Uma noite no Old Orchard

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Desci rapidamente até a dispensa de casa onde meus pais guardavam os mantimentos e peguei um estoque de shampoos, condicionadores e creme de cabelo para o meu banheiro; papai estava no escritório mexendo no computador e mamãe estava falando com o correio; ela tinha feito compras para a casa e eu subi rapidamente indo em direção ao meu quarto para trocar de roupa e tomar banho, Ronny e eu tínhamos marcado de ver alguma coisa no cinema do centrou ou andar pela praça do shopping local.

-- Aubrey comprei uma colcha igual à azul que você tem e veio uma a mais você vai querer? – disse mamãe dentro de meu quarto e eu tinha jogado uma almofada sob a mancha de vinho que Dave fizera no carpete.

-- Claro mamãe – murmurei e depois entrei dentro do chuveiro e ouvi uma movimentação dentro de meu quarto e deduzi que ela tinha saído dele e depois que sequei meus cabelos e fiz minha skincare com os produtos que a dermatologista havia me enviado há alguns dias e depois uma maquiagem básica sai dali.

-- Aubrey pode me explicar o que é isso? – disse mamãe indicando a garrafa de vinho sob minha cômoda e a mancha que estava embaixo da almofada e agradeci por ela não ter mexido em minha cama, pois ela teria encontrado a minha taça ainda meio cheia embaixo da cama e ela tinha a taça vazia de Dave na mão.

-- Ahm... Eu... – comecei, mas o telefone de casa tocou e eu e ela ficamos quietas esperando papai atender.

-- Vamos descer e vamos conversar sobre isso juntamente com o seu pai – disse ela e eu desci as escadas.

Papai estava na sala principal com o telefone, mas mãos e olhava pela janela com ar de cansaço aparente.

-- Não atendo a propagandas – disse papai seriamente contra seja lá que m fosse e eu me sentei no sofá e mamãe olhava diretamente para mim e papa papai que parecia cansado de estar de pé e se sentou.

Papai ficou quieto com o olhar meio perdido durante a ligação e olhou para mim e para minha mãe e riu.

-- Bom; eu só tenho uma... Que eu saiba – disse ele olhando diretamente para mim e eu o encarei séria.

-- Aubrey; telefone pra você – disse papai e aquilo era incomum então peguei rapidamente o telefone dele

-- Alô? – falei contra o aparelho e minha mãe se sentou ao lado de meu pai e os dois começaram a conversar baixinho; mas eu sabia o teor da conversa; mas estava mais preocupada com aquela ligação.

-- Aubrey? – disse um cara do outro lado da ligação e a voz era um pouco longe e me pareceu familiar.

-- É ela – murmurei ainda de costas para meus pais, mas eu os sentia me encarando e aquilo incomodou.

-- Oi, é o Dave... – disse Dave do outro lado da linha e aquilo me surpreendeu e olhei para meus pais ali.

-- Ah... Sei... Sei... Espera um pouquinho – me virei nervosa para meus pais que me encararam tensos.

Fiz sinal e sai rapidamente dali e fui falar com Dave em outro local, não queria falar com ele com meus pais ouvindo a conversa; já era estranho ter que justificar a garrafa de vinho no quarto juntamente com a mancha no carpete então caminhei em direção a copa de casa com o telefone colado na minha orelha.

-- Oi, o que foi? – falei mais tranquilamente esquecendo – me por alguns minutos da bronca que eu levaria.

-- Nada demais... Na real eu só queria avisar que cheguei em casa em segurança e eu só queria saber se está tudo bem com você... Está tudo bem mesmo com você? – gaguejou Dave do outro lado da linha.

-- Tudo – respondi andando por dentro de casa nervosa pelo silencio de meus pais e pela bronca.

-- E eu também queria dizer ou perguntar o que você vai fazer mais tarde? – disse ele e eu voltei pra copa.

-- Eu vou no cinema com o Ronny – disse esperta caso meus pais estivessem ouvindo a minha conversa.

