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Fui buscar as minhas roupas. Rodolffo ficou a esperar um pouco afastado da casa para não criar tumulto.

Entrei em casa e já senti um clima hostil.

- Vais para onde?  quis saber Maria.

Não tinha ideia de mentir.  Vou com Rodolffo.  Vou morar com a Iza.

- Foi boa a noite? debochou uma delas de quem nem lembro o nome.

- Que noite?  Parem já de especulações.   Se não fosse ele eu andava por aí perdida.

- Era só ter esperado na boate.  A gente regressou para te procurar.

- E entretanto eu sofria o assédio dos homens.  Acaso alguma de vós soube o que aconteceu lá?

- Não.

- Então não falem o que desconhecem.  Eu poderia a esta hora estar aí num beco qualquer sendo mais uma vítima de estupro. 
Obrigada, Maria pelo acolhimento.  Agradece por mim ao Dinis.  Adeus meninas, sejam felizes.

- O Rodolffo veio contigo?

- Não.  Vim de Uber.

Foi a caminhar até à esquina onde estava Rodolffo que percebeu pelo semblante dela que se tinha passado alguma coisa.

- O que aconteceu?

- Nada.  Divergência de opiniões.

Embarcaram e logo ambos estavam a dormir.   Tinham passado a noite em branco e de manhã não dormiram o  suficiente.

Rodolffo levou Juliette directamente para casa de Iza e aproveitou para jantar com elas.

No final despediu-se e voltou para sua casa.

Iza e Juliette conversaram durante bastante tempo e deram-se logo bem.  Ela explicou que por conta dos espectáculos fica longe de casa muitos dias,  mas deixou-a à vontade para desfrutar da casa.

Rodolffo foi para casa a pensar em tudo o que aconteceu.  Ele julgava-se afoito,  mas nem queria imaginar se fosse a irmã dele a passar pelo mesmo que Juliette.  E pelo que ele conhecia da irmã,  nunca ela atravessaria o Atlântico para viver uma aventura em outro País.

Na manhã seguinte ligou para Rita,  a dona da academia,  a pedir que recebesse Juliette.  Rita até estava a necessitar de pessoal, mas também estava em contenção de despesas.

Mesmo assim aceitou conversar com ela.  Rodolffo ligou à irmã e pediu que fosse lá com Juliette.

Rita ouviu Juliette sobre as suas aptidões para balet e ginástica, mas que poderia fazer o que fosse necessário.   Ela queria era estar ocupada e ter um salário.

Rita precisava de uma monitora para as crianças iniciantes no balet e sugeriu que Juliette fosse experimentar.

Ela aceitou de imediato.  As coisas começavam a dar certo mais depressa do que imaginava.

Iza sugeriu que ela abrisse um canal no YouTube  onde pudesse ensinar alguns passos de balet, além de criar página nas outras redes sociais.

Nessa noite elas trataram desses assuntos todos.

- Eu já tive página,  mas cansei-me e desinstalei tudo.  Não sei se vou ter conteúdo para movimentar tanta página.  Depois há aquelas pessoas que só vivem de atacar os outros.
Lembro que quando eu postava alguma coisa com os meus cavalos só me chamavam de égua.

- Desses vão aparecer muitos.  É só não ligares.
Deve ser bom trabalhar com cavalos.

- O melhor era quando tratava deles.

- Pronto.   Vamos tirar uma foto para pores no teu insta.

- Que legenda,  Iza?

- A Zuca  e a Tuga.
Não é assim que vocês dizem?

- É isso mesmo.  Não vai soar mal?  Eu estou habituada, mas por cá não sei.

- Ignora.  Uns vão falar mal e outros bem.  Vou repostar no meu.

Atravessei o Atlântico Where stories live. Discover now