A mutação...

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[ POV Lady Dimitescu]

A fala de Mãe Miranda me preocupou.

" O que ela queria dizer com isso? O que havia feito com a criatura?"
Mal sabia eu que logo mais eu saberia.

"- Mãe Miranda, poderia me acompanhar?" - Precisava saber o que ela havia feito. Sabia que aquela não seria uma simples luta. Ela não estava disposta a ceder tão facilmente e sabia que ela seria capaz de tudo para tirar o que quer que fosse de seu caminho, dispondo de quaisquer métodos para conseguir o que queria. "- Perdoe-me questiona-la mas, o que a senhora quis dizer com 'Especialmente motivado '?"- falei parando em um ponto mais afastado dos demais.

"- Ora minha querida, nada de mais. Apenas que ele recebeu um "estímulo" a mais para a luta."- Riu ."- Aguarde e verás.."- Disse sorrindo diabolicamente indo em direção a multidão para dar início a luta.

Um arrepio me correu..

" ELA DROGOU A FERA!"

Corri para o meio da multidão tentando chegar a área da luta e vejo Urias adentrar a arena. Ele tinha um brilho diferente nos olhos e os tentáculos de seu cadou estavam expostos.
Donna me olhou incrédula e preocupada.
Ela sabia o que aquilo significava.
Olhei novamente para S/N e com o coração apertado disse que a amava.
Me virei para ir até a carruagem, mas senti ser segurada pelo braço.
Era Donna.

Ela tinha os olhos cheios de lágrimas.

"- Não faça isso minha irmã." - Ela apertava meu braço como se implorasse.

"- Não tenho escolha minha irmã. Vai dar tudo certo! Confie em mim!" - Tentei sorrir.

Ela me soltou e me dirigi até a carruagem.
Entrei procurando pela seringa com a droga, mas não a encontrei.

"- ONDE ESTÁ!! SEI QUE A TROUXE NO MEIO DAS ROUPAS!!"- Foi quando um estalo me veio a mente..

" S/N A USOU!"- Meu coração parou por um instante. " Ela não se alimentou das duas bolsas de sangue que garantem o controle da mutação."

Sai correndo novamente para o meio da multidão quando me deparo com ela empalada e a criatura investindo contra ela.

Me posto a sua frente em posição de defesa. E começamos a lutar.
Ele fazia de tudo para chegar até S/N, quando a ouço tentando se livrar da árvore que a empalava e me distraído por um segundo sou atingida por seu martelo e sou arremessada junto a ela.

Tudo escurece.

Recobro a consciência depois de um tempo e vejo Urias com seu martelo erguido sobre mim. Fechou os olhos esperando meu fim e sentindo que não veio, os abro novamente me deparando com algo que me deixa incrédula.

" Então esse seria o segundo estágio de sua mutação.."

Ela havia mutado e se transformado em um enorme dragão com escamas azuis e olhos brancos. Aquela ainda não era sua mutação final, mas os tentáculos de seu cadou saiam de suas costas, o que nós, infectados, sabemos que estava a um passo de acontecer.
Dava pra sentir a temperatura do ambiente esfriando a sua volta e o solo sob seus pés congelando.

Ela desviou o martelo com apenas um golpe de sua cauda.

" Impressionante a força descomunal que ela havia adquirido! Essa luta PRECISA acabar agora para que eu possa tentar conter a mutação!!" - Pensei tentando me levantar, mas senti que tinha muitos ossos quebrados que doeram na tentativa.

A vejo finalizar a criatura com uma facilidade assustadora.

"- S/N!"- A chamo para tentar trazer sua racionalidade de volta.

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Ela abaixou a cabeça grunhindo num choro sofrido, parecia preocupada comigo.

"- Meu amor, o que houve contigo?"- Falei estendendo a mão e tocando seu focinho.

Então ouço Mãe Miranda encerrando a cerimônia ao som de gritos e palmas da multidão.
Instantaneamente a vejo se agitar e sair correndo dali.

" Sua audição está mais sensível que nunca."

Tento correr em sua direção, mas não consigo devido aos ferimentos e caio de joelhos sendo amparada por Donna e Karen.

"- Preciso ir atrás dela antes que ela chegue no último estágio da mutação!"- Tento me levantar sozinha novamente, mas falho.

"- Minha irmã, você não está em condições de tentar nada agora! Está muito ferida!"- Disse dona m ajudando a levantar.

Heisenberg, vendo de longe o ué estava acontecendo veio as pressas ao nosso encontro.

"- Alcina, você está bem?"- Falou segurando meu outro braço.

"- Estou, mas S/N não estará em breve! Ela usou a droga no meu lugar!"- Olhei séria para Donna. Heisenberg franziu o cenho entendendo a gravidade da situação. "- E se não tomar do meu sangue o mais rápido possível, mutará de forma permanente! PRECISO ENCONTRÁ-LA!" - Tentei caminhar, mas realmente estava muito ferida e não conseguiria.

