Hoje era a primeira noite de filmes sem Neo, e eu estava começando a sentir falta do meu irmão mais velho mais do que eu esperava. A ideia de não ter mais a sua presença por perto estava começando a se instalar em mim.
— Fou — Keen disse, olhando para a tela onde "Super Gatas" estava passando. — Por que você não arruma um namorado?
— Eu não preciso de um namorado quando tenho você para assistir comigo — respondi, enquanto jogava uma porção de pipoca na boca.
— Sabe, Fourth, se você tivesse um namorado, não teria que dirigir para a gente — Keen falou, como se isso fosse a coisa mais importante do mundo. — E você não acha meio deprimente passar o sábado à noite fazendo uma maratona de filmes com seu irmãozinho mais novo? Tipo, eu tive que desmarcar meu compromisso para estar aqui com você, e eu só tenho 11 anos! — Ele me olhou, esperando uma resposta, e eu o encarei com um olhar de indignação. O que ele estava tentando dizer com isso?
Decidi não responder e joguei uma almofada no rosto dele. Não é que eu não pudesse ter um namorado; é só que eu não achava que era necessário. Gostar de alguém sempre foi complicado para mim. Afinal, quanto mais pessoas você tem na sua vida, mais pessoas você pode acabar perdendo...
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P.O.V Keen
Olhei para Fourth, que estava profundamente adormecido ao meu lado no sofá, e me levantei com cuidado, tentando não fazer barulho. A respiração dele era tranquila e regular, e eu sabia que ele estava em um sono profundo. Com um último olhar para ele, subi as escadas silenciosamente e entrei no quarto dele, mergulhado em uma luz suave e difusa.
Meus olhos se fixaram na parte de cima do armário, onde sabia que Fourth guardava a caixa secreta. Sempre soube que havia algo importante ali dentro, algo que ele mantinha trancado a sete chaves. A curiosidade estava me consumindo, e eu não consegui resistir à tentação de descobrir o que havia dentro.
Peguei um banquinho, subi com cuidado e alcancei a caixa. Levei-a até a mesinha ao lado da cama e comecei a abrir. O som do fecho se desprendendo foi quase inaudível, mas meu coração estava acelerado. Dentro da caixa, encontrei uma pilha de cartas, todas dobradas e endereçadas com uma caligrafia que eu reconhecia bem. Cada envelope tinha um nome escrito, e eu sabia que essas cartas eram destinadas aos garotos que Fourth havia amado.
Meus dedos tremiam um pouco enquanto puxava uma das cartas para fora. Olhei os nomes nos envelopes e imediatamente soube que estava prestes a descobrir algo muito pessoal. A curiosidade era grande demais, e eu estava determinado a entender o que estava acontecendo.
Sem pensar muito, uma ideia ousada surgiu na minha mente. Se essas cartas eram tão importantes, talvez Fourth estivesse fazendo algo errado ao escondê-las. Afinal, esses sentimentos não deveriam ficar trancados em uma caixa. Com um misto de nervosismo e determinação, peguei os selos que estavam na mesa e comecei a preparar as cartas para o envio.
Cada carta que manuseava parecia um pedaço do coração de Fourth, e eu sentia uma responsabilidade enorme enquanto as preparava. O processo estava me deixando pensativo, mas acreditava que era o melhor para ele. Com cada envelope que fechava e cada selo que colava, sentia que estava realizando algo significativo.
Finalmente, com todas as cartas prontas para serem enviadas, coloquei-as em uma pilha organizada e guardei a caixa de volta em cima do seu armário. Caminhei até a caixa de correio em frente à nossa casa e coloquei as cartas lá, prontas para serem enviadas quando o carteiro passasse. Não sabia exatamente como Fourth reagiria quando descobrisse, mas tinha a sensação de que estava prestes a mudar tudo para ele. E, de certa forma, eu estava ansioso para ver o que aconteceria a seguir.
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Já haviam se passado duas semanas desde que Neo foi estudar na Escócia, e eu estava começando a me acostumar com a nova realidade sem ele por perto.
— E aí, o que você fez ontem à noite? — Win perguntou ao meu lado enquanto corríamos ao redor do campo durante a aula de educação física.
— Terminei outro livro. Foi muito bom! — respondi, um pouco ofegante. Afinal, eu não era exatamente o exemplo de uma pessoa ativa.
— Outro livro de safadeza? — ele perguntou com uma risada, e eu revirei os olhos.
— Eu gosto dos romances! — tentei me defender.
— Ei! — Ouvi uma voz atrás de nós e virei para ver Gemini se aproximando. — Fourth, posso falar com você?
Parei de correr ao lado de Win e olhei para Gemini, confuso.
— Comigo? — apontei para mim mesmo.
— Sim! — confirmou Gemini. Eu concordei.
— Ah, Gem, fiquei sabendo que minha prima te trocou por um carinha da faculdade e terminou com você. É verdade? — perguntou Win, e eu me segurei para não rir.
— E eu ouvi que você tem um rabo, é verdade? — Gemini desconversou, mas eu notei o sorriso forçado e a tristeza em seus olhos. — Enfim, preciso falar com ele... sozinho... — ele apontou para mim.
— Ok, garanhão. — Win disse e voltou a correr, me deixando sozinho com Gemini.
— Então, eu só queria dizer que eu agradeço, mas não vai rolar — começou Gemini, olhando para mim com um misto de nervosismo e sinceridade. — Pelo que me lembro, mesmo sendo na sétima série, foi um bom beijo. E é legal você achar que eu tenho um brilho dourado nos olhos, mas...
Enquanto Gemini falava, minha atenção se desviou para sua mão, que segurava uma carta; uma das minhas cartas secretas de amor. De repente, tudo ao meu redor começou a girar e, em questão de segundos, eu me senti fraquejar e meu mundo ficou preto.
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— Hey, Fou. — Senti meu corpo sendo balançado e abri os olhos novamente. Não era um sonho. Gemini ainda estava ali, segurando a carta. Ele estava ajoelhado na minha frente, preocupado. — Você está bem?
— O que aconteceu? — perguntei, ainda atordoado.
— Acho que você desmaiou — ele respondeu, o que era óbvio. — Vem, me dá a mão. — Aceitei sua ajuda e senti ele me puxar para que nos levantássemos. — Devo chamar alguém? Pegar uma água?
— Não, estou bem — falei, mas isso logo mundo quando observei Mark vindo em nossa direção, também segurando uma carta. — Oh meu Deus. Ai meu Deus! — A única coisa que eu conseguia pensar era em evitar que Mark se aproximasse. Com uma explosão de desespero, coloquei minhas mãos no rosto de Gemini e o puxei para um beijo. Não era nada mais do que um selinho, mas naquele momento parecia ser a única coisa que eu podia fazer para impedir que Mark chegasse mais perto.
— Nattawat — ouvi o professor de educação física me chamar. — Onde você pensa que está? Mais duas voltas, agora!
Sem outra opção, comecei a correr novamente, me afastando do local o mais rápido possível.
Puta merda, como isso pôde acontecer? As cartas foram enviadas? Quem teria feito isso? Pensava enquanto corria cada vez mais rápido, só querendo desaparecer daquele lugar por um bom tempo.
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To All the Boys I've Loved Before | GeminiFourth
Teen FictionFourth Nattawat sempre achou que seu coração já havia deixado para trás os romances antigos. Mas quando suas velhas cartas de amor, guardadas há muito tempo em uma caixa esquecida, são enviadas de volta para os garotos que um dia ele amou, sua vida...