𝑹𝑨𝑪𝑬 𝑨𝑮𝑨𝑰𝑵𝑺𝑻 𝑻𝑰𝑴𝑬 |THE 100 & MAZE RUNNER|

62. No Limite

Abigail

A porta se abriu com um estalo. Ryle deu espaço para que Abby pudesse passar, e após hesitar por alguns segundos, ela entrou na sala com passos cautelosos. O local estava bastante bagunçado, o que era de se esperar de alguém como Kendra, mas Abby não prestou atenção nisso. Ela correu na direção das gavetas dos armários e da escrivaninha, revirando tudo com a máxima rapidez que podia, forçando mais os movimentos dos braços, o que aumentava a dor no ferimento que ela mesma causara.

- Está sentindo dor? - Ryle perguntou, se aproximando. No entanto, algo pareceu passar por sua mente, e ele parou, congelando no lugar.

- Não é nada que eu não possa resolver mais tarde. Obrigada pela preocupação. - Abby respondeu rapidamente, voltando a revirar os papéis nas gavetas. Muitos eram apenas folhas em branco, e outros pareciam rascunhos de cartas ou anotações sem importância. Nenhum deles continha algo que Abby pudesse usar contra Kendra, o que a frustrou profundamente.

-  Como você descobriu que medicina era sua praia? - Ryle quebrou o silêncio, sua voz ecoando na sala bagunçada.

- Eu... - Pela primeira vez, Abby não sabia o que dizer. Nem sabia mais se queria continuar sendo médica. - Não sei. Gosto de salvar as pessoas, ver o sorriso nos rostos dos familiares. - Ela finalmente olhou para Ryle desde que entraram na sala. Ele a observava com atenção. - No começo foi meio que uma obrigação, já que não havia muitos médicos na Arca naquela época, mas depois você acaba se apaixonando. Por que essa pergunta tão de repente?

- Sei lá. Se for pra ficar preso com você, quero te conhecer melhor.

Abby ficou um pouco perdida nos pensamentos ao olhar para Ryle. Os olhos dele focaram nos dela por longos minutos, e a mulher sentiu uma sensação estranha naquela situação toda, uma mistura de vulnerabilidade e curiosidade. Mas ela se forçou a esquecer.

- Enfim, não tô afim de papo furado, se é que você pensa que podemos ser amigos - Abby endireitou a postura, aproximando seu rosto do dele, deixando clara a seriedade de sua intenção. - Como eu posso fugir daqui?

- É impossível. - Ryle respondeu de imediato, seu tom firme.

- Não com você nas minhas mãos. - Abby sorriu de maneira ameaçadora, e talvez aquilo tenha deixado Ryle desconfortável, até mesmo com medo.

- Sem chance - Ele soltou uma risada ofegante, dando um passo para trás. - Eu não vou te ajudar.

Abby não exprimiu nenhuma emoção em seu rosto. Em vez disso, ergueu a arma e pressionou o cano contra a testa de Ryle, um aviso explícito do que aconteceria se ele ousasse contrariá-la novamente. Ele engoliu em seco, sentindo o suor começar a escorrer pela testa. O medo agora era evidente em seus olhos, e ele percebeu que Abby não estava blefando.

Um chiado agudo começou a predominar no local, fazendo com que Abby se esquivasse para pôr as mãos sobre as orelhas, tentando abafar aquele som insuportável. Ela olhou em volta, tentando encontrar a origem daquilo, mas logo seus olhos pousaram no walkie-talkie de Ryle, agora em suas mãos. O homem deu dois tapas leves no rádio até que o chiado parou. Em seguida, começaram a ouvir gritos e vozes masculinas do outro lado.

- Ryle! - um homem gritou, tossindo e recuperando o fôlego em seguida. - Ryle, você está me ouvindo, porra? Me escuta!

Ryle aproximou o rádio dos lábios, mas Abby o impediu de falar qualquer coisa, balançando a cabeça em um sinal negativo. O outro homem continuou a falar.

- Onde você se enfiou? Nós perdemos o líder da operação. Nós perdemos o Newt!

De repente, o rádio parou. A sala foi engolida por um silêncio ensurdecedor, exceto pela respiração pesada de Ryle.