7.

1.5K 124 442
                                    

Diego abriu os olhos ao ouvir um barulho de panela vindo da cozinha. Qualquer outra pessoa que morasse sozinha, talvez se assustasse com sons estranhos de movimento vindo pelo cômodo da casa onde não estava, mas o ruivo sabia bem que isso só podia indicar uma coisa, Amaury estava por ali.

O preto viu o menor aparecer na porta do quarto. Ele vestia a sua camisa do Flamengo, que ficava enorme em seu corpo pequeno, as pernas expostas, tinha as ondas ruivas bagunçadas, a cara toda amassada pelos travesseiros e os olhos pesados de sono.

De trás do balcão, Amaury preparava um prato com panquecas americanas e doce de leite. Viu a mão pequena acenar para ele em cumprimento, em silêncio, como se só conseguisse fazer isso antes da alma fazer download para o corpo. Sentou no sofá e se cobriu com a manta, apoiando a cabeça no encosto e fechando os olhos.

Diego só voltou a abri-los quando sentiu Amaury sentar-se ao seu lado, ouvindo barulhos de talheres. Na mesa de centro, havia dois pratos com panquecas, ovos mexidos, torrada e dois copos com suco de laranja.

Ainda calado, o ruivo se inclinou para frente e pegou seu prato pro colo, colocou uma garfada de panqueca na boca e gemeu, virando os olhos para o maior.

“Agora, sim, bom dia!”

Amaury riu, deixando um beijo no ombro alheio e se permitiu começar a comer também.

A manhã se passou como várias outras ao longo dos anos, os dois sentados no sofá, com a barriga cheia de algo muito gostoso que o preto cozinhara, assistindo a TV e fazendo comentários ácidos e risonhos sobre qualquer coisa. Uma parte de Diego foi tranquilizada com a normalidade de tudo, já que realmente parecia que nada tinha mudado.

Jogaria na cara dos amigos mais tarde.

Era verdade que agora passavam ainda mais tempo juntos. Afinal, as horas que passariam com outras pessoas, em dates, se transformaram em horas que dividiam entre eles, e Diego notou, certo dia, que esqueceu de responder a mensagem de Thiago, assim como, nunca mais havia recebido um emoji de foguinho 🔥.

O ruivo saiu do banho, na hora do pôr do sol, e viu Amaury em frente a sua geladeira, com a porta aberta e as mãos na cintura; olhava desgostoso para o interior.

“O que foi?”

Perguntou, se aproximando e olhando para dentro. Havia algumas frutas cortadas, garrafas de água, packs de cerveja e um leite que não lembrava quando foi aberto.

“Eu ia fazer nossa janta, mas não tem absolutamente nada.”

Apontou, indignado. Pegou a caixa de leite e cheirou após abrir, fazendo cara feia.

“Você está tentando começar uma nova pandemia com isso aqui?”

Com um tapa no braço grande, Diego pegou a caixa da mão dele e jogou no lixo, virando de braços cruzados ao ouvir a porta da geladeira bater.

“Você sabe que passo pouco tempo em casa, faço as refeições na rua.”

Disse o menor, contrariado.

“Já sei!”

Começou Amaury, batendo uma mão na outra, se empolgando com o próprio pensamento.

“Vamos no mercado? A gente compra algo pra eu fazer a janta e outras coisas para preparar umas marmitas.”

“Não precisa fazer isso, Amaury.”

“Ah, preciso, sim!”

Falou, segurando Diego pelos ombros e virando o corpo, o empurrando levemente em direção à porta de saída do apartamento.

don't say yes to him Where stories live. Discover now