O suave som do violino preenche o amplo salão do restaurante.
Às sextas-feiras, o movimento aqui é intenso, embora o ambiente lotado possa ser sufocante, é uma garantia de gorjetas mais generosas para um músico de restaurante.
A melodia suave que ecoa poderia ser entediante em outras circunstâncias. Os restaurantes de classe alta de São Paulo sempre parecem monótonos aos olhos de Dazai: vozes baixas em um único tom, falsas gentilezas nauseantes.
Apesar de não ser particularmente apaixonado por música, Dazai é modestamente talentoso nisso. Dada sua situação financeira atual, é um esforço quase insignificante. Ele sabe que não pode se dar ao luxo de reclamar quando encontra oportunidades de trabalho em restaurantes desse porte, onde o cachê é geralmente três vezes maior do que em qualquer outro lugar onde costuma tocar.
...
O expediente termina. Quatro horas tocando algumas faixas pré-selecionadas e atendendo aos pedidos dos clientes. Honestamente, não foi tão ruim quanto o esperado.
Dazai sabe que deveria ir direto para casa e descansar, mas sente uma forte tentação ao avistar um bar no caminho.
Ao abrir a porta, depara-se com meia dúzia de gatos pingados espalhados pelo local. O ambiente é íntimo, com uma atmosfera acolhedora que contrasta com o exterior. O aroma de álcool paira no ar, entremeado com a sutil presença de fragrâncias doces, criando uma atmosfera agradável.
Dazai pede uma dose de whisky enquanto se acomoda no balcão, observando o garçom preparar sua bebida, enquanto uma melodia emana de um pequeno palco do outro lado do bar.
A música, vinda de um piano relativamente elegante para os padrões do bar, é tocada por uma figura ruiva, cujos longos cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo solto são tudo o que Dazai consegue ver de suas costas.
As melodias não são totalmente ruins, mas o toque agressivo dos dedos nas teclas transforma a música teoricamente suave em algo violento, quase brutal.
Dazai passa os próximos segundos ouvindo a música solitária, avaliando-a e tentando ajustá-la mentalmente.
A melodia é abruptamente interrompida por uma voz.
Dazai fica absorto, tentando decifrar o som que sai da boca do pianista misterioso. A voz é doce, mas ao mesmo tempo carrega um tom quase violento, sua presença é surreal. Ele fica de boca aberta até ser despertado de seu transe pela voz murmurante do garçom, entregando-lhe o whisky.
"Chuuya Nakahara. Ele é bom, foi um achado aqui no bar", diz o homem de aproximadamente sessenta anos, com um tom quase orgulhoso.
Oh, então ele se chama chuuya
....*Chuuya*
Essa será a última música da noite, seus dedos doem e sua garganta começa a apertar pela sequidao do ambiente. O relógio acaba de bater as 1 da manhã, horario que determina o fim de mais um dia de trabalho.
Chuuya não se sente particularmente feliz tocando piano, ele sempre achou os sons do instrumento suaves demais pra ele, quase falta personalidade. Como consequência ele provavelmente erra mais do que deveria ao tentar acrescentar alguma força excessiva nas teclas.
Infelizmente, São Paulo não é muito acolhedora para jovens músicos em busca de reconhecimento, deixando Chuuya sem muitas opções além de aceitar o trabalho relativamente estável neste bar, que pelo menos paga bem.
Caminhando para o último terço da música chuuya sente um olhar pesado atrás de si, segurando a vontade de se virar para conferir de quem se trata, ele renuncia o piano e encerra a música em uma capela suave.
Aplausos baixos ressoam o ambiente ao final da música.
Chuuya pega seu chapéu em cima do piano e se vira para então deparar-se com o olhar de uma figura alta de cabelos morenos sentado ao lado do balcão.
———————————–——————
NOTAS
essa é a primeira vez que eu escrevo algo parecido com isso então por favor tenham paciência com os erros ou falta de elementos.
Coloquem sugestões e ouvirei todas ok?
Por enquanto é isso😵💫
VOCÊ ESTÁ LENDO
quando eu vi você
RomanceOioi Sou definitivamente péssima com sinopses mas vamos lá... Chuuya e dazai são músicos que vivem na década de 70 na cidade de São Paulo. A vida até agora não foi exatamente generosa com eles mas tudo pode mudar né?