Capítulo 2

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O último toque da campainha ecoou pelos corredores da escola, marcando o fim da última aula do dia. Enquanto eu aguardava ao lado da minha Mercedes CLE, observava a multidão de estudantes ansiosos pela noite, mas minha atenção estava focada na chegada do trio que eu levaria para a casa: meus irmãos mais novos Finn e Will e Octavia Torrance, a filha mais nova do meu Tio Damon e irmã de Ivarsen.

Finn era um ano mais nova que eu, mas possuía uma confiança que transcendia sua idade. Ela logo surgiu, irradiando uma presença que a colocava no controle do seu próprio mundo. Will a seguia, seu espírito alegre contrastando com a seriedade e por último, Octavia, ou Tavi, como a chamávamos, caminhava ao lado deles, uma sombra silenciosa.

— E aí? Prontos para dar o fora daqui? — chamei, um sorriso travesso brincando nos meus lábios enquanto os três se aproximavam.

Finn acenou, despreocupada como sempre. Will, o caçula, estava pronto para escapar da rotina escolar. E Tavi, assentiu silenciosamente.

Entramos no carro, e coloquei Thnks fr th Mmrs do Fall Out Boy para tocar, e saímos em direção a estrada a caminho de casa. Olhei pelo espelho retrovisor e percebi que Tavi olhava pela janela, seus pensamentos eram um enigma que eu não tentava decifrar.

Enquanto dirigia pela cidade, toda decorada para o Halloween, eu me pegava pensando na dinâmica peculiar entre Tavi e Will. Ela, sempre mais fechada desde o incidente com Madden, encontrava conforto na presença do meu irmão.

Tavi costumava ser tagarela, uma fonte interminável de risos e brincadeiras. Era difícil acreditar que a energia vibrante e despreocupada que ela exibia naquela época havia sido substituída por uma sombra silenciosa.

O acidente com Madden foi um divisor de águas. Eles eram inseparáveis, companheiros, confidentes de segredos que só eles compartilhavam. Mas algo aconteceu, algo que mudou Tavi para sempre e após isso, Madden partiu de Thunder Bay, deixando uma lacuna que nem mesmo a amizade sólida com Will poderia preencher. Meu irmão era um amigo leal e sempre presente, mas ele não podia substituir Madden. 

A cidade murmurava sobre o destino de Madden, alguns falando de Blackchurch, outros sugerindo destinos ainda mais sombrios. Mas meu pai e o Tio Kai sempre negaram veementemente, garantindo que Madden estava bem.

— Tavi, como foi seu dia? — perguntei, tentando trazer os pensamentos dela de volta.

Ela ergueu os olhos tirando os cabelos do rosto, seu olhar perdido por um momento antes de responder. — Normal, Indie. Como sempre.

Will, ao seu lado no banco de trás, lançou um olhar solidário a Tavi. Eu sabia que ele entendia a dor silenciosa que ela carregava. A palavra "normal" ecoou, mas nós sabíamos que a normalidade dela não era a mesma de antes. 

O fato de a resposta ser sempre a mesma quando perguntávamos aos nossos pais sobre Madden agravava ainda mais a dor de Tavi, alimentando o ressentimento que crescia dentro dela. A sensação de que Madden havia a abandonado era um fardo pesado que ela carregava, e eu podia sentir a intensidade de suas emoções no silêncio compartilhado dentro do carro. 

Will, meu Tio Damon e minha Tia Winter pareciam ser as únicas âncoras que ainda a conectavam à alegria. O rosto dela iluminava-se quando estava com eles, uma pequena luz em meio à escuridão que se estabeleceu desde a partida de Madden.

Eu queria poder voltar naquele tempo, quando Tavi e Madden eram inseparáveis. Sentia falta da alegria contagiante dela, das suas travessuras e brincadeiras. E, sentia falta de Madden também, ele era uma peça vital que faltava no quebra-cabeça das nossas vidas.

A tensão no carro diminuiu ligeiramente quando Will apresentou a Tavi um pacote carinhosamente embrulhado. A curiosidade iluminou os olhos dela enquanto desfazia o papel, revelando uma caixa. E, então, a felicidade que brilhava em seu olhar trouxe alívio para todos nós.

Conviction | Série Devil's NightOnde histórias criam vida. Descubra agora