4. Mestre das Chamas em chamas.

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Título: EU. VOU. ENLOUQUECER.

Subtítulo: SAIA. DA. MINHA. MENTE!

Frase de efeito: Por que você não monta numa tartaruga e vai se ferrar bem devagar?

Completamente injuriado e nauseado, fecho a tela do MacBook sem pensar duas vezes, porque a primeira foi o bastante para que eu ainda sinta resquícios de consciência. Não sei em que momento normalizei me desligar da realidade para me enfiar no que a minha mente, em instantes de deslize, me faz pensar, sobretudo imaginar.

É, eu me sentia desorganizado mentalmente, travando uma batalha sangrenta entre a realidade e a ficção baseada na loucura total, tudo isso porque as palavras de Jeon Jungkook estão sapateando por minha cabeça como se ela fosse o palco para um show de Heavy Metal. Em que momento eu permiti o agravamento dos meus pensamentos? E por que eu fecho os olhos e me recordo de suas palavras?

"Tesão em escrever você tem, não tem?"

"Eu enxergo a liberdade em vocês, ou como você diz... Nas palavras que escrevem. Não deixe que a frustração lhe roube isso".

Acontece que eu não estava sabendo muito bem como conduzir a porra da situação. Quando me sentava para escrever, o rosto de Jeon Jungkook, sua voz e a dinâmica que porta ao se comunicar comigo reaparecem como se ele fosse um vizinho simpático que bate na minha porta e me oferece biscoitos caseiros. É tudo tão esquematizado e natural que me assusta, assusta mesmo, para um caralho. Não imaginei que o meu sexólogo pudesse me deixar assim.

Espere até ver as diversas maneiras que ele pode te deixar. Uhum, confie em mim, você vai se surpreender e, olhe só, Jimin, você só precisa não fazer barulho algum...

Diferente do costume, dessa vez o meu subconsciente aparece sentado em uma poltrona vermelha, degustando uma taça de vinho. Suas pernas estão cruzadas e um sorriso cafajeste estampa seus lábios. Eu não me assusto, mas respiro fundo, levo a mão até as pálpebras e coço os olhos, chegando à conclusão de que eu estou enlouquecendo mesmo. Não é possível. Porra, não é.

Afasto o MacBook para a ponta da cama, me levanto e vou para o banheiro. É cedo, o sol está nascendo, mas eu não me coloco na linha de frente do risco em me atrasar novamente para a orientação do dr. Jeon. Sei que ele pode ser cordial e paciente, mas repetir gafe não é comigo, então sou breve no tempo que passo me arrumando, esse mesmo tempo leva Seokjin a quase derrubar a minha porta com suas batidas insistentes. Eu saio do banheiro com uma toalha no quadril e o peitoral escorrendo gotas, caminho em direção à porta e a abro, dando de cara com o sorriso aberto, exagerado e descarado do meu melhor amigo.

— Tenho fofocas! — Invade o meu espaço.

Encaro o corredor antes de empurrar a porta e fechá-la com o pé.

— Bom dia, senhor redator. — Murmuro, seguindo seus passos. — Como vai?

Seguindo o costume, Jin segue até o frigobar e tira de lá uma latinha de energético. Enquanto ele se aproveita da regalia do Mirror Lake, eu procuro no closet uma peça de roupa confortável para essa manhã. Posso falhar terrivelmente em gozar, mas me visto como um verdadeiro deus do sexo, e esse título ninguém me tira.

— Não estrague a minha manhã com menções ao trabalho. — Diz, deitando-se em minha cama. — Estou de férias, a minha liberdade cantou, aceite a sua prisão.

Dentro do closet, eu reviro os olhos.

— O que você tem para me contar?

— ENTÃO! — Escuto o brado atravessar o quarto. Não posso enxergar Seokjin, mas sei que ele está com os olhos arregalados e um sorriso no rosto. — Sabe o Kim Namjoon?

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