Um suspiro deixa seus lábios. Você, já dentro do carro, inconscientemente segura o volante com maior força do que costuma fazer. É realmente muito triste que uma mulher tenha que passar por tudo aquilo, uma vida inteira de dor e sofrimento. Agora além da vida dela estar em risco, a do bebê que ela carrega dentro de si, também está. Você não pode deixar de se culpar, mesmo que nada disso seja culpa sua, mas sim culpa dele.
- Flashback -
Você adentrou na casa de Jessy, era realmente uma casa muito bem decorada, as paredes pintadas em um tom de amarelo pastel, assim como o lado de fora da casa, com os rodapés em branco. Você também não pode deixar de notar os quadros em cima da mesa de centro, eles mostravam uma foto de Jessy, que parecia mais jovem, e um homem de cabelos escuros e belos olhos verdes. Você logo julgou que aquele homem era namorado de Jessy, e possivelmente o pai de seu bebê. Jessy pareceu notar sua atenção sobre os quadros, logo dizendo.
— Esse é meu falecido marido, e pai do meu filho, se é isso que você está se perguntando.
Sem jeito por ter sido “pega” você tentou desconversar, mas Jessy logo cortou-lhe.
— Você está aqui porque quer saber mais sobre ele, não é? É sobre o Alexis que você quer saber mais, certo?
Jessy falou num tom infeliz, era mais do que claro que ela não queria falar disso. Você realmente não sabia o que a fez te convidar para entrar(muito provável que o fato de você ter insistido, não?), já que ela parece tão receosa, você só pode rezar para que ela coopere. Você se sentou no sofá, ao lado de Jessy, logo ela prosseguiu.
— Eu realmente não queria falar sobre isso, mas se você está aqui, é porque ele já te mostrou quem realmente é. Não posso dormir sabendo que fui a causa da morte de mais uma pessoa.
Morte de mais uma pessoa? O que? Como assim? Jessy não parece do estilo que mataria alguém, então o que ela quer dizer com isso? Depois de alguns segundos você ligou os pontos, talvez o vampiro tenha matado alguém e feito Jessy se sentir culpada, se realmente for o que você acha, deve ser um fardo horrível de se carregar.
— Bem, Jessy, acho que pela sua fala consigo presumir que o vampiro estripador é realmente Alexis, ou Alexander, não sei o nome real dele.
Jessy assentiu e começou a falar.
— Olha, eu vou falar a menor quantidade que puder. Caso Alexis descubra que você esteve aqui, não só a minha vida está em risco, mas a sua também. Alexis realmente é o vampiro, como vocês o chamam. Eu não era amiga dele no orfanato, mas fui o mais próximo que ele já teve de uma.
Você encostou suas costas na cadeira, procurando uma posição confortável, já que a conversa daqui para frente iria ficar no mínimo… interessante.
— Ele era bem quieto, na verdade, sempre na dele e não falava com ninguém, às vezes eu tentava brincar com ele, vez ou outra ele me respondia, o que já era um avanço, ele não falava com ninguém. Um dia ele foi chamado para o escritório do diretor, quando ele foi chamado eu e as outras crianças sabíamos o que iria acontecer, mas ninguém, nem os empregados tiveram coragem de fazer algo a respeito já que seria pior para nós. Durante algumas horas podíamos ouvir os gritos de Alexander vindos do escritório, e quando ele saiu, estava com machucados e hematomas por todo o corpo.
Você arregalou os olhos em choque, você quase sentiu pena de Alexander, quase.
— Desde então ele ficou mais retraído do que nunca, até que um dia as mortes começaram. Elas aconteciam de forma aleatória, ninguém sabia quem seria o próximo e a polícia não conseguia achar o culpado. Um dia, eu vi Alexis agachado de frente para uma árvore nos fundos do orfanato, pensando que ele estava sozinho, fui até lá para chamá-lo para brincar de esconde-esconde. Quando cheguei perto o suficiente ele se virou para mim e eu vi seu rosto com algumas gotas de um líquido vermelho, assim que ele me viu ele ficou muito irritado.
— Era sangue? Você perguntou curiosa.
— Você vai me deixar terminar ou não?!
