Capítulo 1

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- DIANA!!!- fecho o livro que lia quando escuto meu nome ecoar pela casa.- RÁPIDO!!!

Minha mãe escancara a porta de meu quarto e agarra meu braço com força, os movimentos desesperados.

- O que foi mamãe?- questiono sem entender seu desespero.

Ela me arrasta pra fora do quarto, e deixo o livro que lia cair na minha cama, aberto na primeira página.

- O que está acontecendo?- pergunto novamente e o chão treme embaixo de mim, junto com nossa casa toda, um barulho alto de explosão ao longe me assustando.

Tampo os ouvidos gritando assustada e minha mãe me pega no colo, correndo pra fora de casa. Quando olho pro céu, vejo aviões pequenos sobrevoando nossa casa, e deles saindo algo que cai no chão, causando outra explosão.

Mamãe abre uma porta no chão e entramos de pressa, fechando a mesma em seguida. Ela suspira e me coloca na pequena cama no canto, o teto tremendo em seguida e soltando um pouco de pó nos cantos.

- Mamãe, o que está acontecendo?

- Vai ficar tudo bem, ok? Eu prometo.- garante, mas seu olhar a entrega.

Nossa família nunca foi muito racional, mas aqui pela primeira vez, vejo minha mãe calculando tudo o que pode acontecer, ou, o que pode fazer.

Continuo sem respostas e de repente uma batida forte na porta escuto. Minha mãe olha apavorada pra lá e tira uma espingarda de baixo da cama.

Levanto as sombrancelhas quando a vejo se aproximar devagar da porta de madeira, o peito subindo de descendo rápido.

Ela olha pra mim e faz um sinal de silêncio, voltando sua atenção pra porta.
Eu não sei o que está acontecendo, mas com certeza não é coisa boa. Já li muitos livros pra saber que a cena seguinte nunca é boa.

Ela não deveria abrir a porta, se abrir, um monstro vai a devorar. Ou, se pensar na realidade, o causador das explosões vai a pegar.

A batida se repete novamente me assustando e aperto o colchão empoeirado com as duas mãos.

- Alita? Está aí?- uma voz masculina diz do outro lado, e minha mãe suspira aliviada, logo abrindo a porta.

Um homem bem vestido com um chapéu preto e uma espingarda na mão abaixada aparece. Seus olhos são de um verde claro, e o cabelo tão preto quanto o meu.

- Graças a Deus!- suspira minha mãe e me puxa rápido entregando sua espingarda pro homem, ao qual coloca em seu ombro.

- Nós temos que ir, agora.- avisa, sua voz que poderia ser encantadora se não estivesse tão sério. Minha mãe me pega no colo e nós saímos do esconderijo.

- Mãe, quem é ele?- pergunto, e outra explosão faz o chão tremer mais intensamente, causando uma rachadura pequena em uma parte, mas acho que ninguém percebeu a não ser eu.

- É um amigo.- Responde seguindo o homem sem nome.- ele está aqui pra nos ajudar. Vai ficar tudo bem, eu prome....- ela não termina o que fala, arregalando os olhos e abrindo e fechando a boca algumas vezes.

O homem se vira e uma expressão de pavor toma conta do mesmo, enquanto minha mãe cai de joelhos no chão e junto comigo. É então que vejo uma mancha vermelha surgir em sua barriga.

- NÃO!!- grita o homem e olha pra trás de nós, levantando a arma e atirando.

Quando sigo seu olhar, vejo um soldado caído no chão. Porque um soldado atirou na minha mãe?

- Mãe...- sussurro confusa e espantada.

- ALITA!!- O homem se ajoelha do meu lado, segurando o rosto de minha mãe. Sinto meu coração acelerado, a respiração ofegante.

- Ajuda a minha mãe! Você está aqui pra ajudar, não é?!- imploro segurando a barra de seu paletó, sentindo uma lágrima escorrer no canto de meu olho.- ajuda minha mãe!!!!

Ele me olha desesperado mas logo volta seu olhar pra ela, que segura seu pulso com força, deixando seus dedos brancos.

- Leva ela...- sua voz sai tão baixa e rouca que quase não escuto.

- Não.- diz rapidamente.- eu não vou te deixar aqui!

- Não... leva a nossa filha.

Paraliso com o que ela diz. Nossa filha?
Olho pro homem que chora desesperado ao meu lado e volto pra minha mãe.

- Mãe....

- Eu te amo Diana.- interrompe minha mãe e sua expressão suaviza, parando de se mexer.

- NÃO! NÃO!!!!!!!!- grita o homem e do nada sinto meu braço esquerdo arder.

Grito automaticamente ouvindo barulhos de tiro em seguida. Ele me pega no colo e corre pra rua rápido, ainda soluçando.

- NÃO! MAMÃE!!!!!!- grito me esperneando em seus braços, tentando voltar para o corpo de minha mãe no chão de nosso quintal.

- Diana.- chama o homem quando me coloca no chão, segurando meus braços, tentando me acalmar.- eu não fiz muito parte da sua vida, mas quero que sabia de uma coisa.

Minha atenção vai pra ele, que volta a ficar sério, os olhos marejados e o cabelo despentado.

- Eu te amo, sempre te amei e sempre vou te amar. Eu sou seu pai e você é minha filha.- ele abaixa a cabeça respirando fundo, enquanto mais soldados procuram por nós.- e meu único arrependimento foi ter me afastado de vocês duas.

Fico o encarando paralisada, sem saber o que dizer. Minha mãe disse que meu pai tinha ido embora e nunca mais voltaria, mas ele está bem aqui na minha frente.
Ele olha pra trás quando ouve vozes e abre a porta do carro que estava atrás de mim e eu nem notei.

Me coloca dentro e fecha a porta.
Quando vou tentar sair vejo que está trancada. Bato repetidas vezes no vidro enquanto vejo ele voltar pra minha mãe.

- NÃO!!! ME DEIXA SAIR!!!

Ele fica por cima dela e aponta a espingarda pra uma direção, atirando várias vezes seguidas.

Do nada o carro começa a andar e olho pro lado, apenas vendo um vidro me impedindo de ver a parte da frente.
Bato nele com força, desesperada.

- NÃO!! VOLTA!!!

Me viro olhando pelo vidro traseiro e observo meu pai atirando, até que ele paralisa e leva a mão ao peito, caindo de joelhos ao lado de minha mãe. Arregalo os olhos e vejo uma bomba cair em cima deles em seguida, me fazendo gritar e colocar a mão na boca.

- NÃO!!!!! MÃE!!!!!!!!!! PAI!!!!!! ME DEIXA SAIIIR!!!!!!!!!!!- grito socando o vidro.

O carro apenas segue seu caminho, como se eu não existisse.

- mãe.... pai.... não me deixem....
Vejo minha casa pegar fogo, enquanto eu estou me afastando cada vez mais, deixando tudo que eu tinha virar cinzas na minha frente.

~♡~

As Crônicas de NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora