Capítulo 3

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Ao abrir a porta do quarto observo que a música havia voltado a tocar e os corredores se tornaram cheios de novo. Me preocupo levemente com quanto tempo eu gastei lá em cima, eu jurava que tinham sido uns dois minutos no máximo.

– O que aconteceu? – questiono Mary que estava me esperando na escada

– O loirinho passou mal. Acho que foi bebida demais pra ele. – ela ri de leve – Então nosso jogo está empatado em um a um até a próxima oportunidade.

– Onde eles estão?

– Ham? – ela me olha confusa

– Não confio na capacidade de homens cuidarem de alguém. É mais provável que estejam maltratando o menino.

– Um bom ponto.

Ela acena com a cabeça e começamos a vasculhar a casa. Não encontramos nem sinal deles, de nenhum deles. A festa continuou normalmente e isso é impressionante, até falaria que é falta de empatia, mas se toda vez que alguém passasse mal uma festa fosse parada, não existiriam festas. Por último decidimos procurar no lado de fora, e lá estavam eles.

– Ele tá vomitando nele mesmo! – empurro rapidamente Liam que segurava de mal jeito a cabeça do menino

– Calma aí, porra. Você é enfermeira? – ele debocha como afronto ao empurrão

– Só não sou burra que nem você. – respondo no ódio – Cadê os outros dois?

– Scott foi buscar água e ninguém vê o Hunter já faz um tempo...

– Onde ele mora?

– A gente não pode levar ele pra casa dos pais, eles vão matar o moleque. Acho que eles nem sabem que p Viktor está aqui.

– Que merda... – escuto Maryane murmurar

Sussurro algumas palavras como “você vai ficar bem” enquanto segurava para que o cabelo de Viktor não caísse em seu rosto. Enquanto ele vomitava, eu tentava fazer a minha cabeça ter alguma idéia.

– E ele vai pra casa de quem? – Maryane pergunta

– O único que poderia receber sou eu. Mas meus pais estão na minha casa, eles vêm todas férias porque gostam mais daqui do que da cidade que eu vim. – a calma que Liam tratava a situação estava me irritando ainda mais, ele acende o cigarro que estava na orelha e se senta a uma distância segura do amigo

Por alguns segundos, parecia que tinha acabado. Viktor voltou a respirar normalmente e parar de cuspir as tripas. Me deu um alívio no peito e felizmente Scott chega com uma garrafa de água.

– Bebe aí cara, você tá muito mal. – ele diz encaixando a garrafa na boca de Viktor – Acho que você tá suja, caloura. – ele diz me encarando

Percebi que inconscientemente apoiei o rosto dele próximo do meu peito e acabou respingando nas minhas pernas. Eu quase vomitei. Coloquei todos os meus instintos de lado para não surtar ali mesmo.

– Você vai levar ele pra casa? Porque o querido ali não se prontificou. – Maryane questiona Scott olhando feio para Liam

– Não tenho onde enfiar ele. Eu moro numa kitnet com o Hunter e não tenho sofá ainda.

– Puta merda. – ela resmunga

– Segura ele, não deixa a cabeça tombar. – puxo Scott e em seguida me levanto

Puxo Mary para um canto para que pudéssemos falar a sós.

– Nós temos um sofá... – incio já sabendo a resposta

– Mas nem fudendo.

– Mary...

– Nem fudendo. Quer que eu soletro? N E M F U D E N D O.

– É uma boa ação, o universo recompensa.

– Que outra pessoa faça essa boa ação.

– Você viu como o menino era calado, ele precisa de ajuda, não dá pra largar ele na mão desses daí.

– Não é responsabilidade nossa.

– Arrumo casa por uma semana. – sim, eu recorri a barganha

– Nem inventa, não vai dar certo.

– Duas.

– Bonie...

– Três.

– Cara é sério. Por que isso?

– Um mês, última oferta. – olho pra ela com os olhos de cachorro pidão

– Vou buscar o carro.

– Obrigada. – sorrio levemente e ela revira os olhos

Então ela sai no sentido que havíamos estacionado com a bolsa. Aproveito para me agachar e falar com Scott.

– Vamos deixar ele no nosso sofá, mas só essa noite.

– Sério?! Cacete, muito obrigado! – ele respira aliviado – Mas por quê?

– Porque já estive no lugar dele. Estou retribuindo o favor que um dia fizeram por mim. O universo é cheio dessas, né? – dou um sorriso fraco

Mary chega com o carro alguns minutos depois, eles ficam impressionados com o modelo. Com muito esforço, deitamos Viktor no banco de trás com a cabeça no colo do Scott.

– Acho que essa é minha deixa. – Liam diz fingindo tristeza – Vejo vocês amanhã. – e sem mais nem menos ele vira as costas e sai andando com seu cigarro

– Filho da puta... – Scott murmura

E assim fomos, nós quatro. Como já disse, nós moramos perto, então rapidamente chegamos. A parte mais difícil foi trazer Viktor desacordado pela escada, infelizmente moramos no quarto andar e não tem elevador no prédio. Mary separa algumas roupas que havia trago do ficante e Scott fica preso por uns 15 minutos dando banho nele.

