Capítulo 18. O Limite do Agora

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Point of View de Camila

Acordei lentamente, com a luz dourada filtrando delicadamente pelas cortinas, como se o dia hesitasse em interromper a tranquilidade daquele momento. Abri os olhos lentamente, sentindo o calor ainda presente ao meu lado. Meu olhar foi direto para Lauren, aninhada em meus braços, tão próxima que quase podia contar cada respiração sua. Seu rosto tinha uma serenidade que me fez prender o fôlego por um instante. A curva suave de seus lábios, os cílios descansando contra as maçãs do rosto e os fios de cabelo em desalinho no travesseiro... Ela era a própria personificação da paz, ou talvez a perfeição em pessoa.

Um sorriso involuntário surgiu no canto da minha boca. Era impossível não sorrir diante da perfeição dela. E então veio a lembrança — viva e quente — da noite anterior. Meu coração disparou com a confirmação: não foi um sonho. Fechei os olhos por um breve segundo, deixando o momento me inundar, como se gravá-lo na memória pudesse eternizá-lo.

Nunca imaginei que um dia chegaríamos a algo assim. Lauren sempre foi um enigma, uma mistura de impulsos contraditórios e silêncios que me deixavam no escuro. Nossa relação costumava ser tão frágil, quase tóxica, marcada por momentos fugazes de afeto que apareciam apenas depois que ela já havia me machucado. Mas agora, deitada ao meu lado, havia algo diferente, algo que nunca antes conseguimos alcançar. A intensidade do que compartilhamos parecia apagar as mágoas do passado, como se tudo tivesse nos levado até aqui por uma razão. Cada toque, cada beijo, cada sussurro abafado pela noite... Era como se, enfim, estivéssemos descobrindo a linguagem certa para nos comunicar.

Meu coração pesava de sentimentos, mas tentei afastar as emoções enquanto me movia lentamente, com cuidado, tentando não acordá-la. A última coisa que eu queria era quebrar aquele momento de paz que parecia tão raro para nós. No entanto, antes que eu pudesse me levantar, senti a pressão de sua mão envolvendo meu corpo. Sua pele estava quente, e o toque foi suficiente para fazer meu corpo inteiro congelar no lugar.

— Não vá a lugar nenhum — ela murmurou com a voz rouca de sono, os olhos semicerrados e um sorriso preguiçoso nos lábios. — Estou toda dolorida por sua causa. Fique aqui comigo.

O tom brincalhão fez meu coração bater mais rápido, e um sorriso culpado escapou antes que eu pudesse conter. Um misto de orgulho e ternura se instalou em mim.

— Desculpe... Não queria te machucar — murmurei, deitando-me novamente ao seu lado, os olhos presos nos dela.

Lauren soltou uma risada baixa, aquela que sempre me fazia esquecer qualquer problema. — Machucar? — repetiu, arqueando uma sobrancelha, enquanto sua mão subia pelo meu braço até descansar em meu ombro. — Não é bem a palavra que eu usaria. — Seu sorriso se alargou, e ela me puxou delicadamente para mais perto. — Mas definitivamente preciso de um pouco mais de descanso... você foi implacável ontem à noite.

Uma onda de calor percorreu meu corpo, e não resisti à vontade de roçar meus lábios em sua testa antes de me aninhar ao lado dela. Lauren suspirou, satisfeita, e eu senti seu corpo relaxar contra o meu, como se estivesse exatamente onde deveria estar.

— Tudo bem... — sussurrei, acariciando a linha de seu rosto com a ponta dos dedos. Sua pele era macia, e o leve rubor que coloria suas bochechas a deixava ainda mais irresistível. — Vamos descansar mais um pouco.

O silêncio se instalou entre nós, mas não era o tipo desconfortável. Era um silêncio repleto de cumplicidade, pontuado apenas pelo som das nossas respirações sincronizadas. Eu podia sentir o calor do corpo dela contra o meu, e o aroma familiar e doce que parecia ser só dela preenchia o ar ao nosso redor, criando uma bolha de tranquilidade que parecia intocável.

