5.

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A cena era a seguinte:

Diego abriu os olhos.

Amaury abriu os olhos.

Cada um em seu apartamento, separados por um corredor de distância.

As lembranças vieram em cheio na mente de Diego.

Amaury quase podia sentir o gosto de Diego ainda em sua língua.

Diego sorriu.

Amaury sorriu.

Os dois pensaram a mesma coisa.

Que porra foi que aconteceu?

O dia começou.

Já passava das 10h da manhã quando Diego decidiu levantar da cama de vez. Olhava seu celular com frequência, pensando se mandava mensagem ou não. Ele queria mandar mensagem. O normal seria mandar a mensagem. Mas batia o olho no relógio e sentia o estômago embrulhar só de pensar que Amaury ainda não aparecera, como de costume aos fins de semana, para tomarem café da manhã juntos. Será que estaria dormindo?

Amaury passava o café com o olhar distante. Seu corpo estava no apartamento de número 11, mas seus pensamentos no apartamento de número 12. O cheiro do café rondava o ambiente e já se sentia irritado, afinal, o grão que o ruivo comprou para ele cheirava melhor, a qualidade era outra. Ensaiou várias vezes colocar a camisa e atravessar o corredor, mas algo o parava.

O que o parava?

Estava arrependido?

Não.

Claro que não.

Mas como se encarariam depois da noite anterior? Será que seria estranho aparecer como se nada tivesse acontecido? Diego queria vê-lo? Estava sentindo falta da rotina de sábado de manhã dos dois? Amaury estava.

Serviu uma caneca farta, e quis jogar na sua cara, para ver se assim os pensamentos paravam de correr desenfreados por sua mente.

Não era a sensação que costumava ter depois de um sexo casual, onde não queria encarar a pessoa no dia seguinte. Talvez, o fato de querer tanto ver Diego, como queria todos os dias, era o que o barrava.

Sua atenção foi chamada quando ouviu o trinco da porta girando, e um frio na barriga misterioso e sem o menor sentido apareceu, pois já sabia quem era. Apenas Diego tinha a chave do seu apartamento.

O ruivo, cansado de esperar por Amaury em seu apartamento, decidiu que era ridículo que não agissem como dois adultos, e atravessou o corredor até o apartamento de número 11. Porém, ao girar a chave e encontrar o preto parado no meio da cozinha, atrás do balcão, olhando diretamente para ele, se sentiu menos corajoso do que há minutos atrás.

“Oi, Di.”

Amaury odiou ouvir sua voz rouca daquele jeito, anunciando o engasgo em sua garganta.

“Quer comer algo?”

Diego negou com a cabeça, se aproximando do balcão que os separava e sentando no banco alto.

“Já comi.”

Para quaisquer outras pessoas, isso não era nada. Para eles, um sábado de manhã onde não tomavam café da manhã juntos, era muita coisa.

“Fiquei esperando você, na verdade.”

Disse, o ruivo, apoiando o cotovelo no mármore e coçando a orelha, tentando parecer mais tranquilo do que realmente estava. Fitava o homem que tomou um longo gole de café, tentando pensar no que responder.

“A gente combinou algo?”

“E quando a gente combina?”

Frases curtas, rápidas. Amaury assentiu. Diego bufou e se levantou, sem dizer nada, se encaminhando para porta de saída.

don't say yes to him Where stories live. Discover now