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𝑨𝑴𝑶𝑹 𝑫𝑰𝑺𝑭𝑨𝑹𝑪𝑨𝑫𝑶

Tom Kaulitz


    Mais uma vez, os gritos romperam o silêncio na sala. Bill fechou os olhos em agonia, mas eu senti uma pontada de alívio ao saber que ele ainda estava vivo. Andando de um lado para o outro por todo o cômodo, mãos trêmulas e doloridas, sem noção de quanto tempo já tinha se passado. A sensação de impotência me dominou, fazendo com que meu corpo queimasse de ódio.

    Meus pés agora doíam também, de tanto andar de um lado para o outro naquele maldito chão de concreto frio. Gustav ainda estava estático na mesma posição, como se o pânico tivesse tomado cada centímetro da sua pele fazendo com que seu corpo não se movesse. Um estalo alto faz a atenção de todos se virar para a grande porta de metal soldado que se abriu rangendo. Georg foi jogado para dentro da sala como se não fosse absolutamente nada.

    Gustav se mexeu pela primeira vez, correndo até nosso amigo ferido. Meus olhos encaravam a cena enquanto meu punho se fechava, senti meu rosto queimar analisando o corpo de Georg. Cortes, roxos, sangue por toda a parte, cena que eu nunca imaginei que veria quando coloquei eles nesse mundo.

— O pai dela estava no galpão... — a voz carregada de dor cortou meus ouvidos — Esse é o motivo da ira... Cain quase matou Kennedy Clark! — a força que ele fazia para falar aparentemente se esgotou e ele se debruçou nos braços de Gustav.

    Agora tudo fazia mais sentido. Por isso era Sophia quem estava fazendo as cobranças, por isso estava tão furiosa. No seu lugar, eu também estaria.

    Deitamos Georg em um dos colchões para que eu pudesse analisar mais de perto seu corpo coberto de ferimentos. Um gemido de dor ecoava a cada movimento, me fazendo fechar os olhos sempre que o som chegava até os meus ouvidos. Por sorte, não tínhamos tomado toda a água das garrafas. Peguei uma delas tirando a camisa e encharcando com o líquido fresco.

— Ela perguntou sobre o carregamento... Queria ele de volta! — estreitei os olhos com a informação.

— O que? Mesmo com o pai quase morto, a vadia quer saber do carregamento?? — finalmente Gustav disse algo.

    Meus pensamentos estavam concentrados nos machucados, passando com cuidado o tecido molhado para não causar ainda mais dor ao garoto. Pela quantidade de machucados, Georg não deu a ela informações sobre a localização do carregamento. Mas por que ele não contou a ela? Por que não evitou essa dor? Antes que eu tivesse chance de perguntar, sua voz cansada alcançou seus ouvidos.

— Não.. vocês não entenderam... — sua voz parecia cada vez mais fraca e falhada — Ela queria muito o carregamento... Pela expressão do outro cara.. nem mesmo ele entendia o porquê! — com um ofego a cada frase, ele parou, deixando sua cabeça despencar no colchão.

    Os outros dois me olhavam, esperando que eu dissesse alguma coisa. Eu ainda juntava os pontos na minha própria mente. Aquele homem era seu braço direito. Por que ele não sabia da importância do carregamento? Por que estranhou a insistência de Sophia? Essa garota me intrigava. Guardando segredos dos seus próprios aliados.

Ela me fascina. Mas eu a odiava.

...

    Algum tempo se passou, não podia dizer exatamente quanto já que não dava para ter certeza. Georg estava melhor, ainda reclamava de dores mas não parecia tão cansado quanto antes. Eu ainda tentava entender a situação, sentado no chão frio com a cabeça encostada na parede. Passei os olhos ao redor da sala sem janelas. Muitas perguntas circulavam minha mente.

Sua raiva era por causa de seu pai ou do carregamento?
O que era tão importante que nem mesmo seu companheiro sabia?
Por que ainda estavamos vivos?

    Dúvidas sem resposta. Fui tirado do meu devaneio pelo ronco da minha barriga faminta, ao olhar para os meninos —que faziam de tudo para distrair suas mentes— percebi que não era o único ali faminto. Como se pudessem ler nossos pensamentos, a porta da sala se abriu com um rangido e Sophia entrou acompanhada de dois homens. Mas nenhum deles era o seu braço direito.

    Em suas mãos, ela carregava quatro isopores um sobre o outro. Sua expressão era de pura soberba e dominação. Mas seus olhos, seus olhos revelavam uma preocupação intensa. Vestida com uma calça jeans clara e uma regata justa, ela se aproximou de cada um de nós colocando um isopor em nossa frente me deixando por último.

    Vez ou outra ela se virava para os seguranças que acenavam com a cabeça como se fosse um código. Observei tudo ainda sentado. Depois de entregar para os meninos ela veio na minha direção e estendeu a mão com o isopor na minha direção, devagar fiz menção de pegar o objeto mas logo agarrei seu pulso a puxando para mais perto de mim. O clima ficou tenso e o clique das armas sendo destravadas foi ouvido por todo o cômodo enquanto eu e ela nos encaravamos friamente. Seu dedo se ergueu dando sinal para os homens não atirarem.

— Ele não sabe que veio aqui não é? — um sussurro, foi o que saiu dos meus lábios seguidos de um sorriso sádico.

    Ela me encarava surpresa com a minha ação, mas não demonstrava medo algum. Seus lábios se abriram levemente como se estivesse prestes a dizer algo, mas apenas suspirou e relaxou os ombros esperando pelo meu próximo ato. Ela sabia que eu ainda não tinha terminado.

— O que está escondendo Sophia? — um sorriso se abriu nos lábios rosados da garota e ela se aproximou ainda mais quase colando nossos rostos.

— Coma, afinal, quando eu arrancar sua língua nunca mais sentirá gosto algum — seu pulso se soltou do meu aperto e ela se virou voltando para onde os homens estavam. Suas armas agora abaixadas e seus olhos revezando entre mim e os meninos.

    Sophia saiu sem olhar para trás, meus olhos fixos na porta de metal que se fechava lentamente antes de ouvirmos o barulho da tranca ao lado de fora. Meus lábios se curvaram em um sorriso doentio e meus dedos destamparam o isopor revelando uma marmita pronta com uma variedade de alimentos. Podia sentir minha pele queimar com os olhares dos meninos para mim, confusos, perplexos.

— Estamos mirando no alvo errado! — meus olhos ainda fixos na marmita enquanto eu analisava a comida. Os meninos ainda esperavam que eu explicasse o que tinha acabado de dizer — Não é Sophia quem está no comando aqui! — levantei os olhos para eles que ainda me olhavam confusos.

Ela era apenas um pião, e nem mesmo sabia disso.

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Olá carrapatinhos, como estão? Espero que bem?

O que estão achando da história? Sophia está escondendo algo? Quem comanda o império Clark? Teorias?

Comentem e votem bastante para eu saber se estão gostando.

Nós vemos no próximo capítulo

Beijos da Taty.

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