ACORDO COM ALGO sendo arremessado em meu rosto. Demoro um tempo para abrir os olhos e me situar do que está acontecendo. Era uma bolsa, me atiraram uma bolsa. Olho para aquilo ao meu lado, atordoado.
Minha visão desfoca e eu demoro um pouco para reconhecer a ruiva que me encara com um sorriso no rosto na ponta da cama. Pisco e seu rosto se duplicada. Pisco outra vez e ele se torna uniforme, com um sorriso encantador para mim. É como estar no paraíso por alguns segundos.
Lençóis macios, travesseiro fofo, ruiva gostosa...
— Bom dia, princesa. – Murmuro, a voz rouca de sono.
— Bom dia, princesa...
Ela repete, balançando a cabeça num sorriso quase forçado – mas eu sei que nunca é forçado quando se trata de mim. Ela se levanta e eu fico indignado, ao invés dela vir e se juntar a mim nessa cama enorme e... Vermelha?
— Sua cama parece que saiu dos anos 2000. – Comento.
Natália solta um suspiro pela boca abre as cortinas – provavelmente sabendo que isso iria fazer meus olhos doerem.
Em seguida, ela bate no meu rosto e arranca o travesseiro dela debaixo da minha cabeça brutalmente, sem que eu não notasse qual seria seu próximo passo. Meu pescoço cai no colchão macio e eu olho para ela, assustado.
— Para de babar no meu travesseiro! – Ela diz, com os dentes cerrados e a voz furiosa.
Então a noite não foi boa? Franzo a testa em confusão.
Ela estava vestindo aquelas camisolas de revista, iguais as colocadas na sessão Lua de Mel. Mas ela não parecia nem um pouco feliz em me ver naquela cama.
Inclino minha cabeça para o lado para entender sua raiva. Eu brochei?
— Tô quase babando pela parte debaixo. – Murmuro, passando meus olhos pelo seu corpo lindo e parando em seus olhos preciosos. – Dá para colocar outra roupa?
Natália inclina a cabeça, como quem não acredita no que ouve. Uma risada abafada sai do nariz dela. Ela pega o travesseiro e bate com ele no meu colo, bem no amiguinho de baixo.
— Pois deixe seu pau bem longe da minha cama. – Ela murmura ameaçadora. – Seu nojento, vai para o chuveiro.
Sento-me na cama e esfrego meus olhos. Despertado, olho para além da ruiva ao meu lado. O quarto dela parecia de uma princesa. Jesus, era assim que a via a diferença de idade.
Mesmo com sua fúria, não parece ter sido um acidente estar aqui. Aspiro o cheiro daquele quarto e olho para Natália parada na minha frente, cruzando os braços sobre a camisola branca. Como um anjo.
— Olha, eu não estou reclamando, mas o que diabos eu estou fazendo na sua cama pelado? A gente...?
Natália nega, de prontidão.
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BLACK AND WHITE | CONTO
FanfictionEle a conheceu de repente. Foi tudo de repente. Se amaram de repente. Os anos com ela se passaram de repente, também, soaram como segundos. Até os anos se tornarem escassos.