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Viver adianta de quê? 

Era isso que eu queria saber. 

Se pássaros acordam e voam, 

E seus cantos para todos ressoam, 

Só não para mim.


E para quê? 

Se o vento leve e som de folhas acalmam o mundo, 

E não meu distúrbio; 

Se o pôr do sol marca o descanso 

E eu o vejo como só mais uma contagem para meu fim...


Eu... não sinto nada 

Essa tal "felicidade" 

só existe em contos de fadas 

Vivo de remédios 

Eu... sou um tédio


-Bom dia, Doutor. 

-Bom dia,

O que lhe trouxe aqui? 

"Não sinto o vento, 

Não sinto o sol. 

Eu não entendo, 

Sou tão só. 

Em nada venho crendo, 

Apenas que me tornarei pó. 

As folhas dançam, 

Os galhos balançam. 

O dia escurece, 

A lua enaltece. 

Os pássaros aos outros cantam, 

E a mim, meus demônios chamam. 

Eu digo e repito que não, 

Mas são vozes que não consigo silenciar. 

São vozes de minha cabeça, 

E por isso eu me odeio. 

As vozes olham para mim e se queixam: 

'Para quê ao mundo ele veio? ' 

Não sei se estou louco, 

Nem sei o que é real. 

Já faz tanto tempo, 

Para mim era normal. 

Meu corpo pesa, 

Bem como a mente. 

Tudo me cansa, 

Não há esperança. 

Ainda não contente, 

Ele me desmente: 

'Inútil. ' 

Não sei mais o que é distúrbio 

E o que realmente penso" 

-E então? 

-Sinto... eu sinto um vazio... imenso. 

-Feito, volte em um mês. 

-Muito obrigado, aqui está seu pagamento.

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