Capítulo 2 (atualizado)

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Dois dias depois...

Eu estava descendo as escadas quando notei a porta da frente ser aberta por um homem, pela roupa social de aspecto caro ele demostrava poder, a pele com um tom leve de amêndoa cintilava pela entrada da casa, ele carregava uma pasta preta em sua mão e tinha um olhar sério e distante, provavelmente ele estaria perdido nos eus próprios pensamentos.

Não demorei muito para confirmar que aquele era o meu chefe, um homem elegante, rico e perigoso. Erik Fernandes. Olhos negros, cerca de um metro e oitenta, pele bronzeada, e barda por fazer. Eu já havia visto algumas fotos suas em alguns sites de fofocas, mas geralmente sua foto e seu nome estavam sempre atrelados as grandes investigações criminais.

Assim que ele saiu em direção a um dos corredores e eu o perdi de vista acabei despertando dos meus pensamentos e me dei conta de que Josy me encarava com um olhar de repreensão. Ela caminhou em minha direção, em seu rosto um olhar tenso e os braços cruzados apenas confirmaram a sua irritação.

Assim que ela se aproximou de mim eu apenas me encolhi e a olhei com confusão. Eu não entendia o que havia acontecido e me perguntava o que de tão grave eu tinha feito.

Malu: - O que aconteceu? – perguntei tentando disfarçar minha cara de espanto.

Josy: - O senhor Fernandes chegou. Então trate de fazer o seu serviço da melhor forma. Assim que possível mandarei alguém lhe chamar pois ele irá conhecê-la.

No dia da minha entrevista Josy havia me informado que o chefe viajava muito, mas que ele conhecia cada um de nós, me perguntou se eu tinha algo a esconder e eu prontamente neguei. Ela me informou que por questão de segurança todos nos éramos investigados, levando em consideração que o nosso chefe é influente e lida com diversos criminosos.

Na casa não é permitida a entrada de celulares assim como câmeras e depois objetos, porém a casa é monitorada por câmeras e vários outros equipamentos de segurança, lá fora, no jardim há vários e vários seguranças, todos armados e preparados para um possível ataque.

Nos primeiros dias isso me afligia muito, mas aos poucos fui me acostumando e me sentindo bem mais segura do que quando eu estava na rua.

Alguns minutos depois a outra empregada me avisou que Josy me esperava no escritório e que o senhor Fernandes também estava lá. Saí com passos rápidos e bati nervosa na porta, eu me sentia completamente deslocada na frente de um homem com um olhar tão intimidador como ele. Josy abriu a porta e me encarou autorizando a minha entrada e não pensei duas vezes em dar os primeiros passos para um dos poucos cômodos que eu não conhecia.

Malu: - Bom dia! - Droga, minha voz saiu estremecida.

Josy: - Senhor Fernandes, essa é a senhorita vilela, ela está ocupando o cargo de empregada doméstica. - falou com uma voz tranquila.

Neste momento, achei que fosse desmaiar, enquanto o miserável não tirava os olhos de uns papéis. Era como se nós não estivéssemos ali, ele simplesmente nos ignorou. Alguns instantes depois, ele me olhou de forma vazia, suspirou e apenas falou:

Erick: - Espero que cumpra o seu trabalho. - sua voz rouca pronunciou as palavras de seco, em seguida, voltou a olhar para o computador.

Malu: - Com licença. - isso foi tudo o que eu consegui sussurrar.

Sai de lá ainda nervosa e um pouco chateada pela forma com que ele não demonstrou sequer interesse em falar comigo. Pela primeira vez me senti inferior a ele, como se eu fosse um nada. Tentando me acalmar e afastar os pensamentos negativos resolvi focar no meu trabalho e isso até funcionou, porém, na hora do almoço todos deveríamos estar presentes na sala, enquanto o senhor Fernandes almoçava e isso de certa forma trouxe a tona o meu receio de me sentir mal novamente.

A tensão se espalhava no ar, a maioria dos empregados que assim como eu estavam enfileirados na lateral da grande sala de jantar estavam em pânico.

"Do que será que ele vai reclamar hoje?" Havia sido a pergunta de um dos ajudantes de cozinha enquanto tomávamos café algumas horas antes. Cada um tentava dar o seu palpite de como o nosso chefe estaria e do que ele iria reclamar. O grito me assustou e confirmou que cada um ali tinha razão em temê-lo.

