Diário de Geraldo Góis

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Catarina e Leonor saíram do baile dos anos 50 aliviadas. A presença de Vasco estava a incomodá-las. Decidiram então que um desvio até o Fell's Bar podia ser aquela lufada de ar fresco que precisavam. O café habitual estava sempre cheio de jovens e música suave.  Também havia uma pequena expectativa no ar, pois Leonor tinha olhado para a cara de Bernardo, o empregado que ela achava encantador, mais vezes do que talvez fosse apropriado.

- Vamos sentar-nos ali. - O olhar de Leonor iluminou-se ao avistar Bernardo, que estava atrás do balcão, a preparar uma bebida

- Sê um pouco mais óbvia, Leonor. - Catarina foi direta e irónica.

- Não sejas desmancha prazeres.

- Leonor... o Bernardo? A sério? 

- Ele é lindo.

- Ele é um desportista acabado que ganha a vida a servir bebidas. Arranjas muito melhor. - Nesse momento, João, que estava atrás delas, pronto opara as cumprimentar, passou por elas ignorando-as. Magoado com o que ouviu da boca de Catarina.

Acabaram por se sentar numa das mesas no centro do bar. Catarina estava entediada e Leonor não parava de olhar para Bernardo. 

- Esta noite era melhor no papel. - Catarina reclamou.

- Estás a sentir pena de ti própria. Vai falar com o João. - disse, percebendo que ela estava assim por causa dele. - Sê arrojada e destemida.

- Sim, isso vindo da rapariga que tem estado só a mirar o empregado do balcão.

- Tens razão. - ela disse e levantou-se convicta, movida por uma combinação de coragem e a provocação amiga. Leonor respirou fundo, sentindo o coração acelerar. Leonor atravessou o bar, quando chegou ao balcão, hesitou, mas ao olhar nos olhos dele, falou.

- Olá. - disse, com a voz um pouco trêmula mas decidida. Ele levantou o olhar e um sorriso instantâneo abriu-se no seu rosto, como se ele estivesse estado à espera daquele momento.

- Duas vezes no mesmo dia. - ele disse. - Que sorte a minha.

- Estou a provar algo à minha amiga.

- Ai sim? O quê?

- Que não temos de ficar à espera que um homem venha ter conosco.

- Isso significa que me estás a convidar para um encontro?  

- Isso significa que o queres?

- Em que estavas a pensar?

- Gostas de karaoke? - ela hesitou, andes de perguntar. 

- Não. Mas gostava muito de sair contigo.

Catarina olhava a cena da mesa onde estava sentada, quando João voltou a passar por ela, com um balde com loiça suja, ignorando-a mais uma vez.

- A sério? - Catarina perguntou, ao ver que, realmente, ele não ia dizer nada.

- Isso é para mim? - João parou.

- Vês mais alguém por perto?

- Precisas de alguma coisa?

- Estás chateado comigo? - perguntou confusa e incrédula. 

- Não, Catarina, não estou chateado. 

- Então porque é que estás tão esquisito?

- Não estou. Eu estou a trabalhar. 

- Estás a evitar-me.

- Não. Tenho uma mesa para limpar. É o tipo de coisa que os desportistas acabados fazem para ganhar a vida. - mandou-lhe a boca, deixando-a surpresa por uns segundos e suspirando, quando ele virou as costas. 

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