Jessy disse irritada, você apenas se desculpou e ela continuou a história.
— Ele me ameaçou, disse que se eu contasse algo do que vi para alguém ele me machucaria. Eu fiquei assustada, e não entendi o porquê tanta raiva, mas no dia seguinte entendi, outra criança foi achada morta sem boa parte do sangue. Desde então eu tentei ao máximo evitar Alexis, mas ele parecia me perseguir em qualquer lugar que fosse e constantemente fazia ameaças, eu realmente não sei como estou viva hoje. Bem, depois que o orfanato se desfez cada um foi para uma família diferente, mas Alexis nunca deixou de estar sempre à espreita, vigiando cada passo que dou.
Você ficou pasma com o relato de Jessy, mesmo em tenra idade ela teve de passar por muitas coisas, mas uma pergunta não deixava sua mente, por que Alexis foi para o orfanato no fim das contas?
— Jessy, você sabe me dizer por que Alexis foi para o orfanato?
— Bem, acho que ninguém sabe ao certo, uns dizem que a mãe dele era uma prostituta e não queria se incomodar em cuidar de uma criança, já outros dizem que a mãe dele o abandonou para viver com outro homem, mas a verdade, de fato, é desconhecida.
Depois de mais alguns minutos de conversa, você decidiu fazer uma última pergunta, que não tinha nada haver com Alexis, a princípio, mas que sua intuição te dizia o contrário.
— Me desculpe a indelicadeza, Jessy, mas como seu marido morreu?
Ao ouvir as palavras saírem de sua boca Jessy te olhou como se você tivesse perguntado a pior coisa do mundo, e talvez realmente tenha sido isso, para ela. Você viu de relance uma lágrima isolada cair de seus olhos. Jessy levantou abruptamente e proferiu em um tom um tanto quanto melancólico e com certo desconforto.
— Está na hora de você ir embora, já te contei coisas demais que nem devia ter falado! Vá e nunca mais volte, pela sua segurança e pela minha.
Antes que você pudesse argumentar contra, Jessy te empurrou para fora de casa, logo fechando a porta em sua cara. Você suspirou, claro que você estava um pouco chateada com a reação dela, mas você não tinha o direito de julgar, não é verdade? E apesar disso, essa visita foi muito útil para entender melhor o passado de Alexander, ou Alexis, você ainda não sabe como o chamar. Tudo o que você mais anseia é para que Alexis não descubra sobre sua “visitinha” até Jessy.
- Fim do flashback -
Você se amaldiçoa ao lembrar de como desejava ter mais emoção em sua vida. Agora, todo o estresse que você tinha com o trabalho não pareciam nada, avaliando toda a situação com sinceridade, você até sentia falta daquilo. E eu te pergunto, quem não sentiria? É muito melhor se preocupar com o trabalho do que se vai acordar viva amanhã.
Durante o caminho de volta para casa seu celular começa a tocar, de início você apenas ignora, não querendo sofrer um acidente de carro e ter mais um problema para se preocupar. Porém a pessoa que te liga parece realmente insistente, você então abre o zíper de sua bolsa e pega seu celular, dando uma olhada em quem deseja falar com você, Alexander.
Você tinha certeza que tinha bloqueado o número dele, como ele consegue te ligar mesmo assim? Se bem que, vindo de um assassino em série, não sei o motivo de tanta surpresa. Logo uma ansiedade percorre todo o seu corpo, você começa a suar e sentir um frio na barriga(não no bom sentido). Não é possível que ele tenha descoberto de sua visitinha até Jessy, certo? Será que ele estava te seguindo o tempo todo? Ela quer alguma outra coisa de você? Quanto mais você pensa, mais nervosa fica.
Cara leitora, você realmente nunca aprende, não é? Existem coisas que é melhor deixar no passado, mas você insiste em desenterrá-las. Agora arque com as consequências de suas ações.
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PALAVRAS TEM PODER - EM ANDAMENTO
HorrorYandere! Assassino Em Série Inevile, uma cidade tão pacata, uma típica cidade pequena onde todos se conhecem. Você desejava um pouco de emoção em sua vida, e seu pedido foi atendido quando ele chegou e quando os assassinatos começaram. O que você ma...