Capítulo 9: Coração em conflito

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Namjoon:

Desde o dia em que acordei naquele quarto de hospital e descobri a minha sentença... É isso mesmo, pra mim aquilo foi como uma sentença. Me julgue se quiser, mas a verdade é que, naquele momento, todo o meu mundo desabou. Quando o médico me deu a notícia, senti o chão se abrir sob meus pés. Foi como se a pessoa que eu era tivesse sido enterrada ali mesmo, junto com minhas esperanças de futuro.

Minha vontade era me trancar em um quarto escuro e simplesmente morrer. Erika se mantinha ao meu lado, como sempre, mas cada vez que eu olhava para ela, só pensava em como seria melhor se ela fosse embora, seguisse a própria vida sem esse peso que agora eu me tornei. Eu queria dizer isso a ela, queria gritar para que me deixasse, mas... eu era covarde demais. Não conseguia verbalizar o que meu coração queria, talvez porque, apesar de tudo, eu ainda a amava profundamente. E ficar longe dela seria como morrer uma segunda vez.

Eu estava preso em um dilema interno, consumido por pensamentos que se recusavam a me deixar em paz.

Os dias no hospital se arrastavam como uma eternidade, cada um deles parecendo ter 48 horas. Quando fui liberado para a fisioterapia, a sensação era de que meu corpo ia se partir em mil pedaços a cada movimento. Erika estava lá, ao meu lado, sempre, mas cada vez que eu a via, a dúvida corroía minhas entranhas. Será que ela estava comigo por amor, por lealdade ou apenas por pena? Eu já não era o mesmo homem pelo qual ela se apaixonou, e essa incerteza estava me destruindo por dentro.

Finalmente, fui liberado para ir para casa, mas isso não trouxe o alívio que eu esperava. Agora, ao menos, eu poderia chorar em paz, sem ninguém por perto para me perguntar se eu estava bem a cada segundo. Depois, era só colocar um sorriso no rosto e fingir que tudo estava normal.

Mas a sombra da gravidez de Sook-jin continuava a me assombrar. Como eu poderia ser um bom pai estando tão quebrado? Chorava todas as noites, me perguntando como eu poderia atender às expectativas de todos. Quando conheci o novo colega de Erika, a insegurança se instalou de vez. Ele era bonito, tinha um corpo atlético e era super inteligente.

Pode ter sido coisa da minha cabeça, mas parecia que ele ficava olhando para ela de um jeito que me deixava desconfortável, como se a estivesse devorando com os olhos. O desgraçado ainda foi morar no apartamento da frente. Eu odiava a ideia de ele estar tão perto, enquanto eu me sentia tão distante da mulher que amo.

A única coisa boa que aconteceu nesse meio tempo foi o nascimento de Na-jin. Ela, mesmo tão pequena, trouxe um pouco de luz para este coração apagado. Porém, com o bebê, Sook-jin se tornou uma presença constante em nossas vidas. Nas últimas semanas, ela tem vindo quase todos os dias, o que me deixa preocupado com a saúde da menina, já que bebês têm a imunidade frágil. Mas, no fundo, eu sabia que ela estava usando Na-jin para ficar perto de mim, para tentar ser uma ameaça. E o que eu poderia fazer? Eu queria que Na-jin morasse comigo, mas sabia que isso era impossível agora.

Quando Sook-jin disse que ainda me amava, confesso que isso mexeu comigo, mas não o suficiente para pensar em voltar para ela. O que ela fez... eu simplesmente não consigo perdoar.

Erika, por outro lado, parecia estar mudando. Nos últimos dias, percebi que ela estava ficando mais retraída, mais distante. Cada vez que ouvia a voz de Sook-jin, seu rosto se fechava, e ela ia direto para o quarto sem dizer uma palavra. Isso me deixou inquieto, mas ao mesmo tempo, o medo de confrontar essa realidade me paralisava.

Parado na sala, perdido em pensamentos, decidi que era hora de tomar uma decisão. Não quero arrastar ninguém para a minha vida medíocre. Erika merece viver a vida que sempre sonhou, ao lado de alguém que possa lhe dar tudo o que eu não posso mais oferecer. Respirei fundo, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar, e fui até o quarto.

Ali, na escuridão, com o coração acelerado e as mãos trêmulas, eu sabia o que precisava fazer. Eu ia deixar Erika livre para viver a vida que ela merece, mesmo que isso significasse destruir o que restava de mim. Ela não merecia carregar o fardo que eu me tornei, e eu não podia ser tão egoísta a ponto de mantê-la presa a essa vida sem futuro.

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