-- Ronny? Ah Ronny é claro – disse Dave constrangido – É engraçado por que eu também vou no cinema hoje e nós vamos no Old Orchard... – disse ele e eu respirei profundamente acabaríamos nos encontrando.

-- É, é pra lá que eu vou – murmurei olhando para a sala onde meus pais ainda conversavam baixinho.

-- Então eu acho que te vejo lá – disse Dave um pouco animado e respirei profundamente e sorri com isso.

-- É, talvez – murmurei e vi a ponta dos cabelos loiros de minha mãe próximas da porta e respirei fundo.

-- Tudo bem; legal – disse Dave ainda animado do outro lado da linha e eu procurei encerrar a ligação.

-- Legal, então até mais – disse desligando rapidamente a ligação e voltei a passos lentos para a sala.

Chagando na sala parei na frente da TV e meus pais me encararam rapidamente e respirei profundamente.

-- Podemos ter um minuto? – disse mamãe ainda um pouco nervosa por ter visto a garrafa e a mancha.

-- Eu não vou te dar uma palestra sobre pais por que isso não é minha praia e vocês ficam na sua e eu na minha... Mas deixa eu falar uma coisa, nós sabíamos que em algum momento eu ia beber é inevitável afinal de contas eu sou uma adolescente e o melhor jeito de fazer isso não é aqui em casa no meu quarto com uma taça de vinho ao invés de eu ficar numa festa bebendo com um cara estuprador ou maluco a espreita ou quando eu posso morrer em um acidente de carro? – falei diretamente encarando os dois.

-- Não é só sobre o vinho... É que você derrubou o vinho... Você... Nem sei mais, qual era a pergunta mesmo? – disse mamãe quando eu a deixava sem palavras ou motivos para me colocar de castigo.

-- Eu posso ir no cinema hoje a noite ou vocês dois irão me punir por ter sido responsável? – falei séria.

Papai permaneceu em completo silencio e mamãe o encarou e ela se voltou para mim um pouco tensa.

-- Você pode ir – disse ela e papai concordou e assenti me permitindo sentir um alivio por não ter bronca.

-- Legal, eu adorei o papo – falei saindo rapidamente dali e voltei para meu quarto; não antes de fazer um lanche caprichado e levar para cima e organizar as coisas para o cinema mais tarde e depois que terminei tudo ouvi meu celular vibrar e era uma mensagem de Ronny dizendo que estava me esperando lá fora.

Sai acenando para meu pai enquanto mamãe via algum filme com ele e assim que entrei no carro notei Ronny com uma expressão pra lá de depressiva, ele não estava mais sendo legal como antes de ficarmos.

-- Como você ta? – perguntei por educação, pois pela expressão dele a resposta com certeza seria sim.

-- Já estive bem melhor, tive uma semana muito difícil emocionalmente e talvez eu não seja uma companhia muito divertida hoje – disse ele com a voz um pouco embargada e eu resolvi conversar.

-- Estava chorando? – questionei e ele me encarou com cara de tédio que fiquei com medo de aquela coisa toda me contagiar como uma gripe forte ou algo parecido e ele depois de um curto silencio respondeu.

-- Deixa pra lá; como você ta? – disse ele forçando um sorriso para os lábios que acabou ficando bizarro.

-- Bem – respondi e ele rapidamente limpo o nariz na manga da blusa e ligou o carro e saímos dali.

-- Vamos hoje até o Old Orchard? – questionei Ronny enquanto ainda estávamos dentro do meu bairro.

-- Lá é o centro de tudo, vai estar cheio de adolescentes e eu detesto as lojas de lá – disse ele secamente.

-- Por favor, só hoje – murmurei e ele me olhou novamente e mudou de pista sem dizer nada sobre isso.

Seguimos para o local e por algum motivo algo em mim dizia que essa noite tudo teria uma enorme mudança, não saberia dizer se era apenas curiosidade ou uma animação sobre quem ou o que eu veria lá.

TFT - Aubrey e DaveOnde histórias criam vida. Descubra agora