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Anna Luiza.

Os dois besta já tinham ido embora sobrando só eu e o Felipe de novo e agora a gente já tava sentados na sala esperando minha mãe e meu pai chegar.

Clima tava tenso pra caralho afinal de contas a minha relação com ele não é das melhores a muito tempo e agora nós dois estamos na mesma bolha que ta prestes a estourar.

Escutei o barulho do carro parando na garagem e respirei fundo quando juntou um barulho de moto indicando que os dois tinham chegado juntos pra minha felicidade.

Índia: ué o Felipe ta ai? tanto tempo que esse menino não dá as cara aqui em casa pra ver a família, vou deserdar logo.

Deve que ela viu a moto dele parada lá fora.

Vilão: deve tar pegando é fogo lá dentro.

A porta abriu e eles pararam olhando pra nós dois vendo o silêncio e qualquer um consegue sentir o clima pesado que ta espalhado pela casa inteira.

Índia: que que aconteceu?

Voltou a andar colocando a chave do carro em cima da mesa e meu pai foi atrás tirando a pistola de baixo da camisa.

Pelo menos armado não vai tar pra matar ninguém.

Anna: pai.....

Perdi as palavras e olhei pro Felipe tentando disfarçar a minha vontade de subir essas escadas correndo e chorar trancada no meu quarto.

Vilão: calma filha, a gente conversou lembra? você é nova e tinha muito o que viver ainda mas agora não tem mais o que fazer né? cometeu um erro e vai assumir, mais teu pai vai tar sempre aqui contigo.

Ele sentou do meu lado me puxando pra ele e me abraçou, olhei pra minha mãe que tava sem nem palavras e depois olhei pro Felipe que tava paralisado intercalando o olhar entre eu, o pai e minha barriga.

Índia: só tem uma coisa que a gente precisa saber.

Engoli o seco fechando os olhos tentando respirar bem fundo.

Vilão: quem é o filho da puta?

Eu vou chorar.

Não tive tempo nem de abrir o olho só escutei meu pai murmurando um "sabia" e quando abri os olhos o Felipe tava em pé.

Terror: o filho é meu.

Índia: para de brincar com isso Felipe, coisa séria.

Terror: eu tô falando que o pai sou eu.

Eu não tinha reação nenhuma, olhei pra minha mãe e ela tava ficando vermelha, olhei pro meu pai que ainda não tinha me soltado mais tava com a cara fechada.

Índia: como assim? Anna? Felipe? como assim, meu Deus?

Terror: a gente tava juntos e acabou indo mais além do que devia, a gente não imaginou que ia chegar nesse ponto.

Índia: Diogo? você ta escutando isso? pelo amor de Deus vocês dois tão com a cabeça aonde? vocês são irmãos caralho, tão tudo ficando doido?

Falou quase gritando e eu senti minha primeira lágrima descer.

Terror: a gente não é irmão.

Índia: vocês são irmãos sim Felipe, vocês cresceram juntos, na mesma casa, com os mesmos pais, a mesma família, vocês são irmãos sim cacete.

Vilão: Manuela calma.

Índia: calma Diogo? como que tem calma? minha filha ta grávida do meu filho, porra, que que você tem na cabeça Anna Luiza? merda? isso não entra na minha cabeça de jeito nenhum, atitude de puta ficar abrindo as pernas pro próprio irmão caralho.

Não tava conseguindo falar nada, tava realmente sem reação nenhuma.

Terror: fala com ela assim não, na moral mermo.....

Índia: falo como eu quiser Felipe, você é outro que eu tenho que perguntar que porra que tem na cabeça? tanta menina por aí caralho, vocês dois não tem um pingo de juízo na cabeça, puta merda vocês são irmãos, irmãos, e você Diogo? não vai falar nada pros seus filhos?

Mesmo não querendo olhei pro meu pai vendo que ele já me encarava e foi aí que eu chorei muito mais, ele podia não tar falado nada mais o olhar dizia tudo.

Vilão: dês de quando? em Luiza?

Anna: é uma longa história.....

Falei soluçando e meu pai me soltou do abraço repetindo a pergunta.

Vilão: dês de quando Felipe?

Terror: dês de sempre, você ta ligado po.

Vilão: não cheguei achar que era nesse nível, vocês sempre foram próximos demais, era tudo vocês dois, o ciúmes, a proteção, os abraços, mais agora uma relação? quando isso aconteceu?

Terror: sempre, sempre fui amarradão na sua filha e sei que tudo que eu sinto é recíproco, dei mancada demais com ela tentando evitar o que eu sentia mais tudo piorou quando a gente tentou seguir caminhos diferente e mesmo tentando evitar, mesmo tento ódio e rancor no nosso meio, tudo aconteceu de volta, o que eu sinto por ela não é brincadeira não, nunca foi só uma ficada, tem a porra do sentimento entre a gente que mesmo a gente tentando evitar não tem como fugir, não mais.

Índia: eu não tô acreditando nisso, sentimento Felipe? Que sentimento caralho, vocês são irmãos porra, família, não tem essa de sentimento ou vocês tão pensando em que? em ter essa criança? em criar uma família vocês dois?

Eu ia tentar falar alguma coisa mesmo desacreditada das últimas palavras dela, imaginava um surto tanto dela quanto do meu pai, mais falar como se eu fosse ter coragem de tirar meu filho foi demais, mesmo não querendo eu sei das minhas responsabilidades e também sei que minha mãe é totalmente contra o aborto pra agora ficar questionando se a gente realmente vai ter essa criança mas antes de eu abrir a boca o Terror já tinha aberto a dele.

Terror: papo reto já, te respeito pra caralho, admiração total em você, tu é mãe de sangue da Luiza, e minha do coração, mais cê tem que tar ligada que mesmo tando convivendo com a gente por agora, tudo o que você conhece e sabe da gente é recente, você infelizmente não acompanhou a gente dês do início e não sabe tudo que já aconteceu entre eu e a Anna Luiza, o bagulho entre a gente nunca foi irmandade, nunca teve essa consideração de irmãos que você acha que tem. Sempre fui doido no Vilão e amo ele do fundo do coração mais eu fui criado sabendo que meu pai é o Kaique e mesmo sem não ter conhecido eu tenho orgulho dele e sei que o meu sangue é o dele, Diogo é meu padrinho um paizão mais é do coração, mãe de sangue eu tô ligado na história mais tenho você que também é do meu coração, perdoa se o meu coração escolheu a sua filha pra amar, mais eu não controlo isso e eu sei que eu não tô cometendo nenhum crime e mesmo se tivesse ia ser só mais um pra lista que ninguém pode julgar, a gente não é irmão e mesmo que ninguém soubesse que a gente tinha todo esse rolo todo mundo percebe que a gente não tem essa consideração de parentes, alguém deveria ter te avisado sobre a realidade.

Coloquei a mão na boca e sai correndo pro banheiro vomitar tudo que o Felipe tinha me obrigado a comer antes deles chegaram.

Senti alguém segurar meu cabelo e depois de terminar de soltar tudo levantei meio tonta percebendo que a tatuagem que tampava o braço era a do meu pai.

Ele me puxou pra perto dele e me abraçou de novo e eu chorei mais, chorei de soluçar.

Vilão: depois a gente conversa, só nós dois, você sabe que pra sempre, mesmo você errando, o pai vai tar contigo.

Balancei a cabeça concordando sentindo o nó na garganta.

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Lance Criminoso Where stories live. Discover now