsa do ombro dela e fui na recepção, vendo que tinha duas pessoas na minha frente. Ela atendeu os cara lá e eu parei de frente pra ela, abrindo a bolsa.

–Tem convênio?

Coronel:Tenho, tá no nome de Clarice Malta Rodrigues. –Ela puxou lá o nome da minha mãe. –Pode colocar ela aí, vai estar tudo incluso!

–Nome da paciente? Foi a que entrou agora desmaiada?

Coronel:Essa memo. O nome dela é –olhei na identidade –Danda Maria Resende Castro. Data de nascimento é dia dezoito de setembro de mil novecentos e setenta e oito.

–Pronto, fiz a ficha dela, me empresta só o documento. –Ela pegou assim que eu arrastei o papel pra ela. –Preciso da causa.

Coronel:Não sei direito po, só sei que cheguei lá ela tava desmaiada com uma poça de vômito misturado com sangue do lado.

–Agora é só aguardar, ok? O doutor Ricardo logo virá atender vocês e falar o que houve. –Assenti e peguei a identidade colocando na bolsa.

Meu sangue tava quente, sai muito rápido de casa e foi bagulho de adrenalina, só pra não falhar com ela também. Me sentei do lado da Thais que estava abraçada com o brutus e ela deitou a cabeça no meu ombro chorando.

Thais:Ela vai ficar bem... ela vai... –Repetiu isso duas vezes e eu pude ouvir seus soluços em seguida. Passei a mão pelo seu cabelo e senti minha blusa molhar com suas lágrimas.

Nós ficou tempo pra carai esperando. Thais tirava um cochilo de cinco minutos e acordava toda suada, parecia pesadelo. Eu tentava acalmar ela, mas nem dava, parada com a mãe é outro esquema.

Dr. Ricardo:Parentes de Danda Maria? –Chamou e eu e a Thais levantou, indo até ele. –Fizemos todos os exames possíveis, todos mesmo. Os resultados demoram como vocês sabem, mas descobrimos qual foi a causa.

Coronel:E qual foi? –Ele respirou fundo e a Thais se desmanchou em lágrimas nos meus braços.

Dr. Ricardo:Câncer no estômago.

Thais:Não! Não! Não! Não!

Ela caiu de joelhos numa cena em câmera lenta e chorou pra caralho. O doutor olhava com uma de pena e eu peguei o cachorro pra ele não fugir.

Thais:Não! Não!

Dr. Ricardo:Eu sinto muito! Já está bem avançado, até podemos iniciar o tratamento, mas chegou num ponto de não poder ter cura!

Thais:Cala a boca! Cala a boca! Cala a boca! Por favor... –Implorou em meio à um mar de lágrimas e o doutor saiu de perto dizendo que esperaria a nossa resposta sobre o tratamento. –É mentira! É mentira! –Falou quando eu me abaixei do lado dela, me sentando ali.

Queria dizer pra ela que era mentira memo, tá ligado? Mas se o médico que é médico viu a porra do exame e disse que é aquilo, quem sou eu? Um cara que nem terminou de estudar, viado. Abracei ela sentindo cada vez a minha blusa se molhar todinha.

Thais:É mentira...

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