A Kisha é mesmo minha melhor amiga desde que me entendo por gente.
Nos tornamos amigas de um modo inusitado, não posso negar.
19 de Agosto de 2008, era por volta das quatro e meia da tarde, faltava pouco menos de vinte minutos para a aula de Ciências humanas terminar e eu nunca me encontrei tão entendiada quanto naquela tarde - para ser minimamente honesta.
Talvez fosse a máxima de calor, mesmo que estivesse fazendo apenas 18 graus - já estive em lugares muito mais congelantes, como Connecticut, por exemplo, então nesse caso, sim, em São Francisco, estava num fodendo clima de praia.
Eu habitualmente sempre fui meio lesadinha, sabe? O calor piorava tudo.
Logo, enquanto eu estava entediada, escutando Ann Mcwood, nossa professora velha e siliconada - já naquela época, tagarelar lá na frente, meus olhos caíram em minha mesa. Haviam umas bandejas metalizadas reluzentes e um fodendo frango morto. Pois é, um frango. Nossa professora argumentou que precisávamos estudar o sistema circular dos frangos - ao que esperniava dizendo que era algo muito mais prudente do que se estudar uma rã.
Ao menos o cheiro do frango era menos desagradável e mesmo que o pobrezinho estivesse gelado, ainda era menos repugnante do que uma rã. Detesto rãs, gostaria de lembrar.
Olhei para o frango mortinho da Silva, ergui os olhos de soslaio e vi a garota ao meu lado, então olhei para o frango outra vez.
A garota ao meu lado era Kisha Weston. Mas, tenho que lembrar que eu a conhecia mais por conta dos boatos. O lance dela andar com um fodendo martelo na mochila, ou o lance de ter sido ela a sabotar o baile de primavera dois anos antes - todo o repertório do dj foi trocado por músicas infantis, o banheiro da quadra foi inundado por todas as torneiras de todas as pias terem sido abertas e o ponche foi sabotado com laxantes, ou, sobre o lance de ter sido ela a trocar o creme de pele de tratamento do Flinn Cosley por super cola.
Um, o lance do martelo na mochila é verdade e você logo saberá o porque.
Dois, sim, foi Kisha Weston a sabotar todo o baile de primavera apenas por uma diversão maléfica e ter feito todo o colégio virar do avesso.
O dj foi vaiado e surpreendentemente era a primeira vez em que estava tocando numa festa, havia acabado de iniciar carreira - logo, ele começou a chorar com a rejeição de tantos adolescentes presentes. Quatro ou sete pessoas - eu não me lembro bem, escorregaram nas poças de água no chão do banheiro inundado naquela noite, duas bateram a cabeça e uma garota quebrou o tornozelo. E, claro, mais da metade das turmas no baile daquele ano sentiram o poder de uma boa dose de laxante. Acho que foi a primeira vez em toda minha vida que vi tanta comoção. Todos os acontecidos ficaram na boca do povo por meses. Meses! Kisha botou para quebrar mesmo.
Ela foi ameaçada de expulsão. Sim, apenas ameaçada. Mas, não demorou muito para que seu pai consertasse toda a situação.
Além de ele ter feito "doações misteriosas" em prol da evolução estudantil do colégio, ele persuadiu muitas famílias revoltadas a não o processarem. Fechou com chave de ouro quando disse que Kisha fez tudo aquilo por pura revolta e rebeldia, ao que a mãe da garota havia o deixado recentemente.
O divórcio dos pais não fez bem para Kisha.
E sobre Kisha ter trocado o creme de pele de tratamento do Flinn Cosley por super cola... ela teve seus motivos.
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𝑫𝒖𝒑𝒍𝒂 𝑶𝒃𝒔𝒆𝒔𝒔𝒂̃𝒐 - 𝑳𝒆𝒐𝒏 𝑺. 𝑲𝒆𝒏𝒏𝒆𝒅𝒚 | +18 [EM BREVE]
FanfictionEssa história é um pouco diferente, mesmo que tenha detalhes "clássicos". Não é nada como um filme de terror clichê, até porque, nesse caso, o terror me excita. Ao menos quando se trata dele. Mesmo que ele seja um criminoso, ele ainda é o meu ponto...