ATÉ A PÁGINA DOIS

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Na manhã seguinte a Catco estava agitada. Andrea estava enlouquecida, pois não só Kara estava ausente, como James também não tinha aparecido até aquele momento. Como uma revista aguentaria as pontas sem sua editora chefe e sem o diretor de fotografia? Só podia ser um complô contra o progresso da revista. Ligaria para Lena. Se tinha alguém que poderia saber onde Kara Danvers estava, esse alguém era Lena Luthor. James teria que esperar.

- Nia! - Gritou da porta de sua sala. - Pode vir até aqui, por favor?

A sonhadora, que estava em parte cochilando em sua mesa enquanto revisava sua matéria, tomou um susto ao ouvir seu nome. Tinha passado a noite quase toda em busca de James e tentando ajudar de alguma forma o DOE na recuperação de Kara que nem tinha visto o tempo passar e agora estava realmente "sonhando acordada", mas dessa vez não era por causa de nenhuma premonição. Apressou os passos até a sala da chefe e entrou desconfiada.

- Senhorita Nal, sente-se por favor. - Apontou a cadeira à frente de sua mesa.

- Com licença, senhorita Rojas.

- Então Nia, chamei você pra saber se sua matéria está pronta. Estamos dependendo dela, já que Kara está ausente, estou cobrindo os buracos que faltam na próxima edição.

- Claro, senhorita Rojas. Estava agora mesmo terminando a revisão. Posso enviá-la agora mesmo, se preferir.

- Que bom, Nia. Pelo menos com você eu posso contar, nessa loucura que se tornou a Catco. Você tem noticias do James? Ele não chegou até agora e não avisou nada...

- Estou tentando falar com ele desde ontem, senhorita. Ele não me atende. Precisava de ajuda com algumas fotos para o artigo, mas não consegui. Na verdade, o telefone está desligado. Estou preocupada. James não é assim.

Andrea suavizou o olhar e esticou o braço sobre a mesa capturando a mão de Nia, dando um leve aperto. Aquilo pareceu estranhamente carinhoso e Nia ficou surpresa que Andrea estivesse agindo daquela forma com ela, porque a outra estava sempre nervosa e irritada com os prazos e com as notícias e basicamente com tudo. Talvez fosse parte da vida de chefe.

- Você acha que consegue localizá-lo pra mim? Tenho várias matérias pendentes do aval dele, estou numa enrascada aqui. Por favor, Nia? A Kara também sumiu.

Nia sorriu sem jeito e retirou a mão, delicadamente. Seus instintos diziam que aquele carinho não era somente profissional. O olhar de Andrea tinha algo a mais. Não se sentiu desconfortável, mas sim lisonjeada. Não sabia nem o que pensar sobre aquele acontecimento repentino.

- Kara está doente. Pegou uma gripe daquelas. E, eu iria até o apartamento do James, mas não sei onde ele mora. Se a senhorita puder me ajudar com isso, eu poderia ir até lá verificar se ele está bem.

Andrea sorriu de leve, disfarçando a decepção por Nia ter retirado a mão da sua. Abriu sua agenda e tirou um papel de lá com o endereço de James já anotado.

- Claro. Já iria mandar um mensageiro até lá, mas como você e ele são mais próximos, agradeço se puder ir até lá verificar.

- Ficarei feliz em ajudar, senhorita Rojas.

- Por favor, me chame de Andrea. - Sorriu sem jeito.

Nia não acreditou. Ela estava corando?

- Eu estive pensando, Nia. Queria te perguntar algo pessoal, mas fico um pouco deslocada e com medo que possa fazer uma ideia errada de mim.

Nia não estava preparada para a conversa que viria a seguir. Agora era ela que corava violentamente. Será que ela tinha algo a ver com sua condição? Alguns colegas de trabalho torciam o nariz para sua condição de mulher trans e isso poderia ter chegado aos ouvidos da chefe. Antes que Nia pudesse responder positiva ou negativamente, a outra se adiantou.

Além da profecia (A última Worldkiller)Onde histórias criam vida. Descubra agora