QUEIMAAAA

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--- JEFF ---

Passo o dia de quinta quase todo sem ver Alan, houve algum problema externo que ele teve que resolver e não voltou, aproveitei para usar a academia, ajudei os rapazes na oficina por umas 4 horas e depois voltei pro meu quarto para ler um pouco.

Me perco na história e acabo cochilando, o que me leva direto para memórias que eu não quero ter.

- Jeff, Little, acorda. – Sinto o toque em mim e me afasto o máximo que consigo, ouço a voz de Alan e ele me segura, percebo que a luz da luminária está ligada agora.

- Me solta, por favor, me solta. – Soluço e sinto seus braços se afastarem.

- Jeff, sou eu... – Seus olhos encontram o meu e respiro fundo.

- Eu sei... Estava escuro, dormi sem querer, tive um pesadelo... uma memória. – Limpo as lágrimas do meu rosto, Alan senta-se na cama e me observa. – Desculpa, fazia tempo que eu não tinha uma assim.

- Quer falar sobre isso? – Eu dou de ombros e puxo meus joelhos abraçando.

Alan se levanta e busca um copo de água, me entrega e volta a se sentar distante.

- No geral as casas que passei eram ruins, eu era tratado como um objeto e tudo mais... só que nem todos me tratavam tão mal sabe? – Ergo o olhar para Alan. – Eu só tinha que aceitar fazer sexo e eles me deixavam em paz, quando eu entendi isso, parei de ser espancado, foi só aprender a obedecer... E nem sempre as punições eram físicas, as vezes era só ficar sem comer, ou algo do tipo. – Eu mordo o lábio.

- Você não precisa me contar se não quiser. – Assinto, mas eu queria, tinha vontade que ele me entendesse.

- Alguns eram até bons, me deixavam em um quarto com TV, ou ver Charlie as vezes, respeitavam quando não estava bem... Me davam remédios. – Eu pressiono os lábios.

- Desculpa, mas isso não é ser bom, Jeff... – Ele respira fundo.

- Pra mim, era o melhor, eu nem sei pra quantos eu fui vendido, acho que passei por umas 6 casas, em algumas eu fui mantido drogado todo o tempo, acredite, um quarto com TV era ótimo. – Ele estava com os punhos cerrados, eu sei que estava se controlando, mas queria me ouvir. – Fiz vários exames para saber se tinha doenças, até peguei DSTs algumas vezes Alan. – Minha voz embarga. – É quase um milagre que eu não tenha morrido ou pegado algo incurável.

- Eu queria muito te abraçar agora, é uma droga isso... – Balança a cabeça e pressiona os lábios.

- Não. – Me encolho de novo e Alan assente. - Quando cheguei a casa do pai de Vegas... Ele tinha um jeito muito sádico... Não era sobre transar para ele, gostava de torturar, descontar todas as frustrações... – Eu respiro fundo. – Se nos comportávamos mal ele nos deixava dentro de um quarto escuro sem comida ou água por dias, por isso eu odeio tanto o escuro. – Lágrimas pingam dos meus olhos.

- Eu... Jeff, os tapas... Como...? – Suas mãos se arrastam pelo seu cabelo. – Como lida com isso?

- São coisas completamente diferentes para mim, eu sei que nunca me machucaria Alan, gosto dos nossos jogos de controle, gosto quando me prende, mas eu não quero uma coleira, ou coisas com sufocamento, nem... nem... – Fecho meus olhos com força. – Nem cintos, nunca.

- Jeff, eu nunca vou fazer nada que te deixe minimamente desconfortável, se não quer essas coisas, não vamos tê-las. Por que não falou nada antes? – Ele pergunta um tanto aturdido.

- Eu só fico mais... como se as memórias ficassem mais vivas depois dos sonhos, minha sensibilidade aumenta, tenho dificuldade com toques, eu não tinha pensado sobre isso, você nunca tentou nada também. – Ergo meu olhar e o vejo me observar atentamente.

Sob Minha Autoridade (AlanJeff)Onde histórias criam vida. Descubra agora