08.Medo

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Boa leitura:)


Maratona 3/5

──※ ·✤· ※──

Eloise Bridgerton

Medo

Tudo que eu sinto é medo.

Medo do meu pai está pior e que realmente algo de ruim aconteça.

Eu não sei bem o que aconteceu, ou COMO aconteceu. Só sei que fui de raiva para choro muito rápido, de zero a cem muito rápido!

Em um momento eu estava reprimindo todo ódio que sinto de Phillip em um sorriso forçado na frente das câmeras e segundos depois estava vendo Colin invadir a sala junto com a Pen para informar do que aconteceu.

Eu estava em êxtase.

Minhas mãos tremiam e eu tinha a certeza que não conseguiria dirigir, sorte que a Penélope estava melhor que todos nós e assumiu o volante. Eu estava no banco de trás do meu carro, já que meu irmão e minha cunhada tinham ido de Uber, eu estava abraçada a Colin tentando passar qualquer tipo de conforto, meu irmão sempre foi o mais sensível e um dos mais apegados ao nosso pai e com certeza isso tudo estava destruindo ele.

- E se algo acontecer? O que vamos fazer? - Colin falava com a voz embaçada em lágrimas.

- Vai ficar tudo bem... - Frannie que até então estava quieta no banco da frente, se limitou a dizer.

Eu me mantive em silêncio o percurso inteiro, realmente esperava que tudo fosse ficar bem.

───※ ·✤· ※───

Assim que chegamos ao hospital eu tomei a frente e fui direto para a recepção.

- Boa noite, gostaria de ver meu pai. - falei a recepcionista.

- Qual o nome do paciente? - a mulher questionou enquanto cerrava as unhas.

Mantenha a calma Eloise, mantenha a calma.

- Edmund Bridgerton - disse - Ele é paciente na área do câncer. Provavelmente deve está na ala do...- a recepcionista não estava dando a mínima para o que eu estava falando - Dá pra senhora olhar para mim?

- Senhorita, por favor. - ajustou a forma como eu a chamei - Se você se acalmar eu posso tentar achar o quarto do seu pai.

- TENTAR? É SÉRIO ISSO? - não tô acreditando nisso - Você vai procurar isso agora mesmo ou...- me joguei sob o balcão da recepção - Vou despedaçar essa sua unha e arrastar sua cara no asfalto, sua mocreia.

Tentei novamente subir no balcão, mas senti Penélope puxar meu braço.

- El, ei, ei...- ela me puxou para um espaço bom entre mim e aquela loira azeda - Eloise por favor, não é fazendo confusão que as coisas vão se resolver.

Respirei fundo e tirei meu cabelo que caia sobre meus olhos... Ela tinha razão.

- Vocês chegaram. - ouvi um voz muito conhecida, era Kate, ela estava segurando minha sobrinha Charlotte.- Venham, por aqui.

Acompanhamos seus passos pelos corredores até chegarmos onde se encontrava os restantes da minha família. Meus olhos arderam em lágrimas assim que vi minha mãe sentada enquanto era consolada por minha irmã mais nova, Hyacinth.

- Mãe...- ao notar nossa presença ela se levantou e nos abraçou. - o que aconteceu?

- Eu ia levar o jantar de Edmund e quando entrei no quarto ele estava desmaiado.

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Era apenas um desmaio... Espero que seja apenas isso.

Duas horas depois e a aflição estava bem mais forte em meu corpo. O medo havia subido em um alto nível, por ficar duas horas sem notícias.

Eu estava cansada.

Com medo.

Com sono.

Eu estava um poço sem fundo.

Aconteceu tudo de um vez, minha entrevista com Phillip e agora isso, é muito para mim.

Eu só preciso dormir!

Hyacinth puxava assunto comigo algumas vezes, no meio desses assuntos até descobrir sobre seu novo paquera da escola, um tal de Gareth. Pelo menos isso estava me distraindo e me tirando dos meus pensamentos... E de Phillip.

Não importa o que aconteça ou onde eu estivesse, sempre iria pensar nele.

Meu Deus o que Phillip Crane está fazendo comigo?

───※ ·✤· ※───

Eram onze e quarenta e cinco da noite, e já havia três horas e meia que estávamos aqui. Esperando alguma notícia ou informação sobre meu pai. Anthony já havia ido umas três vezes na recepção para tentar saber de algo e todas as vezes ele acabava discutindo com alguém e sendo segurando por Kate e Benedict por que por muito pouco os seguranças não quiseram nos expulsar do local, por muito pouco!

Ser impaciente já era de família, estava no sangue Bridgerton.

E agora? Agora nem parece que estava tentando fazer um escândalo dentro do hospital a poucas horas atrás. O mesmo está ninando a filha nos braços.

- Vocês esperam notícias de Edmund Bridgerton? - um enfermeiro apareceu chamando a atenção de todos presentes, e eu assinto em silêncio - Certo, o médico já vem.

E então ele sai.

Minutos depois o médico aparece com uma prancheta nas mãos.

- Senhora Bridgerton? - referiu-se a minha mãe.

- Como está meu marido doutor?

- Bom...- ele deu uma pausa parecendo procurar as palavras certas.- As notícias não são muito boas. O câncer está vencendo o corpo dele...e ele vai precisar internado durante um tempo.

Senti como se meu chão tivesse desaparecido... As expressões nos rostos dos meus irmãos era doloroso. Apenas a possibilidade de perdemos nosso pai era terrível, minhas pernas falharam e senti o toque de meu irmão mais novo, Gregory, em meus ombros com a intenção de não me deixar cair.

- Quanto... Quanto tempo? - Daphne tomou a fala, no momento ela era a que mais parecia está calma.

- O tempo que ele se manter vivo... Bridgertons, eu não dou sequer quatro meses para que o senhor Edmund permaneça nesse mundo.

- Ah meu Deus - mamãe disse com os olhos cheio de lágrimas enquanto era abraçada por Kate.

- Bom se quiserem vê-lo ele está livre para visitas em horários constantes - ele se despediu entregando o número do quarto para mamãe.

Então automaticamente o silêncio do corredor foi substituído por um onda de lágrimas de todos os presentes. Me agarrei a Gregory, que estava o tempo todo ao meu lado , e comecei a chorar descompassadamente.

Minha mãe e meus irmãos seguiram até o quarto que meu pai estava.

- Eloise...? - desfaço meu abraço com Gregory olhando para Penélope. - Você quer ir vê-lo ou ir embora?

- Não sei...- murmurei, meu irmão seguiu os outros deixando apenas minha amiga e eu. - Não sei se consigo Pen.

- Você é forte El, vai conseguir!

- Ah Penélope, eu não sou nada forte - a abracei - Você me conhece, é capaz de eu chorar mais ainda quando entrar naquele quarto.

- Sabe, eu tenho uma tática - voltei a olha-la - Minha mãe me ensinou quando criança.

- Qual?

- Pense em algo muito ruim que aconteceu ou em alguém que você odeia. - ela explicou - Você precisa manter os olhos fixo na sua raiva e no seu ódio. - ela pareceu pensar - Pode pensar no Phillip Crane talvez... Não o odeia?

Phillip Crane...

Eu já não o odiava como antes...

- Não sei... Minha professora de dança era insuportável, acho que vai funcionar se eu pensar nela. - sorri - Vamos?

Ela assentiu e seguimos de braços dados até o quarto.

Chegando em frente ao quarto esperei a minha vez de entrar. Quando meus irmãos mais novos saíram tanto espaço para mim me agarrei a Penélope mais ainda, não estava completamente segura.

- El você consegue! - ela segurou firme minhas mãos e me deu um sorriso.

Quando entrei ouvi a voz de felicidade do meu pai. Então segurei ao máximo as lágrimas que ameaçaram sair.

- El...- ele disse com a voz cansada.

- Papai...- aproximei-me da beira de sua cama - Vai ficar tudo bem paizinho...

- Minha querida... Meu tempo está acabando... Eu sinto..- ele tossiu - Mas quero que saiba que vou sempre ama-lá minha filha...

- Ah pai... Eu também vou sempre te amar - não consegui controlar as lágrimas, sabia que esse momento chegaria mas nunca me estive pronta para me despedir do meu querido pai.

───※ ·✤· ※───


Pobre Edmund... O coitado só sofre

The Journalist - Philoise Onde histórias criam vida. Descubra agora