Scar - Destinos entrelaçados

Capítulo onze

Seu acordo com Lady dimitrescu parecia durar mais que o planejado, visto que você se recusaria a sair do quarto sem que fosse convidado a fazer. Mesmo que ouvisse os zumbidos de Daniela passando pelos corredores, você não moveria um músculo, e não que aquilo fosse de se orgulhar, já que você estava fugindo e deixando isso estampado como uma enorme placa com luzes brilhantes na porta.

Se ao menos houvesse uma forma de fazer com que parassem de passar por sua porta ouvindo seus batimentos, você estaria mais relaxada.

Mesmo que morresse negando, você sabia que estava fugindo mesmo que não soubesse do que exatamente, podendo ser das brincadeiras de Daniela, conversar com Bela ou só respirar o mesmo ar que Cassandra, que ainda te causava arrepios com seus olhos frios e que pareciam estar sempre sobre você como um predador esperando para que sua presa fraquejasse. Um único tiro e você já era.

Lady dimitrescu parecia contribuir ainda mais para o alongamento de tempo adiando os testes com você e forçando sua estadia no castelo por mais tempo, algo que seu cérebro ainda debatia entre suas partes se era bom ou ruim. Ser exposta tão de repente foi um grande impacto para você, assustador no mínimo. Era como prender um animal que foi feito para estar na natureza, o forçando a sufocar entre as paredes sem saber como continuar.

Seus dias tomaram uma mistura de olhar pela janela com a mente vazia, vagar pelo grande quarto com passos arrastados por puro tédio ou deitar-se na cama com as mais variadas e estranhas posições, e você até se descobriu bastante flexível em uma dessas "aventuras".

De três em três horas, alguma empregada tocaria sua porta, na maioria dos casos sendo Fabiana, - você desconfiava que as outras empregadas repudiavam ou tinham medo de sua presença no castelo.

Não poderia se importar menos, já que elas não ousavam fazer algo com você.

Seu corpo pulas dos lençóis quando um arrepio frio congela sua espinha, seu pescoço quebrando na direção da porta enquanto seus sentidos ficam em alerta. A lua estava em seu auge iluminando o quarto pela janela, indicando que a madrugada estava lá e que os sons nãos vinham do seu quarto.

Relutante, você puxa os lençóis que cobriam seu corpo para plantar os pés descalços no piso gelado, ignorando os cuidados básicos e os arrepios que se seguiram ao andar na direção da porta.

Prendendo a respiração para se concentrar melhor na audição, você consegue ouvir apenas passos no corredor ao longe e logo sabe que não eram as meninas. Os sons indicavam que quem quer que fosse era pesado, porém não era alto para serem os de Lady dimitrescu ou vinham acompanhados com os zumbidos das moscas que faziam o corpo das Dimitrescu mais novas.

Suas sobrancelhas se franzem em confusão antes que você abra a porta lentamente para não fazer barulhos, colocando a cabeça para fora antes de sair do quarto por completo. Estranhamente, o corredor estava silencioso, seu olfato melhorado não conseguindo captar nenhum cheiro além do das empregadas que passaram por lá antes. Resolvendo seguir pelos corredores, você anda por longos minutos em silencio e no escuro, seus olhos piscando antes que sua visão se ajustasse a pouca luz com dois brilhos vermelhos nas pupilas.

Depois que você desce as escadas do salão principal e perde totalmente a sensação de que alguém esteve ali, seus ombros caem em decepção antes de virar para voltar para cima, travando assim que ouve passos grandes se aproximando por uma das portas.

"Ainda acordada, criança?" Lady dimitrescu se inclina para passar pelas portas, sua voz carregando um tom monótono e levemente curioso enquanto ela se aproxima de você com toda sua glória, girando sua piteira nos dedos enluvados.

Seu cérebro trava por um segundo, movendo os olhos pelo salão a procura de algo antes de franzir as sobrancelhas, "Eu achei.." as palavras desaparecem de sua mente, te deixando em dúvida sobre o motivo de ter levantado da cama inicialmente. "Apenas um pesadelo, Lady dimitrescu." Mente olhando para baixo.