7- O café derramado.

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Sarah

Sarah saía de uma cafeteria, a bolsa leve em seu braço, cheia das ferramentas essenciais para seu trabalho: câmera, baterias e cartões de memória. Havia se formado em gastronomia com sua amiga Bianca, mas optara por seguir a carreira de fotógrafa. Além de sua profissão, Sarah era regente de jovens em sua igreja e responsável pela mídia, capturando e editando fotos dos cultos para as redes sociais da congregação.

Enquanto caminhava em direção ao seu novo trabalho, que curiosamente ficava perto da empresa Go Foods onde Bianca trabalhava, seu celular tocou. Ela se distraiu com a tela do telefone e não percebeu o homem que se aproximava. O impacto foi inevitável, e, ao esbarrar nele, Sarah quase perdeu o equilíbrio.

Antes que pudesse cair, o homem a segurou pela cintura, evitando a queda. O contato inesperado fez com que o mundo ao redor parecesse desacelerar. Seus olhares se encontraram, e o instante se prolongou.

Sarah, ainda se ajustando, notou que o café que estava em sua mão havia derramado no terno do homem. Ele parecia mais preocupado com ela do que com sua própria roupa.

- "Nossa! Me desculpe." - Sarah disse, olhando para o terno manchado.

- "Não se preocupe com isso." - O homem respondeu, a voz calma e preocupada com o bem-estar dela.

Sarah tentou se recompor, passando uma mecha de cabelo atrás da orelha, revelando uma franja que quase cobria suas sobrancelhas. O rosto dele parecia familiar, mas não conseguia identificar de imediato.

- "Tem algo que eu possa fazer para compensar o prejuízo?" - ofereceu, sentindo-se culpada.

- "Não..." - Ele parecia ponderar. - "Eu te conheço?"

Ele ajeitou os óculos, tentando reconhecer.

- "Aparentemente, não que eu saiba... Aceita um café? Posso te pagar um terno ou um almoço, sei lá."

- "Não precisa se preocupar."

- "Eu insisto."

O homem parecia genuinamente interessado em ajudar, então tirou o celular e pediu seu número.

- "17432-8842."

Ele discou o número e fez a ligação. Em segundos, o celular de Sarah tocou, e ela o retirou do bolso.

- "Seu nome?" - Ele perguntou.

- "Sarah Oliveira."

Ele fez uma pausa e a observou, ainda tentando entender a situação.

- "E o seu?"

- "Gustavo Almeida."

Houve um momento de reconhecimento mútuo, e Sarah tentou quebrar o gelo.

- "Nossa, que mundo pequeno, né?"

- "Realmente. Então... Me mande uma mensagem se realmente quiser um terno novo ou um almoço."

- "Tudo bem."

- "Nos vemos por aí. Desculpe mesmo."

Sarah seguiu seu caminho, distraída, e deixou cair um pequeno caderno de anotações. Gustavo pegou o caderno e o guardou, aguardando que ela o procurasse.

Enquanto Sarah desaparecia na multidão, Gustavo entrou na empresa e se dirigiu ao elevador.

Gustavo


Ao chegar em seu escritório, Gustavo respirou aliviado ao ver que havia deixado uma peça de roupa extra lá. Foi até um pequeno armário e retirou um terno azul-marinho e uma calça combinando. Trancou a porta e fechou as janelas antes de trocar a roupa molhada de café.

Seu corpo bem definido era resultado das manhãs dedicadas à academia. Seu rosto limpo e levemente quadrado, com olhos puxados por herança asiática, contrastava com a roupa suja. Ele usou um lenço umedecido para limpar qualquer resíduo de café e vestiu a camisa social branca, abotoando os botões com cuidado.

Gustavo era um homem reservado, que participava principalmente do grupo jovem da igreja e era grato por tudo em sua vida. Seus pais, que administravam um restaurante coreano renomado na cidade, eram uma grande inspiração para ele.

Sarah

Às 15h, Sarah estava debatendo se deveria ligar para Gustavo, o homem que ela acabara de reencontrar e que havia despertado um antigo sentimento. Ela estava ansiosa e hesitava, sua mente correndo com pensamentos sobre o que dizer e como se desculpar.

Com a decisão tomada, ela pegou o celular para ligar, mas antes que pudesse pressionar o botão, o telefone vibrou. Era Gustavo.

Ela atendeu rapidamente, a voz trêmula e cheia de expectativa.

- "Alô... Sarah?"

- "Oi, Gustavo. Tudo bem? Como está o seu terno?"

- "Oi, não se preocupe. Aqui na empresa eu tinha outra peça de roupa guardada."

- "Que bom."

- "Bom... Eu queria te ligar, mas você ligou primeiro."

- "Sim? Então..."

- "Sobre hoje. Queria te convidar para sair como forma de pedido de desculpas. Que tal?"

O coração de Sarah acelerou com a proposta.

- "Claro! Que horas?"

- "Que horas posso te pegar na sua casa?"

- "Às 19h está bom para mim. Desculpe a pergunta, mas para onde vamos?"

- "A um restaurante de comida coreana no centro da cidade. Aceita?"

- "Sim, está ótimo!"

- "Te vejo às 19h."

- "Até! Vou te mandar a localização."

Ambos, sorrindo e com as faces coradas, encerraram a ligação. Sarah, animada, levantou os braços e olhou para o teto, sentindo uma alegria intensa.

- "Senhor! Se o Senhor permitir, estou pronta!"

Querida Secretaria [ROMANCE CRISTÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora