54 - Oficialmente uma Urrea

339 30 23
                                    

SINA DEINERT

As próximas horas passaram como um borrão, eu sentia que estava vivendo um filme nublado e agindo no automático em cada palavra dita e ação que eu reproduzia, tudo bem que casamento nunca foi o sonho da minha vida mas mesmo assim, no fundo toda mulher espera que seja um dia especial em sua vida e não algo rápido e estratégico, me lembro apenas de dizer "sim, eu aceito" , assinar uma certidão com meu novo sobrenome e já estar de volta no carro a caminho da audiência com o conselho da máfia, sinto Noah nervoso ao meu lado e isso me deixa ainda mais apreensiva.

- Você está bem? - Questiono apertando sua mão que descansava sobre seu joelho direito. - Está nervoso?

- Não precisa se preocupar, não vou deixar nada acontecer a você. - Ele respondeu se virando para me olhar. - Tudo vai dar certo.

Ao afirmar isso, não tenho certeza se ele está dizendo para mim ou a si mesmo. 

- Eu sei disso. - Respondi tentando passar confiança, mas a verdade é que estou tremendo por dentro.

O carro finalmente parou e quando eu me preparei para abrir a porta, meu agora marido, segurou meu pulso atraindo minha atenção. 

- Antes de entrarmos, você se lembra de tudo o que tem que dizer? - Aceno com a cabeça confirmando. - Ótimo. Enquanto estivermos lá dentro quero que mantenha a cabeça erguida, não demonstre medo, você é uma Urrea agora e os Urreas não abaixam a cabeça para ninguém, muito menos para nosso sangue, entendeu?

- Sim. - Respondi sem hesitar.

- Bom. - Ele afirmou me olhando nos olhos. - Como eu disse, nada vai acontecer a você, mas aquelas pessoas lá dentro farão de tudo para que você se sinta menos do que você é, para que você me veja como algo que talvez você não goste muito, vão tentar fazer você mostrar alguma fraqueza para poder usar isso contra você, então não dê isso a eles Sina! Não deixe que entrem em sua mente, você é minha esposa e tem que entrar lá pronta para mandar qualquer um daqueles velhos abutres se foder se precisar.  

- Noah, eu não... - Tentei dizer mas ele segurou meu rosto e beijou meus lábios.

- Estarei ao seu lado, não tenha medo. 

Foi a última coisa que ele me disse antes de sair do carro e me esperar do lado de fora, respirei fundo e o segui, a mansão na qual estávamos entrando era enorme, maior do que a que moramos, seguimos por um longo corredor sendo seguidos por Marco, Josh e alguns outros homens que já estavam na casa e ao ver Noah entrar foram de aproximando e nos seguindo, finalmente paramos diante de uma porta e antes que ela fosse aberta, sinto uma mão grande e quente segurar a minha, respiro fundo novamente e ergo a cabeça como havia prometido que faria, então a porta se abre e entramos. 

NOAH URREA

Estou mais nervoso do que gostaria de admitir, mas não pelos motivos que podem pensar, não tenho medo de que façam algo com Sina pois sei que não se atreveriam a tal coisa pois isso seria começar uma guerra interna desnecessária na qual eles sabem que eu não descansaria até que todos estivessem mortos, porém apesar da saber que não farão nenhum movimento físico, sei que tentaram atingi-la mentalmente e eu não confio em minha capacidade de me controlar e não estourar a cabeça do primeiro que disse qualquer merda à ela. 

Aquela maldita sala já não era novidade para mim, as cadeiras elevadas postas em círculo, as paredes fechadas sem qualquer tipo de ventilação, as cores escuras para intimidar e os mesmo abutres velhos que consideramos como referência, os anciãos da casa Urrea, todos nos encaram e eu não desvio o olhar de meu tio que está ao lado do meu bisavô que é apenas um pano velho que foi esquecido de ser enterrado. Aquela cobra peçonhenta denominada como irmão do meu pai, age como se já fosse o líder dos anciãos considerando que meu bisavô mal enxerga e tem a audição já prejudicada, mas o velho se recusa a morrer, é impressionante. 

𝐇𝐚𝐫𝐝 𝐇𝐞𝐚𝐫𝐭 - 𝐍𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora