Sobre picnics e pores do sol

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Na terça-feira, enquanto todo o restante dos ilhéus dormia, Fit e Pac se encontraram na padaria para fazerem as missões.

Como acontecia com frequência, Fit chegou primeiro. Ramón pulava animado ao seu redor enquanto conversavam sobre as aventuras do ovinho e dos irmãos na noite anterior; estavam olhando as diferentes pranchetas anexadas na parede quando uma voz bem conhecida soou atrás deles em português:

— Oi!

Fit olhou por cima do ombro, abrindo um sorriso imenso. Em um piscar de olhos, Ramón já havia corrido para perto de Pac, andando ao redor dele para cumprimenta-lo. Pac também tinha um sorriso enorme no rosto, acompanhando o ovinho de bigode com os olhos brilhando de amor paternal.

— Bom dia nenê! Bom dia Fit!

— Bom dia, bom dia — Fit cumprimentou de volta, deixando as missões de lado para se aproximar do namorado. — Tá bonito hoje.

Não havia nada de novo ou de muito diferente na aparência de Pac: ele ainda usava o moletom azul de pac-man, com o capuz abaixado, e o cabelo escuro ainda tinha algumas mechas coloridas desde quando ele passou na Barbearia do Ramón para ficar pronto para o encontro. Mas o namorado estava sempre muito bonito na visão de Fit, e ele não media esforços para elogiá-lo.

— Você também — Pac respondeu, as bochechas ligeiramente vermelhas. Fit revirou os olhos, rindo sem graça do elogio; ele se aproximou mais ainda, e Ramón colocou uma plaquinha no chão, perto deles, desejando um bom dia para o pai.

— Quais os planos para hoje? — Fit perguntou, os dois já acostumados com aquela rotina: se encontravam, discutiam os planos do dia, às vezes ficavam juntos, às vezes faziam tarefas separados, mas sempre conversavam ao menos por alguns minutos quando estavam ambos acordados.

— Nada demais, na verdade. O Richas acordou ontem enquanto vocês dois tiravam um sono de beleza, então eu, ele, a Bagi e a Empanada já fizemos quase todas as missões. E vocês?

— Vamos fazer algumas. — Fit puxou algumas pranchetas que já estavam guardadas na mochila, mostrando-as para Pac enquanto listava os planos do dia. — Vamos ver... Ir ao museu, escrever uma review, decorar o jardim de casa e... Ah! — Ele leu novamente a última missão que havia escolhido, sentindo um plano se formar no fundo da mente. — "Faça um picnic com o bebê e um ou mais amigos". Você conta como um amigo, né?

Ramón e Pac se entreolharam e depois olharam ao mesmo tempo para Fit. Pac tinha uma das sobrancelhas levantadas em uma expressão risonha.

— Espero que eu conte como um amigo. — Provocou, fazendo Fit rir.

O veterano voltou a guardar as pranchetas na mochila enquanto Ramón escrevia uma plaquinha:

"Se seu namorado não conta como seu amigo, tem algo errado!"

— É verdade, Ramón. Espera, Pac, não foi você que falou que queria ir em um picnic?

Os olhos amarelos do brasileiro brilharam, e um sorriso surgiu em seu rosto. Pac amava a maneira como Fit sempre lembrava de cada detalhe que ele falava, pois o fazia se sentir uma das pessoas mais importantes do mundo; ao mesmo tempo, Fit amava quando Pac sorria daquele jeito, como se um pequeno gesto do brasileiro fosse capaz de iluminar todo o dia do veterano.

— Minhas deusas, acho que a gente falou disso há meses, não foi? Como você lembra disso?

— Acho que foi antes da gente ir pra prisão... — Fit ficou envergonhado, as bochechas vermelhas novamente enquanto ele mexia na prótese de forma distraída. Ele nunca admitiria para Pac que lembrava de cada conversa que tiveram, das mais bestas até as mais importantes. — Talvez quando eu te mostrei o meu armário novo...

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⏰ Last updated: Jul 26 ⏰

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