Quando tinha quatorze anos, Amber tomou seu primeiro gole de álcool de uma garrafa de whisky que achou no escritório de seu pai, o líquido pareceu encher seus pulmões com fogo e a deixou tonta por um bom minuto. A sensação que sentia agora era a mesma.
Elijah estava parado bem no meio da porta de entrada da capela, a crescente luz do nascer do sol lançando sua sombra deformada pelo chão sujo, dando a impressão de dividir o local em duas metades. Rose segurava Trevor no lado esquerdo, pronto para fugir a qualquer instante, enquanto Circe estava a direita, com o queixo erguido e uma expressão de serenidade perturbante.
Mas Amber, amarrada na cadeira em frente ao altar, ficou cara a cara com o rosto que conheceu semanas antes em um restaurante qualquer, ao qual não tinha reservado nenhum pensamento desde então. Mesmo para ela, tão acostumada a criar hipóteses e teorias, nada daquilo fazia sentido.
O olhar do homem não desviou do seu por um longo momento e, quando o fez, foi para analisar o restante do ambiente a sua volta, as amarras em seus pulsos, as serpentes mortas a sua volta e a proximidade de Circe, para quem ele se direcionou.
— O que significa isso? — ele questionou, sem nenhum tom ou emoção em sua voz.
— Chame de uma bandeira branca, Elijah. — falou Circe, descendo os degraus do altar, mas mantendo uma boa distância entre os dois ainda assim. — Gostaríamos de fazer as pazes.
— E julgaram que essa... — Elijah deu um passo em frente, olhando para Amber outra vez. — Era a melhor forma de chamar minha atenção.
— Os rumores são verdadeiros, Elijah. — foi Rose quem falou. Deixou Trevor em seu canto escuro da capela para se aproximar da bruxa e do vampiro, com uma postura determinada. — Há uma outra forma de quebrar a maldição, a Aiónios é a resposta e nós a encontramos para você.
O problema, Amber notou mentalmente, é que ele já tinha a encontrado.
— Deixe-me adivinhar. — o vampiro deu mais alguns passos a frente, colocando-o a meio caminho do altar. — Querem trocar suas liberdades, pela vida dela?
— Pelo sacrifício dela, seria melhor.— corrigiu Circe. — Isso é: se você estiver em posição para nos garantir esse perdão.
— Eu tenho plena autoridade para concedê-lo, senhora LaFay, e assim eu o farei. — Elijah declarou.
Como se tivesse toda a paciência do mundo, ele continuou seu caminho pelo corredor até a cadeira de Amber, cujas emoções já transbordavam de confusão e começavam a atravessar o reino do terror. Cada uma daquelas pessoas parecia pronta para matá-la na primeira oportunidade, mas não tinha ideia do que esperar de Elijah, o que o tornava a pessoa mais assustadora do lugar.
Por que aceitaria aquele acordo, sendo que já sabia onde ela estava aquele tempo inteiro?
Antes que se aproximasse demais, Rose se colocou no caminho entre o original e a garota humana, que se permitiu sentir um fio de esperança de que a transação poderia não ocorrer.
— Você é um homem de sua palavra, Elijah, mas eu preciso te ouvir dizer. — ela pediu ao homem.
O vampiro olhou dela para Trevor, que tentava se aproximar do grupo de forma covarde, pelos cantos.
— Você tem a minha palavra de que terá meu perdão, Rose-Marie. — disse Elijah, com o aceno da cabeça.
Seu compromisso verbal pareceu ser o suficiente para convencer a mulher, que deu um passo para o lado, aliviada com a certeza de que sairia dali com vida. Em seu movimento, deixou Amber e Elijah cara a cara outra vez.
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Intocável → TVD
Fanfiction"Esses são tempos de milagres e maravilhas" - Paul Simon The Vampire Diaries AU SLOWBURN ATUALIZAÇÕES LENTAS Iniciada: 04/11/2021