Motim

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º Visão de F. Knox º

Segunda fiquei até mais tarde na escola com Tyler. Estava tentando ensiná-lo a jogar basquete, já que aparentemente ele estava decidido a parar com o futebol – e quando nos conhecemos essa parecia ser a chave que ele tinha encontrado pra sair daqui e ser livre de todas as amarras que sentia ter em sua vida. 

Todos do time o reconheceram e ficaram animados com a novidade de ele ter se interessado pelo basquete. Ele era um dos três "astros" da escola e se ele estava ali, certamente teríamos mais atenção. Em poucos dias teríamos nosso primeiro jogo do ano, eu sabia que ele jamais conseguiria estar pronto pra fazer cestas, mas ao meu ver existem duas classes de jogadores tão importante quanto os pontuadores: os reboteiros e os bloqueadores. 

– Você não tem técnica, não tem coordenação motora nem controle de bola... – começo a descrever Tyler, que sorri. 

– Isso é pra me animar? – ele questiona. 

– Mas... – continuo falando – Tem altura e força. Vem do futebol americano, que é um esporte de contato, então sabe cair sem se machucar e mais do que isso, vai ser perfeito pra evitar que nossos adversários avancem. 

– Você tá falando como se eu fosse realmente jogar no time. Vai animar a todos desse jeito. 

– E não posso? – pergunto e ele pensa um pouco, mas não me responde, então prossigo. – Bloqueadores eram mais populares antigamente e é por isso que é tão interessante ver os jogos mais antigos da liga. Eles dão os famosos "tocos", que é basicamente atrapalhar que seu oponente faça um ponto, tirando a bola dele em momentos estratégicos. 

– E os outros? – ele pergunta. 

– Os reboteiros? – ele concorda com a cabeça. – Basicamente eles vão até o inferno pra pegar aquela bola que foi arremessada, mas não pontuou. Tem reboteiro na liga que quase não pontua, mas faz tanta assistência que se torna essencial pro time. Se você mantém a posse de bola pro seu time por mais tempo, quer dizer que ele vai ter mais chance de tentar pontuar. Não pode ter medo de cair, às vezes quem busca rebote vai parar em lugares inusitados. Explicando de uma forma que você entenda, é isso. 

– Gosto desse. 

– É sua cara mesmo. Vamos tentar alguns exercícios de mobilidade pra você. – ele concorda com a cabeça. Tyler era grande, mas geralmente quem vinha do futebol americano era um pouco mais engessado que a média, era importante ensinar ele a se movimentar de forma rápida e estratégica. 

Passamos algumas horas treinando juntos e sozinhos na quadra. Por incrível que pareça, pra alguém que diz não ter o mínimo interesse no basquete, Tyler pareceu se divertir – e não é querendo puxar saco dele, mas ele parecia ter jeito pra coisa. Não sei se a vida tinha me apresentado a ele pra demonstrar o verdadeiro chamado da vida dele, mas o basquete realmente parecia combinar com seu estilo. 

Cerca de 2h depois, deitamos na quadra. Tyler respirava fundo, verdadeiramente cansado. Acho que esse efeito vem do cigarro, já que ele não era sedentário. 

– Dorme comigo hoje? – ele pergunta. 

– Limites, garanhão. Tenho assuntos pra tratar e uma vida além de você, não pode ajustar sua existência em ficar comigo o tempo inteiro. 

– Por que não? – começamos a rir. 

– Tenho assuntos pra resolver. Se resolver a tempo, te aviso, quem sabe você não dorme lá em casa...

– Yohan mata você e eu. – ele rebate. Ficava claramente desconfortável só de ouvir o nome do meu irmão. 

– Ainda com problema com ele? 

ELO - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora