Capítulo 30

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Melissa retomou a consciência e lentamente abriu os olhos. Estava deitada em um chão arenoso de terra em um lugar estranho que se assemelhava muito com uma caverna, a única iluminação do local vinha de dezenas de velas espalhadas pelas paredes de terra. Por todos os lados haviam cavernas, buracos, entradas estreites e outras largas. Ela olhou para cima e a cena se repetia, buracos, túneis e aberturas desproporcionais.
— Que merda de lugar é esse? — ela juntou forças e se levantou, não fazia a menor ideia de como havia ido parar ali.
— Vejo que acordou — algo a observava de dentro de um dos túneis a sua direita. Ela só conseguia ver os olhos azuis brilhantes de seu observador.

— Quem é você?
— Essa não é a pergunta que você deve fazer — a criatura riu.
— Que lugar é este e o que você quer comigo?
— Estamos no subsolo da floresta, mas poupe suas energias, estou esperando uma convidada de honra e quando ela chegar eu finalmente vou poder matar vocês duas com minhas próprias mãos — o ser na escuridão estendeu sua enorme mão, a fazendo entrar em contato com a iluminação escassa do lugar. Seus dedos eram longos e esguios, se igualavam a galhos de árvores e sua pele era de um tom marrom seco. Ela cerrou os punhos fazendo os estalos ecoaram pelo local fechado. Melissa percebeu que lhe faltava um dos dedos.

— Bem, está ficando tarde. Acho que já vou indo. Mas foi bom o papo, super acolhedor e tals — Melissa deu passos para trás mas sem tirar os olhos de seu observador e só parou quando encostou em algo gelado, virou parcialmente o corpo para ver o que era e caiu de costas assustada.
— Minhas filhas não querem que você vá embora agora, elas gostam de você. Talvez seja a textura da sua pele que as atrai — a entidade no escuro voltou a rir da situação.

Hannah parou de correr para poder respirar e analisar a situação, estava rodeada de árvores mas nenhuma era a de sua visão. Para piorar ainda mais as coisas, ela estava ouvindo sussurros vindos de todos os lados, como se a própria floresta estivesse viva e tentasse confundi-la. A pouca luz que iluminava o seu caminho vinha dos poucos insetos luminosos que voavam de um lado para outro, visto que a iluminação da lua era ofuscada pelas grandes árvores que pareciam formar um telhado sobre sua cabeça. Hannah pensou em usar sua visão de vampira mas decidiu poupar energias para enfrentar o seu inimigo. Foi então que algo emanou um brilho fantasmagórico próximo a uma das árvores a sua frente.

A figura parecia ter a sua mesma altura e seu corpo era coberto por um tipo de lençol branco translúcido. Seu rosto estava escondido por um capuz da mesma cor que o lençol mas era nítido que tratava-se de uma mulher devido as enormes mechas de cabelo preto que desciam até o seu pescoço.
— Hannah... — a entidade falou com dificuldades, como se estivesse em seus últimos suspiros de vida.
— Quem é você? — Hannah se recompôs e se posicionou estrategicamente esperando um ataque.
— Você é... tão linda.
— Mais essa agora, um fantasma está me dando uma cantada. Diz logo quem é você e se veio me atacar.

— Eu não quero atacar você. Quero te ajudar a achar a sua amiga.
— Ah claro, você aí com esse capuz estranho no meio das árvores, muito amigável.
— Use a adaga para rastrear o necromante e depois a crave em seu coração. Essa é a única maneira de mata-lo de uma vez por todas. Eu não tenho mais forças para falar. Em breve nos encontraremos de novo.

A figura fantasmagórica desapareceu em meio a lampejos e Hannah ficou sem entender o que havia sido tudo aquilo. Mas algo estava correto, talvez ela pudesse rastrear o necromante se usasse novamente a adaga e foi o que fez, mesmo temendo que ele a possuísse novamente. A adaga vibrou em sua mão e esquentou, uma energia invisível puxava o cabo da arma na direção que Hannah devia seguir. Ela agarrou firme a adaga e voltou a correr seguindo aquela energia estranha. Alguns metros depois encontrou o que procurava, uma árvore grande de folhas vermelhas, era a única em toda aquela região.

