AMOR DE CAFETERIA

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AMOR DE CAFETERIA

A noite caiu de repente. Tão de repente quanto aquele adeus.
Ela não poderia prever, mas se tivesse previsto, estaria igualmente triste, com os olhos molhados e a boca seca. Ficou olhando o amor se afastar até sumir no horizonte, estendeu a mão trêmula, como se pudesse segurar aquele último instante. Ilusão.
A garçonete recolheu o café frio e intocado, sorriu amarelo, perguntando se não estava do agrado. Pobre moça, se ela soubesse que o coração estava muito mais frio que aquele café, teria impedido a partida antecipada do amor.
Caminhou pelas ruas agora vazias, poucos mortais apressados circulavam aqui ou acolá, alheios à dor que dilacera a alma de quem perde. Chorou sozinha, até ficar vazia e deixar de sentir, de ver, de pensar, de querer.
O que a chorosa garota não viu foi a companhia que lhe seguiu, logo que deixou a cafeteria. Um par de olhos atentos sentiu a aura de dor e pressentindo o perigo que passa aquele que sofre, foi atrás da moça desiludida.
Quando os primeiros pingos gelados começaram a cair, um guarda-chuva amarelo se abriu sobre a sua cabeça. Olhou para as mãos firmes que seguravam o objeto, tão valioso numa noite chuvosa, um rosto formoso lhe sorria. Sorriu de volta.
Caminhou em silêncio ao lado daquela pessoa, de sorriso franco e alma boa. Chegou no portão de casa, tirou as chaves da bolsa e abriu a porta e o coração. Contou de suas dores e ouviu das dores alheia. Entendeu que a felicidade é momento e todos no mundo estão sujeitos ao sofrimento.
Agora, com os olhos secos e a boca molhada, marcou encontro para o outro dia, outra vez, na cafeteria, ali terminou, ali recomeçaria.
FIM

🦋 QUELI RODRIGUES 🦋

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⏰ Last updated: Apr 26 ⏰

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