          

Enquanto a observava, os vestígios da noite anterior eram impossíveis de ignorar. Sua pele clara, agora tingida de um vermelho suave, pequenos arranhões, como marcas de fogo, desenhavam caminhos por suas costas, e, mais abaixo, na curva de sua bunda, os chupões e os tapas que deixei estavam ali, evidentes, como uma prova do desejo que a consumiu tanto quanto me consumiu.

Uma onda de orgulho percorreu meu corpo ao perceber as marcas que eu havia deixado. Aquela intensidade que tomara conta de nós, começando com a visão dela na lingerie provocante, ainda queimava dentro de mim, fazendo o desejo se intensificar, me tornando mais audaz, mais impetuosa. Ela despertou algo em mim que eu mal sabia que existia, e agora, era impossível negar o poder dessa chama que só crescia.

Depois de um tempo, Lauren quebrou o silêncio, ainda de olhos fechados.
— Que horas seus pais voltam?

O tom de Lauren era sério, o que me fez abrir os olhos e encontrá-la me observando com uma intensidade que me desconcertou. Seu olhar estava carregado de algo entre curiosidade e uma leve preocupação.

— Eles voltam no fim de semana — confessei, tentando soar mais casual do que realmente me sentia. — Fique à vontade.

Ela sorriu suavemente, seu corpo se alinhou ao meu, e o calor dela se espalhou pela minha pele de forma tão natural que quase me fez esquecer de tudo ao redor. Com um movimento suave, sua mão subiu até meus cabelos, acariciando com uma calma que contrastava com a tensão crescente entre nós.

— Vai passar esses dias sozinha nessa casa imensa? — perguntou, a voz baixa e provocante, um sorriso travesso curvando seus lábios.

— Uhum — murmurei, inclinando minha cabeça até que meu nariz tocasse sua testa. O cheiro dela, familiar e tão reconfortante, me envolveu como um abrigo. Não queria que aquele momento acabasse. — Você pode ficar até eles voltarem, se quiser.

Lauren hesitou por um instante, seus olhos se afastando por um momento, como se estivesse ponderando a ideia. Então, ela franziu levemente as sobrancelhas, sua expressão tornando-se mais séria.

— Meus pais me matariam, mesmo que eu diga que estou com você.

Sem pensar, dei de ombros, tentando disfarçar o desapontamento que senti. — Tudo bem. Posso chamar outra pessoa, então.

Imediatamente, Lauren ergueu a cabeça do meu ombro e me encarou com os olhos apertados, uma falsa indignação estampada em seu rosto.

— Como assim, Cabello? — sua mão se moveu até meu rosto, segurando-o com firmeza, mas de forma quase carinhosa, como se quisesse me fazer prestar atenção apenas nela.

Eu mordi o lábio, tentando segurar a risada. — Dinah ou Ally — falei rapidamente, sem conseguir conter a brincadeira. — Estava falando delas, claro.

Ela relaxou, mas não sem antes balançar a cabeça, com um sorriso travesso nos lábios. — Você adora provocar, não é?

— Talvez um pouco — admiti, rindo baixinho. — Mas, sinceramente, prefiro que você fique aqui comigo.

Lauren suspirou, me puxando para mais perto até que nossas testas se tocassem. O que eu via ali era pura sinceridade, algo que me fez quase esquecer o que estávamos dizendo.

— Eu também queria ficar — ela murmurou, sua voz suave, quase um suspiro. — Mas você sabe como meus pais são.

— Sei — respondi, aceitando a frustração que crescia dentro de mim, mas tentando não deixar que ela transparecesse. Mesmo assim, eu estava decidida a aproveitar cada segundo que passasse com ela.

— Sabe que a gente matou aula hoje, né? — Eu falei, a surpresa evidente na minha própria voz. Não era muito do meu feitio quebrar as regras, ainda mais sem um motivo decente.

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