Eu e Vincent fomos caminhando até a casa dele. Que por sinal, era muito longe! Eu nunca pensei que fosse caminhar tanto na minha vida, eu já estava quase morrendo de tanto caminhar pelas ruas de Londres.
Entediada, eu resolvi puxar assunto com Vincent:
- É...Vincent, sem querer ser chata, mas...o que você faz da vida? Do que você vive?- perguntei.
- Eu era de uma família aristocrática, mas agora eu sou caçador de recompenças.
- Deixa de ser lesado, eu perguntei qual era a sua profissão.
- Ah tá!- disse Vincent, agora se ligando- Eu era ministro.
- Passada! Mas por que você parou?- perguntei, curiosa.
- É uma história meio complexa- disse Vincent, meio sentido- Não gosto muito de falar sobre.
- Mas eu quero saber, você não...- eu então fiquei em silêncio de repente, logo lembrei que ele teve um relacionamento com a Mariana, então era meio óbvio o porquê.
- Por que você ficou em silêncio de repente?
- É porque o motivo parecia meio óbvio- disse eu, agora passando na frente dele e indo até a casa dele.
Era uma grande mansão, era branca e tinha algumas flores que estava meio murchas na entrada. Parecia meio abandonada, sabe?
Ao entrar na casa, vi que o lugar estava meio bagunçado - meio pra não dizer muito.
Haviam muitos papéis na mesa, bandejas de comida empilhadas, copos abandonados e algumas garrafas vazias.Eu poderia até contar os restos de maçãs que estavam abandonadas, mas se eu fizesse isso, faria vocês ficarem entediados.
Eu então me aproximei dos papéis e vi um desenho de uma mulher que parecia muito comigo:
- Essa é a minha avó?- perguntei, curiosa.
- É sim, é bem perceptível, vocês são iguais. A única diferença é que ela sabe lutar, e até agora tem um casório anulado com o Drácula.
- Drácula, o vampiro?
- Não, o Papa.
- Engraçadinho!- disse eu, revirando os olhos- Mas pelo visto é ele mesmo.
- Erik me contou que Aleera invadiu sua casa, como foi?
- Ah, foi uma loucura. Eu estava vendo minha seriezinha na TV, era um dorama ótimo. Até que a campainha toca, e eu vi que tinha uma senhora lá fora, né? Aí ela pediu água, e eu humildemente fui pegar, né? Só que aí, ela virou uma vampira gostozona e me atacou. Eu achei uma audácia, porque ela pediu água e depois me atacou.
Vincent estava tentando segurar a risada, mas acabou rindo. Eu então franzi o cenho e fiquei olhando pra ele, meio indignada.
- Que foi? Isso não foi piada não, viu?
- Não é isso, é que o jeito que você contou foi engraçado.
Eu então ri também, não vou negar, as vezes eu consigo ser uma pessoa engraçada. - Mas quando eu admitia ser uma, as pessoas diziam que eu não podia ser, ou que eu não era.
Após isso, nós jantamos uma sopa que estava muito fria. Eu me perguntava o porquê de Vincent aceitar viver naquelas condições.
Mas era uma coisa meio óbvia, então resolvi perguntar, sem medo do que eu poderia receber em troca:- Como ela morreu?- perguntei.
Vincent me olhou nos olhos, com uma expressão surpresa:
- Ela quem?
- Sua mulher, Mariana. Como ela desencarnou?
Vincent se manteve em silêncio, e coçou a cabeça:
- Deram um tiro nela- respondeu Vincent, chateado- Ela...se jogou na minha frente para me defender, eu ia no lugar dela, mas ela não deixou isso acontecer.
Eu então senti um aperto no coração, era como se eu lembrasse daquilo na minha alma. Minha memória não lembrava disso, mas alma lembrava disso muito bem:
- E aonde foi o tiro?- perguntei, com a garganta já doída.
- No peito direito- disse Vincent, e eu logo comecei a chorar- Ei! O que foi?
- N-nada, é porque isso foi um ato de amor muito bonito, não dá pra negar.
- Eu sinto que não é isso. - disse Vincent,
Eu então me levantei da cadeira e caminhei até as escadas:
- Aonde fica o meu quarto?- perguntei, tentando segurar o choro. Vincent olhou para os dois lados, meio confuso.
- Fica para a esquerda. Mas não vá dormir sem me dizer o que te deixou assim triste.
- Não é da sua conta, Vincent!- eu então corri para o quarto.
Quando cheguei lá, tranquei a porta e me joguei na cama. Ali, fiquei chorando por causa da história de Mariana.
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OS AMANTES IMORTAIS | Dorian Gray, Drácula.
VampireQuando um vampiro e um desalmado, se apaixonam pela mesma pessoa. A desgraça já está plantada.