Era ela.

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Uma semana depois.

A mesa estava super caprichada, com toalhas de linho brancas que desciam até o chão e talheres brilhando sob a luz suave das velas. O cheirinho dos pratos deliciosos que a Ivone tinha preparado invadia o ar, uma mistura de temperos que deixava todo mundo com água na boca e criava um clima bem aconchegante.

Mariana estava de um lado, rindo alto, ela jogava a cabeça para trás, mostrando o pescoço delicado, enquanto o Daniel contava uma piada sobre um momento bem constrangedor do passado. A química entre eles era intensa, como se fossem dois ímãs grudando um no outro. Eu quase conseguia sentir a energia no ar, um calorzinho que iluminava tudo.

Megan, sentada do meu lado, parecia mais na dela, mas estava por dentro do assunto também. Ela mexia no prato com o garfo, mas os olhos estavam grudados no Conor lá no final da mesa. Ele falava sobre uma travessura da infância com o Daniel, uma história que a Ivone adorava relembrar. Eles pareciam tão felizes juntos, como se nada mais importasse.

Enquanto isso, eu me sentia meio invisível. O calor da mesa e as risadas ao meu redor criavam uma bolha de felicidade que parecia longe de mim. Uma onda de insegurança me envolvia, eu deveria estar curtindo aquele momento, mas tinha algo pesado dentro de mim. Por que eu não consigo me sentir bem?

Ivone: Sarah, você comeu o suficiente? — perguntou, sua voz suave e acolhedora flutuando pelo ar como uma brisa morna. O jeito materno dela sempre tinha o poder de transformar qualquer ambiente em um lar acolhedor.

Sarah: Sim, obrigada! — respondi, forçando um sorriso enquanto assentia. — Está tudo delicioso. — As palavras saíram quase automáticas, um esforço consciente para esconder a ansiedade que começava a borbulhar dentro de mim.

A verdade é que eu me sentia perdida em meio à situação. Amanhã era o baile, e Conor tinha um plano que envolvia todos nós. Eu e ele iríamos como convidados, enquanto Megan, Daniel e Mari se infiltrariam entre os funcionários da festa. Eles estariam de olhos e ouvidos abertos, circulando entre os convidados em busca de qualquer informação valiosa. Era perigoso, qualquer deslize poderia expô-los. Mas todos estavam de acordo com o plano arriscado... então era isso.

Conor captou meu olhar e me ofereceu um sorriso suave, como se pudesse sentir o nó de nervos que se formava em meu estômago. Eu devolvi o sorriso, um gesto tímido que parecia gritar "Estou bem", enquanto desviava o olhar para minha taça de vinho. Levantei-a à boca e tomei um bom gole, tentando afogar o bolo seco que se acumulava na minha garganta.

Após o jantar, eles subiram para a Sala de Armas. Mariana estava ansiosa para conhecer o local, e Megan também demonstrou grande interesse. Eu não estava muito a fim, então decidi ficar na cozinha com Ivone, ajudando a arrumar a bagunça. Assim que terminei, resolvi subir para fazer companhia a eles — ou talvez eles a mim. Quando estava prestes a seguir à direita em direção à sala, meu olhar se desviou para um lance de escadas que levava ao terceiro andar, o andar dos quartos. Decidi subir.

Ao adentrar no quarto dele, espaço exalava uma áurea vazia e melancólica, acendi a luz e me deixei cair na cama. O contato com o colchão macio foi como um alívio instantâneo, respirei profundamente, tentando me concentrar no silêncio que preenchia o ambiente.

Após alguns minutos de tranquilidade, percebi uma presença na porta: Conor estava lá, ombro escorado na batente, os braços cruzados e os olhos fixos em mim. Um sorriso involuntário brotou em meu rosto — eu adorava quando ele me observava assim, como se eu fosse o único foco em seu mundo.

Sarah: Então, eu estava pensando... será que já nos encontramos antes? Quando éramos crianças ou adolescentes? Você estudou em qual colégio? Quer dizer, você estudou, né? — perguntei, sentando-me na cama e cruzando as pernas de forma casual.

Doce Veneno - amor, ódio e obsessão.Onde histórias criam vida. Descubra agora