Erick: - Quanta irresponsabilidade. Os talheres da sobremesa estão invertidos. Quem foi o responsável por supostamente organizar a mesa? – questionou olhando cada um de nós.

Marcos um dos cozinheiros deu um passo à frente, Erick o fuzilou com o olhar e não demorou muito para que ele quebrasse o silêncio que preenchia o ambiente.

Marcos: - A culpa é minha, senhor. Eu me confundi e acabei trocando, não se preocupe, irei reorganizar agora mesmo. - falou de cabeça baixa.

Erick: - Você pretende organizar enquanto estou aqui? Isso é um absurdo! Você recebe um salário para cumprir com obrigações que devem ser realizadas da forma certa. Por sua culpa eu perdi a fome. Caso você volte a cometer um erro desses, sinta-se convidado a ir trabalhar em outro lugar. - falou com a voz firme.

Achei que ele fosse sair dali, que resolvesse voltar para o seu escritório ou quem sabe pudesse desaparecer por mais alguns dias. Mas ele apenas se virou encarando todos nós que mantínhamos a mesma postura e seriedade, mas eu sabia que por dentro cada um de nós queria gritar e dizer o quanto aquela situação era ridícula.

Erick: - Todos vocês prestem atenção no que irei falar. Não existe erro pequeno ou grande, um erro sempre será um erro. Não quero pessoas que fazem as coisas sem prestar atenção. Caso estejam insatisfeitos, me procurem e eu assinarei a demissão com muito prazer. - concluiu o senhor Fernandes ao encarar todos nós.

Senti um alivio quando ele levantou e subiu as escadas indo em direção ao escritório. Neste momento eu pude perceber que Marcos estava revoltado e os outros funcionários comentavam que não havia necessidade de tal situação. Eu estava chocada. Acho que nunca esperei que um homem tão bonito e jovem carregasse tanto rancor e má educação.

Após o incidente, o senhor Fernandes passou a tarde trancado no escritório. Somente saiu na hora do jantar. Comeu em silêncio e nenhum de nós ousou fazer nada, apenas ficamos olhamos para frente e tentando esconder a indignação do que aconteceu mais cedo.

O restante da noite passou tranquila. Antes de dormir pensei em tudo o que havia acontecido durante o dia e me perguntei por diversas vezes o que era capaz de tornar um homem tão arrogante e indiferente quanto ele.

O dia amanheceu nublado e junto com ele o humor do patrão. Ele fez reclamações sobre o tempero da comida, sendo que a cozinheira não fez nenhuma mudança. Ele gostava de reclamar e eu não entendia o porquê de tanto mal humor.

Eram cerca de dez horas da manhã e eu estava limpando a biblioteca, tomei o cuidado de fazer tudo com muito cuidado, eu temia ser a próxima da lista de funcionárias a levar reclamações, mas de nada adiantou, pois, agora estava eu levando justamente uma reclamação sem merecer.

Desde que Josy me informou que eu deveria ir até o escritório do meu chefe eu percebi que o que eu mais temia tinha se confirmado e eu seria a próxima a qual ele descontaria a sua ira. Não demorou muito para que eu confirmasse as minhas suspeitas quando ele me olhou e começou as infinitas reclamações.

Erick: - Você não tem que mudar o lugar dos livros nem tentar organizar de outra forma, a única coisa que você faz é limpa-los, você está entendendo? - falou meu chefe com aquele olhar raivoso.

Malu: - Senhor, me desculpe, mas os livros estão no mesmo lugar, na mesma ordem, sendo assim, na mesma organização. - me defendi.

Erick: - Como é? – me perguntou com cara de espanto e em seguida continuou – você acha que eu perderia o meu tempo, tendo que reclamar de um erro que não foi cometido? Esta é a minha casa, ou você segue as regras ou você não poderá trabalhar aqui. - me encarou com raiva.

Ele estava sentado na grande cadeira do seu escritório e isso o deixava ainda mais aterrorizante, resolvi não o confrontar e apenas concordar com as suas reclamações sem fundamento.

Malu: - O Senhor tem razão, não voltará a acontecer. Falei depois de pensar e lembrar o quanto eu preciso desse emprego.

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