003. Paramnésia

36 4 88
                                    

˚ ཐི⋆♱⋆ཋྀ ˚

— KANG; Seulgi.

Meus olhos despertaram após passar meses em completo sono profundo, eu havia visto a traidora, mas desta vez eu não sabia o porquê ela me pedira desculpas. Eu havia lhe questionado, nunca troquei palavras com ela em sonhos, mas algo me impediu de voltar para vê-la novamente. Pois quando volto ao estado, eu não, a encontro, meu corpo percorre o cômodo inteiro e não vejo mais. Grito absurdamente e trago a realidade até mim. É quando me deparo com Yeri. Ela sorria graciosamente, talvez a bruxinha tenha feito algo, e não podia permitir.

— O que você fez, Yeri? — Rosno em direção a ela. — Me diga o que você fez!

— Ops! — Ela saltita igual ao personagem de desenho animado, o que me irrita. — Precisei fazer isso, querida. Usei minha magia para a pobre moça parar de ser perseguida por você.

— Mas que…

— Não, não, não! Você é a vampira mais fácil de ler, Seulgi. E quando fiz uma leitura completa nela, adivinha? Você estava ali, amarrada nas entranhas dela! — Sua acusação é obviamente contra mim, no entanto, oculto em afirmar.

— Não deveria ter feito isso. — Digo então. Desvio o olhar para as luzes da cidade, que para mim são pequenos pontos de luz onde estou. Mas estou tão brava que não deixo aquilo passar.

— E deixar isso acontecer novamente? — Ela aponta para a mesa de mármore gélido, onde jazia um corpo  mordiscado pelas minhas presas.  Yeri arranca a capa de seus ombros com a bolsa, a expressão de horror ao observar bem o estrago que havia sido feito. — Certo, o que faremos?

Ela repetia inúmeras vezes a mesma frase, analisava, é tão evidente que ela saliva pelo sangue novo e a carne fresca humana em cima do mármore, é ridículo que ela nega o alimento mesmo que seus sentidos estivessem bloqueados por Alastor.

— Está em estado de negação pelo que foi distribuído a nós, Yeri. É o nosso alimento. — Digo.

Yeri sempre foi uma boa moça e de pensamentos gentis, nunca deu as mãos para a carnificina, mas, no fundo, sei que ela deseja, nem que seja pela primeira vez. Meus pés se arrastam em direção a ela, seu corpo curvado gradualmente em direção ao cadáver não a incomodava, então o cheiro de sangue impregnou suas narinas.

— Nem pense nisso. — Ela se sobressalta. — Não vou colocar uma gota de sangue humano em minha boca, Alucard não…

— Alucard isso e aquilo, esqueça-o! — Esbravejo, fazendo mímica sobre o homem.

— Seulgi, por que faz isso? — Ela me questiona, parece tão decidida em querer saber, mas não respondo. — Todos fomos agraciados por Alastor e isso inclui você. Como ainda consegue sentir sede por sangue?

Eu poderia ter inúmeras respostas para ela, mas se eu pensasse, Yeri com certeza faria a leitura de minha mente. Posso dizer que sou uma adulta que vive há séculos, mas desde que Alucard criou Alastor, eu sabia que isso seria um controle em nossas vidas como criaturas sobrenaturais, digamos assim. Fui a primeira a ser testada. Talvez por ser a primeira vez que aquilo foi injetado em meu corpo, o descontrole que estava em mim havia sumido, mas eu não consigo.

Sangue de pobres animais não me agradava, e eu apenas me culpava por fazer aquilo, Alastor não tirava minha sede de sangue. De fato que somos conhecidos por sermos criaturas que enlouquecem por sangue, mas isso não é verdade, são histórias fictícias que humanos apenas criam para dar entretenimento a outros. Meus olhos rolam para o canto. E Yeri ainda espera por minha resposta.

— Você não deve querer ouvir minha opinião, mas aqui vai totalmente de graça, Seulgi. — Yeri sorri, satisfeita. Mas eu não entendo. — Kaliban consideravelmente é forte demais, o que causa esse efeito.

VAMPIRA DE KALIBANOnde histórias criam vida. Descubra agora