a primeira vista

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Esse sou eu rezando para que
Essa seja a primeira página
Não onde a história termina
Meus pensamentos vão ecoar o seu nome
Até que eu te veja de novo
Essas são as palavras que eu segurei
Enquanto ia embora cedo demais:
Fiquei encantado de te conhecer
(Enchanted - Taylor Swift)

Dinastia Joseon
Verão de 1545 d.C

O cheiro doce de canela era tão forte que às vezes causava coceira no nariz. Apesar do calor, a brisa que sacudia as árvores tornava um pouco menos torturante fazer aquela viagem quando o sol estava no alto do céu, escaldante como sempre.

Um mercador inteligente não cortava caminho por ali apenas para evitar o calor da estrada, mas Jiang não se considerava o mais inteligente de todos. Ao menos o cavalo em que estava montado concordava, já que parecia aprovar o caminho.

Canela. Ele não sabia que aquela rota tinha tantas árvores daquelas, o que era um grande achado. Seus pais aprovariam sua descoberta mais do que desaprovariam sua imprudência.

As sacolas de tecido amarradas, com o peso distribuído para que o animal não sofresse, estavam emitindo um tinido chato do metal das moedas batendo em alguma coisa.

Era irritante.

Uma viagem tão longa para atender um único cliente, odiava os castigos que seu pai lhe dava.

Jiang olhou na direção do riacho que corria abaixo. Estava no topo de uma inclinação que com um mero deslize poderia jogar um distraído na água vários metros abaixo.

Podia parar e pescar algo para o jantar, não?

Ele provavelmente teria que acampar por ali, já que a capital ainda estava muito longe.

Tudo estava calmo até demais.

Era de se esperar que algo fosse acontecer para acabar com seu dia.

O cavalo se agitou quando algo saiu do meio da mata. Foi rápido. Como um vulto. Jiang teve que se segurar firme nas rédeas quando Garu, seu cavalo de estimação, empinou de susto e começou a dar pulos para trás.

Jiang gritou por instinto.

O animal que tinha saído da mata, um veado grande, desceu a pequena colina que dava no riacho com desespero anormal. No instante que o veado desceu, uma flecha cortou o ar e como uma sorte divina, atingiu uma árvore e não a cabeça de Jiang.

Foram poucos segundos antes que o pobre veado, agitado e assustado, conseguisse atravessar o riacho por sobre as pedras e sumisse de vista na mata lá embaixo.

Garu demorou um pouco para colocar as patas dianteiras no chão com força, Jiang, que tinha sentido seu coração quase saltando pela boca por conta do susto, apenas ficou mais aterrorizado quando outra coisa saiu da mata.

Dessa vez um homem. Ele usava roupas de pele, os cabelos estavam presos no topo da cabeça e uma faixa de tecido estava enrolada na cabeça. A aljava presa nas costas, o arco firme na mão.

Ele correu até a ponta da colina e olhou para baixo, soltando um murmúrio baixo e irritado ao ver que o veado tinha sumido de vista.

— Ei, você! — Jiang tinha o temperamento de sua mãe, era o que todos costumavam dizer. Por isso foi quase imediata a forma como a raiva o dominou e sua vontade de agredir aquele estranho o levaram a descer do cavalo. — Você podia ter me matado!

O rapaz o olhou, com desdém.

Jiang acalmou Garu o suficiente para poder se afastar dele e ir em direção ao estranho.

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