Mal adentrei a delegacia e uma pilha de papéis já estava em minha mesa, mais um assassinato de um homem influente, dessa vez um Governador. O corpo caído em um matagal exibia um buraco na testa, e seu peito nu ostentava a sigla "W.L" feito provavelmente com uma faca, todos sabíamos que era coisa de William Levy, o maior criminoso do país, mas ele era esperto o suficiente e nunca conseguimos provas suficientes para prendê-lo. Eram mais de 15 anos nessa vida de gato e rato, e cada dia ele ficava ainda pior. A princípio era alguns estelionatos aqui e ali, depois uns furtos muito bem elaborados e agora por fim o tráfico. Não era apenas drogas, como também armas. E não é segredo para ninguém a quantidade de gente poderosa que faz parte de toda essa rede macabra, a questão é que aparentemente William anda fazendo um limpa em seus sócios e cada dia é uma nova morte para investigarmos.
- O que sabe sobre esse Governador, Elias? - Perguntei para o investigador.
- Parece que era boca grande e estava falando mais do que podia.
- Sabe que coisas eram essas que ele andava tagarelando?
- Parece que ultimamente ele estava gostando de dizer que era ele quem mandava na organização, caiu nos ouvidos do chefe, e sabemos que Levy não deixa nada barato.
- Se a pressão sobre nós já estava grande, imagina agora que o assassinado da vez foi um Governador. Que porra! - Aquela situação toda já estava me desgastando, eu precisava de um flagrante para não ter erro e conseguir prender aquele filho da puta de uma vez.
- Vou dar uma olhada aqui na perícia, qualquer pista me avisem.
- Ok. - Respondeu e saiu em seguida, me deixando sozinha na sala.
Na perícia constava um tiro na testa feito por um revólver Taurus de calibre 38, não havia duvidas que haviam disparado com a arma encostada na pele do homem. Ele também possuía várias marcas roxas por todo corpo, o espancaram sem dó. O homem morreu antes de levar o tiro, lhe bateram tanto que conseguiram provocar uma hemorragia interna.
Era uma cena deplorável, era difícil não se arrepiar com tanta maldade.
Fiquei o dia todo ali, vendo e revendo as fotografias, para ter certeza que nada estava passando batido. Quando peguei meu celular já passava das 20:00h, estava totalmente sem fome, então decidi sair dali para tomar alguma coisa antes de ir para casa.
Acabei parando em um barzinho que havia no caminho, era um lugar mais reservado e silencioso, por isso era o meu preferido da cidade.- Me vê duas doses de tequila pura. - Pedi para o barmen enquanto me sentava na bancada.
- Dia difícil, delegada?
Nem precisei olhar para saber de quem se tratava, a voz daquele homem era do tipo que não se esquecia tão fácil. Desde o dia que consegui uma autorização para fazer uma busca em sua casa a uns 3 anos atrás ele sempre vinha me perturbar quando me via.
- Deveria ter feito teatro, William. É um excelente ator. - Respondi virando uma das doses, o líquido desceu queimando minha garganta. Acho que nem água eu havia bebido naquele dia.
- Sério? Por que acha isso? - Questionou cínico enquanto sentava ao meu lado e pedia uma garrafa de vodka.
- Um hora você vai deixar uma prova para trás, e eu terei um orgasmo de felicidade enquanto coloco as algemas em seus pulsos.
- Falando assim quase me faz ter vontade de pagar pra ver, só para poder assistir seus olhos revirando de prazer enquanto goza de certa forma para mim. - Falou acariciando minha bochecha com as costas de sua mão, mas rapidamente bati em seus dedos.
- Não me toca, seu imundo. - Ralhei irritada, tomando a terceira dose que eu nem vi que havia pedido.
- Não pode negar que não sente desejo por mim, senhorita Perroni. Eu sei que as certinhas ficam molhadinhas por um fora da lei.
- Acha que sou uma jovemzinha? Sou uma mulher experiente, que a muito tempo deixou de ser atraída por cafajestes, ainda mais quando o cafajeste em questão também é um assassino!
Não posso negar que de fato aquele desgraçado era lindo para caralho, era um metro e noventa de muitos músculos, um rosto perfeitamente desenhado com um maxilar quadrado, boca carnuda, olhos de avelã que exibiam um cílios capaz de dar inveja nas mulheres. Além de usar um corte de cabelo estilo militar que só o deixava ainda mais sexy. Sempre tive uma queda por tatuagens, e ele possuia o braço direito todo fechado com diversos desenhos. E para contemplar aquela visão quase monumental o bandido tinha estilo, ele adorava os trajes mais sociais, quando ele usava a camisa preta com as mangas dobradas e os dois primeiros botões abertos, era o próprio pecado em pessoa.
Mas de nada adiantava tanta beleza por fora se existia uma podridão imensurável por dentro.- Assassino? Está me acusando sem provas, delegada? Não preciso ser especialista em leis para saber que isso é crime.
- Me faz um favor? - Ele apenas fez um sinal para que eu continuasse a falar. - Sai de perto de mim, eu estava até agora trancada em uma sala por culpa sua. Estou farta de você.
- Nossa, mas eu gosto tanto da sua companhia.
- Não vai sair? Então pode deixar que saio eu. - Levantei e peguei a carteira para pagar, mas mudei de ideia. - Aliás, acerta aí para mim, pois se eu estou enchendo a cara em plena terça feira é porque você é o motivo.
- Até mais, doutora. É sempre um enorme prazer. - Falou ele em alto e bom som para que eu pudesse escutar da porta.
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Entre o bem e o mal
RomanceDuas vidas unidas pelo mundo do crime, a diferença é que enquanto ele é responsável pelos atos ilegais, ela é uma delegada em busca de justiça. Eles são como água e fogo, e todos sabemos que às vezes quando se joga água em um incêndio, uma explosão...