CAPÍTULO 8

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Era madrugada, e o silêncio da casa me incomodava. Rolei na cama, sem conseguir dormir, a mente girando como um furacão. O calor era insuportável, ou talvez fosse apenas o peso de todos os pensamentos. Eu sentia falta de algo... ou melhor, de alguém. Era estranho não encontrar Almond na cozinha à essa hora. Ele sempre estava lá, preparando um chá ou uma refeição rápida para si mesmo, mesmo que eu não estivesse presente. Era nosso ponto de encontro, nosso espaço, ainda que silencioso e não declarado.

Levantei-me devagar, tentando ignorar a dor no pé que ainda incomodava. Talvez um copo d'água ajudasse a dispersar a ansiedade. Caminhei pelo corredor, a casa mergulhada em sombras. Cada passo ecoava, um lembrete do vazio ao meu redor.

Quando cheguei à cozinha, para minha surpresa, Almond não estava lá. Franzi o cenho, sentindo um aperto no peito. Não era típico dele desaparecer. "Onde ele está?", pensei, passando os dedos pelo balcão como se pudesse encontrar algum vestígio dele. Suspirei, tentando não me preocupar, quando um som distante chamou minha atenção — risadas.

Virei-me na direção do som e, antes de perceber, meus pés me levavam para a beira da piscina. Era uma risada feminina. Meu coração acelerou quando alcancei a sacada. Me escondi atrás de uma parede, espiando discretamente. O que vi fez meu estômago revirar.

Almond estava lá, conversando com Key, as risadas fluindo livremente entre eles. Eles estavam sentados à beira da piscina, seus rostos iluminados pelas luzes suaves da água. Era uma cena simples, mas a forma como Almond olhava para ela... algo dentro de mim se partiu. Parecia íntimo, natural demais.

Meu coração apertou como se uma mão invisível o estivesse esmagando. Fiquei ali, presa, observando os dois, incapaz de me mover. Era como assistir a uma cena que eu não deveria ver, uma facada lenta e profunda que não parava de doer. Eu pedi por isso, não pedi? Fui eu quem disse para Almond se afastar. Mas por que, então, essa sensação de traição? Por que parecia que ele estava indo embora de verdade?

Eu sabia que tinha que sair dali antes que me vissem, mas minhas pernas pareciam grudadas ao chão. Finalmente, consegui me virar e voltei correndo para o quarto, o som abafado das risadas ainda ecoando em meus ouvidos. Fechei a porta com força e me joguei na cama. Meu peito subia e descia rápido, como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Então, sem aviso, as lágrimas vieram. Eu chorei. Chorei como há muito tempo não chorava. Meu corpo tremia com os soluços, e tudo o que eu conseguia pensar era: "Por que estou chorando?"

Isso não fazia sentido. Eu havia pedido espaço, tinha decidido não me envolver mais profundamente com Almond até ter certeza do que estava fazendo ali. Esse era o propósito daquele programa, certo? Eu estava lá para crescer, para mostrar meu valor, para construir algo, não para me perder em sentimentos confusos e dolorosos.

Mas agora, sozinha no meu quarto, as lágrimas não paravam. Sentia-me traída, usada, como se o pouco que eu e Almond compartilhávamos tivesse sido varrido como poeira ao vento. Talvez fosse tolice, talvez fosse só ciúme. Talvez eu estivesse vendo algo onde não havia nada. Mas a dor era real, tão real que sufocava.

Peguei o celular com as mãos trêmulas e digitei uma mensagem rápida para Verona: "Desde quando Almond e Key ficaram tão próximos?" Apertei enviar antes de mudar de ideia. Fiquei encarando a tela por alguns segundos, até que a resposta chegou: "Foi logo depois do primeiro encontro. Achei que você soubesse."

Logo depois do primeiro encontro? Engoli em seco. Então, enquanto eu estava de repouso, enquanto ele me cuidava e se afastava aos poucos, Key estava ocupando o espaço que eu deixei vazio. Meus olhos ardiam com novas lágrimas, mas dessa vez as segurei.

"Quer companhia?", Verona perguntou. Pensei em dizer sim, em pedir que ela viesse, que me tirasse dessa sensação de desespero. Mas menti: "Estou bem. Só curiosa."

A Batalha das Solteiras - Almond Onde histórias criam vida. Descubra agora