A sua volta haviam grandes montes de terra, folhas espalhadas e o que parecia ser um rastro sinistro que levava até o buraco de sua visão. Alguma coisa já havia adentrando no local e pelas marcas não tinha sido a muito tempo. Hannah deu passos lentos até a abertura, a todo momento olhando para os lados na intenção de saber se alguma coisa estava lhe vigiando. Ela observou e contornou o buraco, era impossível ver o que havia lá em baixo, tudo estava escuro demais. Hannah estendeu sua mão para a esquerda e invocou Guru.
— Guru, pule aí dentro e me diga se é seguro.
A criatura aproximou-se do buraco e olhou para baixo com seus grandes olhos.
— Mas nem fodendo que eu vou pular aí nesse cu de mundo.
— Você vai sim — Hannah o empurrou buraco a baixo.
— Filhaaaa daaaa putaaaa! — Guru gritou enquanto desaparecia buraco a baixo, com sua voz ficando cada vez mais distante. Hannah então o invocou novamente.

— E então, o que tinha lá?
— Você quer me matar? — a criatura apontou o dedo para ela.
— Você já está morto, esqueceu? E por que está me desobedecendo? Sua obrigação não era me servir?
— Você ainda é muito fraca, pode me aprisionar mas não vai me controlar.
— Se você não me disser o que viu então eu vou te jogar várias vezes lá dentro.
— Tá, tá, tá. Eu não vi quase nada, apenas comecei a cair e depois a deslizei por um túnel de terra até chegar em um tipo de caverna. Eu já ouvi sobre isso em algum lugar, os túneis de terra abaixo da floresta. Tinha uma canção sobre isso: só podem ali entrar, aqueles que um grão de açúcar levar. Presas grandes e antenas, para buscar sua oferenda.
Só isso?
— Eu disse uma canção e não uma enciclopédia. É só isso.

— Que seja, preciso me apressar. Mas também preciso de um plano caso eu tenha que enfrentar o nosso inimigo.
— Nosso não, seu. Não me envolva nos seus problemas — Guru cruzou os braços.
— Se eu morrer creio que você deixará de existir para sempre. Sendo assim o problema é meu e seu. Trate de me ajudar ou vai se dar muito mal.
— Tanto faz — Guru virou a cara.
— Olha, tem uma amiga minha ali dentro precisando da minha ajuda e se eu fracassar não só ela como muita gente vai acabar morrendo, então me ajude de boa vontade desta vez. Famílias dependem disso.
— Famílias... a escola não pensou na minha família quando me arrancou do meu habitat e me colocou dentro de uma caixa mágica para servir de saco de pancadas para os alunos.

— Eu nunca tinha pensado nisso.
— Ah vocês nunca pensam. Se sentem os superiores.
— A quanto tempo você vivia naquela caixa?
— Eu não sei, perdi as contas. Em um dia eu estava bebendo água em um lago e no outro era apenas um brinquedo aprisionado.
— Eu sinto muito...
— Eu duvido que sinta. Você me usa assim como os professores usavam. A diferença é que agora estou preso a você e não em uma caixa.
— Agora entendo o por que você é assim atrevido e cheio de ódio. Se é assim então eu te liberto, você está livre — Hannah ficou o mais próximo possível do buraco e se preparou para pular.

— Me liberta?
— Sim, pode ir embora.
— Você nem sabe fazer isso.
— Ué, é só eu querer. Né?
— Garota retardada. Se você me liberar vai acabar morrendo lá em baixo. Eu vou te ajudar más só desta vez, e não pense que eu sou bonzinho não hein. Eu não tenho nem um pingo de bondade.
— Você é uma peça.
— Agora chegue mais perto e me dê a sua mão, eu vou te ensinar a fazer uma coisa que vi um necromante fazer uma vez, não se assuste — Guru segurou a mão de Hannah e colocou sobre sua própria cabeça.

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