– Fizemos um ótimo trabalho. – digo ao ver Viktor deitado no sofá, enrolado em uma coberta e dormindo profundamente

– Foi traumático. – Scott complementa e não conseguimos segurar o riso

– Eu vou tomar banho. – Mary diz mal humorada e sai de perto de nós

Um dia ela iria me perdoar.

– Obrigado. De verdade. – ele diz com um sorriso sincero

– Você fica me devendo. – dou de ombros

– Sinto muito ter perdido a festa, mas prometo que a integração vai ser melhor.

– Calma, essa não era a integração?

– Não. – ele ri da minha cara de confusa – Era só uma festa de boas vindas pra todo mundo mesmo, na integração tem o apadrinhamento. Vai ser semana que vem, vinte reais.

– É. Infelizmente não vou.

– Que?! Você não pode faltar na sua integração!

– Eu gastei o único dinheiro que eu tinha me mudando, com móveis, comida e a festa de hoje.

– Pobre. – ele respira fundo – Eu pago pra você. Vai ser a retribuição pra eu não ficar te devendo.

– Justo. Não vou negar.

– Estamos quites então. Tirando o fato de que todo mundo sabe que vocês perderiam no beer pong.

– Seu cu. – faço cara de deboche

– Caloura... pobre caloura...

– Você me irrita sabia.

– Essa a graça. – ele dá um sorriso maldoso

Acredito que inconscientemente, mas acabamos nos aproximando, o rosto dele estava a centímetros do meu quando ele diz essa frase quase num sussurro. Sinto um calafrio percorrer minha espinha e meu rosto ficando vermelho. Ele sorri, parece se degustar da situação. Rapidamente sua expressão muda, ele se torna sério e se afasta novamente pigarreando.

– Eu vou pra casa. Amanhã às oito temos aula, eu venho buscar ele aqui, o Viktor não é uma pessoa muito fácil de acordar, bom que trago umas roupas minhas que ele possa sair na rua.

– Nenhuma roupa sua dá pra sair na rua, é humilhante.

– Hahaha. Engraçadinha. – ele se dirige a porta abrindo a maçaneta e se retirando – Até.

E assim ele me deixa parada no meio da minha sala, confusa e com um enorme frio na barriga. Eu não sei o que acabou de acontecer aqui e nem porque ele foi capaz de me deixar assim só se aproximando, mas eu vou ignorar.

– Cadê o viado? – Mary pergunta saindo do banheiro com a toalha na cabeça

– Acabou de ir embora. Eu vou pro banho. – minha cabeça estava girando, não sei se pela bebida de antes ou o choque de adrenalina que tive agora

– Você tá bem?

– Aham. – digo e em seguida me tranco no banheiro

Tiro aquela roupa, a meia calça estava nojenta e eu sinceramente vou jogar fora, não vou lavar isso por nada. Me olho brevemente no espelho, eu não estava tão acabada assim, a maquiagem estava quase intacta e meu cabelo não tinha bagunçado muito. Pelo menos isso. Tomo um banho lento para acalmar os nervos, já são uma da manhã e eu também tenho aula amanhã às oito, eu faço escolhas muito ruins às vezes.

Quando saio, Mary já estava apagada no seu quarto. Sorrio e sigo para o meu. Deito na cama e em menos de cinco minutos eu estava tão apagada quanto ela.



Meu corpo estava quente demais, estava calor demais, tudo era muito.

Os olhos dele me observavam atentamente e eu ainda me questionava porque ainda estávamos de roupa. Suas mãos passeavam ansiosas pelo meu corpo todo enquanto ele depositava beijos úmidos pelo meu pescoço. Eu não sei se conseguiria ficar mais molhada do que já estava.

Seus lábios voltam lentamente de encontro ao meu e sua mão rapidamente desliza para o meio das minhas pernas.

– O que foi? Está excitada? – ele pergunta com um sorriso malicioso passando seus dedos suavemente pelos meus lábios inferiores

– Para de graça... – murmuro mordendo os lábios na intenção de conter qualquer instinto do meu corpo

– É só você me dizer o que quer. – sua voz sai instigante como num sussurro ao pé da minha orelha

– Você sabe o que eu quero...

– Mas quero te ouvir falar.

– Me toca... – peço quase que implorando, ele tornava seus movimentos mais específicos e ficou mais difícil me conter

– Cadê a palavra mágica?

– Por favor...

– Por favor o que?

– Por favor. Me toca. – respondo olhando nos seus olhos já estressada pela ansiedade

Ele sorri satisfeito e bem lentamente começa a introduzir um dedo em mim. Não pude evitar o início de um gemido fraco. Eu estava aguardando esse momento já fazia tanto tempo que agora parecia até mágica.

– Eu preciso de mais... – imploro acompanhando seu pulso com a minha cintura

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⏰ Última atualização: Apr 04 ⏰

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