"- Eu vou atrás dela. Donna, leve Alcina para o castelo. Logo mandarei notícias." - Disse Heisenberg me ajudando a me apoiar em uma árvore.

Ergui os olhos, suspirei e acenei com a cabeça em um obrigado silencioso.

"- Me deve essa irmãzona."- Sorriu saindo a procura.

Heisenberg e eu nunca nos demos bem.
Digamos que disputávamos a atenção e a predileção de Mãe Miranda.
Vivíamos brigando, mas no fim das contas éramos "irmãos" e sabia que podia contar com ele.

[ POV Leitor]

Recostada sobre as pedras sinto a ferida doer e vejo que ainda sigo sangrando.

" DROGA! Não está querendo fechar!" - Me arrasto até uma d'água a alguns metros dentro da caverna e vejo meu reflexo.

" Meu Deus a mutação tá indo rápido de mais!"

De repente, ouço um barulho do lado de fora da caverna. Me preparo para uma possível luta, mesmo machucada precisava ao menos tentar me defender, quando vejo Heisenberg entrar chamando meu nome.
Com o susto acabei bufando alto fazendo com que a pedra ao lado dele congelasse e se desintegrasse, virando pó.

"- WOOOW! Calma aí ferinha! Sou eu Heisenberg! Não precisa ter medo, eu não vou te machucar!" - Falou com as mãos postadas em frente ao corpo em sinal de rendimento. "- Vim a pedido de Alcina, ela me pediu pra levar você de volta ao castelo."- falou se aproximando. "- E isso precisa ser rápido, ou não vamos conseguir fazer você voltar a ser você!"- falou assustado quando viu que a mutação estava avançando mais rápido do que ele imaginava.

Comecei a me aproximar dele possibilitando que visse meu real estado, estava bem ferida.

"- Você tá perdendo muito sangue. Vou te ajudar com isso, só um segundo."- Disse tirando um lenço e alguns trapos de uma bolsa que carregava para amarrar a ferida. Grunhi de dor no ato."- Pronto! Pronto! Agora precisamos ir. Consegue andar?" - Balancei a cabeça que sim.

Saímos daquela caverna e fomos em direção ao castelo.

Ao chegar Heisenberg me pediu para esperar na entrada para avisar que chegamos já que as  meninas não tinham muita noção do meu real estado. Ele tinha medo que elas se assustassem e tentassem me abater achando que eu era uma criatura tentando invadir o castelo.
Logo adentrei os portões principais e todos vieram ao meu encontro do lado de fora.

Minha Lady foi a primeira a vir até mim. Assustada com o que via já que quase dobrei de tamanho e cada vez mais estava parecida com um monstro.

"- Oh minha pequena jóia, vamos reverter isso! Eu prometo!"- Disse caminhando até mim com dificuldade e tocando meu peito. Baixei a cabeça num choro doloroso por vê-la naquele estado.

Foi quando ouvimos uma carruagem chegar. Era Mãe Miranda.

Ela desceu da carruagem fora de si.

"- Você quase estraga a cerimônia."- Falou erguendo uma das mãos em minha direção. Logo sinto meus músculos paralisaram. "- Mata o guardião do núcleo."- fechou a mão como se apertasse algo, e de fato apertava, o meu cadou. "- Vai pagar pelo que fez!"- Ria diabolicamente.

Meus instintos gritaram para fugir. Senti meu cadou se mover novamente dentro de mim e um rugido alto saiu de minha garganta. DOR! MUITA DOR!  Meus membros foram mutando, outro par de patas nasceu de minhas costelas, espinhos de gelo foram se formando ao redor de meu corpo, meu crânio foi se partindo em dois dando lugar a uma boca com duas vezes o tamanho original.
Asas brotaram de minhas costas juntamente com mais tentáculos.

"- MAE MIRANDA PARE! POR FAVOR! ELA JA SOFREU O SUFICIENTE POR HOJE! EU LHE IMPLORO!"- Suplicou minha Lady tentando se aproximar dela que foi lançada longe apenas com uma mão pela megera.

"- Alcina!"- Gritou Donna correndo até ela.

Vendo a cena mais raiva me subiu e tentei me mover em direção a Mãe Miranda. Um passo, sentia meu cadou cada vez mais comprimido, minha ferida se abrindo mais e o sangue escorrendo.

Dois..

Ela franziu a testa vendo que eu ainda estava conseguindo me mover.

Ergui um dos braços para alcançá-la,  mas num movimento brusco ela me lançou ao solo. Imóvel, indefesa.

Ela ainda tinha poder sobre os infectados e eu era um deles, logo todo esforço de tentar contra ela seria em vão.

"- Vou cuidar para que nunca mais consiga chegar a esse ponto."- Seu rosto estava indecifrável, um misto de surpresa com uma pitada de medo.

Ela injetou em mim um tranquilizante potente me fazendo apagar, tendo minha Lady desacordada como última visão antes do breu.

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