Gatilhos: Violência doméstica e violência religiosa. Há também menções a fantasias violentas e violência física severa. Além disso, há referências a temas como culpa, ódio, violência emocional e rituais de punição, todos em um cenário de controle familiar e repressão religiosa.
Draco Malfoy
Minha cabeça dói, é como se pregos estivessem sendo martelados nela. A única coisa que sinto é dor e um gosto metálico na boca.
Os xingamentos do meu pai mal chegam aos meus ouvidos, mas nada do que ele diz é novidade. As palavras de ódio são repetidas tantas vezes que já não têm impacto algum.
Sua bengala continua a me acertar, e por um momento, eu gostaria que isso me matasse. Não tenho medo da dor, mas de quem a está infligindo. Às vezes, imagino que sou eu segurando a bengala enquanto ele implora por misericórdia. Tenho devaneios onde seguro uma faca e a miro na sua garganta, depois no peito, repetidamente, até que o silêncio preencha o vazio que ele criou dentro de mim e seu sangue manche todo o chão.
Um grito, provavelmente de minha mãe, é a última coisa que ouço antes de ser tragado pela escuridão.
Quando acordo, estou no meu quarto. Minha cabeça ainda lateja como o inferno e não consigo me mexer.
Eu sabia que não deveria ter perdido o sábado, mas estava tão exausto que não suportaria passar por tudo aquilo novamente. Eu deveria ter imaginado que na missa de domingo o Padre Dumbledore teria uma conversa com meu pai. Isso sempre acontecia quando eu falhava em seguir as regras.
A luz suave que entra pela janela me diz que já é manhã. Eu deveria estar tendo aula, ouvindo Snape falar sem parar. Imagino que ele também me repreenderá amanhã, mas neste momento, não consigo me importar menos. A dor na cabeça consome o que resta da minha atenção.
Ouço passos suaves, e logo a porta se abre lentamente. Minha mãe entra. Ela está abatida, seu rosto pálido, com olheiras fundas de noites sem sono, há também um hematomas em sua bochecha. Sem dizer uma palavra, ela se aproxima da cama e me abraça delicadamente, como se o simples toque pudesse quebrar o que restou de mim. Seu abraço, por mais suave que seja, me causa um leve desconforto nas costelas machucadas, mas eu não me mexo.
— Me desculpe, Draco... me desculpe... — Ela sussurra, a voz quebrada. Seus dedos passam levemente pelo meu cabelo, como fazia quando eu era pequeno.
— Está tudo bem, mãe — eu murmuro, tentando tranquilizá-la, mas as palavras soam vazias. Ela, no entanto, parece não me ouvir, e continua a se desculpar repetidamente, como se estivesse presa em um transe. Seus olhos, normalmente tão atentos, estão distantes, perdidos em algum lugar que não consigo alcançar.
— Eu sinto tanto... — ela continua, e eu permaneço em silêncio, esperando que ela termine. Ela começa a murmurar uma canção. Uma canção de ninar que ela costumava cantar para mim quando eu era pequeno, quando as coisas eram diferentes, ou talvez eu fosse apenas ingênuo demais para perceber.
— Calma, bebezinho, não diga uma palavra, Mamãe vai comprar um rouxinol para você. E se aquele rouxinol não cantar, Mamãe vai comprar um anel de diamante. E se o anel for latão, Mamãe vai comprar um espelho para você...
A melodia suave preenche o ar, e por um instante, sinto uma paz que há muito tempo me é negada. Me aconchego nos braços dela, lutando para não chorar. Eu odeio meu pai, odeio o padre, odeio toda a sociedade que não me aceita. Odeio essa cidade minúscula e infernal. Às vezes, eu me odeio também, por ser tão fraco, por não realizar meus devaneios que, na minha mente, podem me libertar.
Mas a mulher que me abraça é minha âncora. Eu amo minha mãe mais do que qualquer coisa neste mundo. Amo também Pansy e Blaise; eles são como meus irmãos. E, por eles, eu continuo. Suporto o pai, o padre, a sociedade, essa cidade sufocante, e até mesmo a mim.
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Oh My God - Drarry
FanfictionBlaise encontra um antigo livro de rituais da sua avó e convence Pansy e Draco a realizarem um feitiço que promete realizar qualquer desejo. Draco, o mais relutante, cede à pressão dos amigos, e juntos completam o ritual. No primeiro momento, nada a...