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maria point of view
universidade de são paulo
dois dias depois

dei graças a deus quando a última aula do dia acabou, eu queria pular de alegria mas estava 'tão cansada que nem tinha forças pra isso. caminhei pelo campus da faculdade até chegar na portaria, enquanto eu esperava meu uber, conversava com g.a pelo telefone e antes que eu pudesse responder sua mensagem, ele inesperadamente me liga. ri sozinha antes de atender a ligação do menino.

— fala 'majuzinha.
— fala gêazinho – ri — como você 'tá?
— 'suavão – responde do outro lado da linha — e tu?
— 'tô bem também, graças a deus.
— é isso – diz — mas deixa eu te perguntar, 'tá fazendo o que agora?
— nesse exato momento estou esperando o uber pra voltar pra casa, acabei de sair da faculdade.
— é verdade né, esqueci que você é nerd e faz essas paradas – diz e eu ri — era só pra saber 'memo mano, é que 'cê demorou pra me responder e eu 'tava no tédio, aí quis te perturbar.
— eu percebi, você é chato assim mesmo – falo e escuto ele resmungar pro telefone, me fazendo rir — e você, vai fazer algo agora de tarde?
— depende – diz de forma maliciosa, mas em tom de brincadeira — vai me convidar pra um date?
— nem se você fosse o único homem da terra – falo rindo e escuto ele rir alto, achando graça — 'tô falando sério, bobo!
— vou fazer nada não, mano.
— então bora almoçar lá em casa, eu faço parmegiana pra vocês.
— pra vocês quem? – diz em tom de desconfiança — pensei que só tinha chamado eu, mas pelo visto você tem outros amigos né...
— pronto, começou o drama – falo e ele ri — vou chamar os outros meninos também e a iara.
— 'pdp, vou me arrumar então.
— beleza.
— é pra levar alguma coisa?
— leva 'refri se quiser, lá em casa não tem – digo e olho pra frente, vendo o carro de aplicativo se aproximar — meu uber acabou de chegar, vou indo pra casa.
— 'tá bom, quando eu tiver colando aviso.
— combinado, ga!

digo por fim e desligo a ligação, logo entrando no carro a minha frente. cumprimentei o motorista e ele logo seguiu viagem, a minha faculdade era bem perto do meu prédio e eu poderia facilmente ir a pé, mas 'tava derrotada e só queria me dar o luxo de andar de carro um 'pouquinho. ri sozinha lembrando do gabriel fazendo gracinha na chamada. estávamos mais próximos, conversávamos dia e noite basicamente, ele era um escape e me tirava do tédio sempre. ontem a noite conversamos enquanto eu lavava a louça, e sempre que dava, ele me ligava. eu gostava, não me sentia sozinha. mas era praticamente impossível falar com ele e não me lembrar automaticamente do ghard, que até agora, nem sinal de vida deu. e tudo bem, né? foi só uma ficada, nada demais! fui obrigada a me convencer disso, porquê por mais que eu quisesse ficar com ele de novo, não rolaria. mas poderíamos ser amigos também, 'numa boa.

assim que cheguei no prédio, me despedi do motorista e paguei a viagem, seguindo em direção a portaria e entrando em seguida. subi o elevador e me deu paz só de pisar no hall da minha casa e saber que eu poderia "descansar" e tirar a roupa da rua. então a primeira coisa que fiz foi ir tomar um banho fresco. coloquei um 'vestidinho branco com detalhes azul da farm e a primeira havaianas que eu vi na minha frente. só assim pude ir pra cozinha começar a preparar as coisas. me certifiquei de ter mandado mensagem pra todo mundo. koda, shandin, iara e veigh toparam na hora, já ghard, disse que ainda não sabia se ia dar pra vir.

[...]

— nossa maju, 'mó cheiro bom – g.a diz chegando na cozinha, me dando um abraço de lado e encarando as panelas — nem tomei café da manhã hoje, 'tô com fome de três mendigos!
— vai demorar um pouquinho só – ri — mas fiz uma tábua de frios pra 'cêis comerem enquanto termino.
— 'tamo importante em – shandin diz — eu gosto assim.
— cê é folgado shandin, por isso ninguém chama 'nóis pra nada – koda diz e eu ri — liga pra ele não, maju.
— relaxa gente, fica a vontade! amiga, você serve eles pra mim? – digo pra iara — tem vinho na geladeira também.
— uai, achei que eu era visita também – iara diz, andando até a geladeira — vai acostumar mal, viu.
— nossa iara – ri — não fala isso.
— ela não 'tá errada não – veigh diz — tábua de frios e 'vinhozinho? é hotel de luxo isso?
— isso é só no começo – iara diz — quando ela se mudou e eu vinha pra cá, ela fazia bolo, doce, almoço e um monte de coisa. agora? nem liga mais, passo fome.
— que mentira, iara! – rimos — não acreditem nela! eu adoro receber visita.
— é bom saber disso – g.a diz, esfregando uma mão na outra — irei vir mais vezes.
— falando em vir, alguém sabe do ghard? – koda pergunta — tu chamou ele, maju?
— claro.
— ele mandou mensagem agora pouco dizendo que 'tava chegando – veigh diz — mas sabem como ele é né, 'mó enrolação.
— papo reto.

g.a diz e ri. continuei o que eu estava fazendo, faltava terminar o molho e fritar os bifes empanados. também 'tava com fome, então aproveitei pra beliscar um pouco da tábua de frios que eu tinha feito. os meninos entraram na brincadeira de tentar adivinhar qual o nome de cada queijo. enquanto eu e a iara só sabíamos rir.

— esse é queijo brio!
— que 'carai é queijo brio, koda? – veigh pergunta rindo — isso nem existe.
— uai, claro que existe – koda retruca — é esse, que tem fungo e 'pá.
— esse é gorgonzola, cara! – g.a diz convencido — deixa comigo que eu que sei das coisas.
— e não é brio, é brie – veigh conclui — 'mó bom, mano!
— eu também gosto – falo — experimenta o brie com a geleia de pimenta, fica uma delicia!
— ó as 'mistureba – g.a diz desconfiado e eu ri, mas ele resolve experimentar e o resto dos meninos também — 'nuuu!
— que bagulho bom, mano – shandin diz — viado, eu viveria disso!
— 'namoral maju, tem mais desse queijo aí? – koda pergunta e eu afirmo — vou levar pra casa!

[...]

𝐋𝐈𝐁𝐄𝐑𝐓𝐈𝐍𝐀, 𝗀𝗁𝖺𝗋𝖽.Onde histórias criam vida. Descubra agora